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Mercado espera índice de inflação dos EUA
Variação de preço pode indicar rumo da taxa de juros
DA REPORTAGEM LOCAL
Após uma semana marcada
pela divulgação de índices de
preços desanimadores no Brasil, o mercado financeiro deve
se voltar para o cenário internacional nos próximos dias.
A agenda econômica norte-americana trará amanhã novo
discurso de Ben Bernanke, presidente do Fed (o banco central
dos EUA). Na quinta-feira pela
manhã, Bernanke voltará a fazer declarações. Os discursos
do presidente do Fed sempre
podem gerar agitação no mercado. Qualquer sinal dele em
relação ao futuro da política
monetária pode sacudir as Bolsas de Valores.
Dentre os dados econômicos
norte-americanos, amanhã devem ser divulgados os números
de vendas do varejo e os estoques de empresas.
A quarta-feira tende a ser o
dia mais agitado. Primeiro, haverá a divulgação de estoques
de petróleo nos EUA. O barril
do produto bateu na sexta-feira, pela primeira vez, em US$
126 e trouxe desconforto. Se o
petróleo sobe, acaba por ter impactos nos índices de inflação.
Nesse dia, também será divulgado o CPI (índice de preços
ao consumidor americano).
Como o mercado não sabe que
rumo tomarão os juros nos
EUA, o índice de inflação é importante para que novas avaliações sejam feitas.
"Para essa semana, a atenção
dos agentes financeiros estará
voltada para o CPI na quarta-feira e dados do setor imobiliário norte-americano na sexta-feira. Na agenda interna, destacamos a divulgação de balanços
corporativos", dizem os analistas da Coinvalores.
No Brasil, a semana começa
com o IPC da Fipe da primeira
semana de maio.
A semana passada foi marcada pelo susto dado por índices
de preços no Brasil.
Na sexta-feira passada, a divulgação do IPCA, que registrou elevação de 0,55% em
abril, mexeu com o mercado futuro de juros.
As taxas dos contratos DI tiveram expressivas elevações na
semana na BM&F (Bolsa de
Mercadorias & Futuros).
"As surpresas negativas dos
últimos índices de inflação e a
persistência de indicadores de
atividade econômica aquecida
reduzem as chances de termos
um ciclo de alta de juros de baixa magnitude", avalia Maristella Ansanelli, economista-chefe
do banco Fibra.
A taxa do contrato DI -Depósito Interfinanceiro, que
aponta as expectativas futuras- que vence daqui a 20 meses subiu de 13,57% para
14,33% na semana passada.
Em um outro contrato muito
negociado, com vencimento na
virada do ano, a taxa subiu de
12,79% a 13,11% na semana.
"É inegável reconhecer a deterioração do cenário econômico desde a última reunião do
Copom, o que aumenta as
chances de o Banco Central
precisar implementar um ciclo
de aperto monetário mais extenso do que o inicialmente esperado", diz Ansanelli. "Com as
fortes altas que temos visto nos
preços ao atacado, tanto nas
commodities agrícolas quanto
metálicas, não devemos ter alívio na inflação ao consumidor
no curto prazo", completa.
A taxa básica da economia, a
Selic, está hoje em 11,75%
anuais. Segundo pesquisa do
Banco Central realizada junto a
cem instituições financeiras, a
expectativa é que a taxa Selic
esteja em 13% no fim do ano.
Mas com as novas pressões
inflacionárias é possível que as
previsões para a taxa básica sejam ainda mais elevadas.
Na quarta, a FGV (Fundação
Getulio Vargas) divulgou que o
IGP-DI (Índice Geral de Preços
- Disponibilidade Interna) saltou de 0,70% em março para
1,12% em abril. A alta dos produtos industriais no atacado foi
o principal vilão do índice.
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