São Paulo, terça-feira, 12 de maio de 2009

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BC atua, mas dólar cai para R$ 2,059

Cotação atinge menor valor em 7 meses, apesar de autoridade monetária ter voltado a vender moeda

Em meio ao ingresso de recursos, analistas veem espaço para queda maior, mas tendência pode mudar se houver notícias negativas

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de mais uma intervenção do Banco Central no mercado de câmbio, o dólar comercial teve queda de 0,44% ontem e terminou o dia vendido a R$ 2,059. Essa é a menor cotação da moeda americana desde 3 de outubro de 2008. No mês, a baixa chega a 5,59%.
"Além de a balança comercial apresentar superávits, num desempenho melhor do que se imaginava, o pico do desespero do mercado financeiro mundial passou", afirma Marcos Forgione, gerente de operações da B&T Corretora de Câmbio.
Dessa maneira, os grandes investidores, que no primeiro momento da crise correram para tirar seu dinheiro de onde estivesse para comprar títulos do Tesouro americano -os quais são considerados uma aplicação relativamente segura-, tornam a se preocupar em conseguir bons rendimentos e se permitem olhar em volta novamente.
O Brasil continua aparecendo nos primeiros lugares da lista de destinos interessantes porque, embora o BC tenha cortado os juros da economia do país em 3,5 pontos percentuais desde dezembro, a sua taxa básica continua entre as maiores do mundo.
A Bolsa de Valores brasileira também oferece perspectivas atraentes, segundo analistas. O país não tem sofrido com a crise tanto quanto outras nações, e isso em boa parte se deve a boas políticas econômicas implementadas ao longo dos últimos anos -além de vislumbrarem a possibilidade de lucros com os papéis, os investidores sentem maior confiança para colocar seus recursos no país, portanto.
Mesmo assim, Forgione acha que é demasiado cedo para falar em uma tendência para o dólar comercial. "Acho que tem espaço para as cotações recuarem mais. No entanto, se sair alguma notícia ruim no exterior, pode haver uma reversão da curva tão rapidamente quanto aconteceu no ano passado", afirma.
O real tem acompanhado, ainda, a variação dos preços das commodities. A perda de valor do dólar faz com que os investidores comprem ativos palpáveis, como metais e produtos agrícolas, movimento do qual a moeda brasileira se beneficia, pelo fato de o país ser um grande exportador desses itens.
De acordo com operadores, o volume de divisas vendido pelo BC no mercado à vista na segunda-feira ficou entre US$ 90 milhões e US$ 100 milhões, cerca de um terço do negociado nas operações realizadas na semana passada. Como o fluxo de entrada de moeda americana se encontra elevado, a atuação não consegue impedir a valorização do real, apenas impedir uma queda mais acentuada.
"A intenção do BC é reforçar as reservas internacionais brasileiras, aproveitando a oportunidade", afirma Forgione.


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