São Paulo, terça-feira, 12 de maio de 2009

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Petrobras segura lucro graças a preço de gasolina

Preço do petróleo cai, mas estatal não muda derivados DA SUCURSAL DO RIO

Enfraquecido pela queda da cotação do petróleo, o desempenho da Petrobras no primeiro trimestre só não foi pior porque a estatal não alinhou o preço dos derivados aos do mercado internacional e postergou a redução dos da gasolina e do diesel, segundo analistas.
Pelas contas do Banco do Brasil, o diesel vendido no Brasil custa 60% a mais do que nos EUA. No caso da gasolina, a diferença é de 35%.
"Sem mexer no preço dos combustíveis, a Petrobras conseguiu margens melhores e boa parte disso ocorreu porque não repassou a queda do petróleo", diz Nelson Rodrigues de Mattos, analista do BB.
Com isso, diz, a estatal diminuiu o impacto da redução do preço do petróleo -de quase 30% no primeiro trimestre- no seu resultado.
"Sem dúvida, a queda do preço do petróleo foi o principal fator negativo no primeiro trimestre. Se a Petrobras tivesse reduzido os preços dos combustíveis, o resultado seria ainda mais fraco", afirma Luiz Octávio Broad, analista da Ágora.
A Petrobras ajusta no longo prazo seus preços e evita repassar as oscilações do preço do petróleo. Em tese, diz Broad, não tem sido prejudicada com essa política. "Ela perde num período [de alta do barril], mas compensa no outro."

Ganho
Segundo o CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), a Petrobras acumulou ganho de cerca de US$ 1,5 bilhão por não ajustar os preços dos combustíveis desde o início da trajetória da queda do petróleo, iniciada em meados de 2008, até o fim do primeiro trimestre.
No primeiro trimestre, o preço dos derivados no Brasil, de US$ 163 o barril, estava US$ 40 mais alto do que nos EUA (US$ 123 o barril), diz a Petrobras.
Diferentemente dos dois trimestres anteriores, o câmbio também não impulsionou o resultado da companhia no período de janeiro a março deste ano, segundo Mattos.
É que a estatal tem mais ativos no exterior do que o total de suas dívidas. Desse modo, a companhia se beneficia da valorização da moeda norte-americana -que estava mais alta ao final do ano passado.
Broad diz que o desempenho da Petrobras também foi afetado pela expansão do endividamento da companhia no primeiro trimestre deste ano, quando teve de buscar mais recursos para financiar seu plano de investimentos -de US$ 174 bilhões até 2013.
De janeiro a março, o endividamento da estatal subiu 9% e chegou a R$ 70,3 bilhões. (PS)


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