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Petrobras segura lucro graças a preço de gasolina
Preço do petróleo cai, mas
estatal não muda derivados
DA SUCURSAL DO RIO
Enfraquecido pela queda da
cotação do petróleo, o desempenho da Petrobras no primeiro trimestre só não foi pior porque a estatal não alinhou o preço dos derivados aos do mercado internacional e postergou a
redução dos da gasolina e do
diesel, segundo analistas.
Pelas contas do Banco do
Brasil, o diesel vendido no Brasil custa 60% a mais do que nos
EUA. No caso da gasolina, a diferença é de 35%.
"Sem mexer no preço dos
combustíveis, a Petrobras conseguiu margens melhores e boa
parte disso ocorreu porque não
repassou a queda do petróleo",
diz Nelson Rodrigues de Mattos, analista do BB.
Com isso, diz, a estatal diminuiu o impacto da redução do
preço do petróleo -de quase
30% no primeiro trimestre-
no seu resultado.
"Sem dúvida, a queda do preço do petróleo foi o principal fator negativo no primeiro trimestre. Se a Petrobras tivesse
reduzido os preços dos combustíveis, o resultado seria ainda mais fraco", afirma Luiz Octávio Broad, analista da Ágora.
A Petrobras ajusta no longo
prazo seus preços e evita repassar as oscilações do preço do
petróleo. Em tese, diz Broad,
não tem sido prejudicada com
essa política. "Ela perde num
período [de alta do barril], mas
compensa no outro."
Ganho
Segundo o CBIE (Centro
Brasileiro de Infraestrutura), a
Petrobras acumulou ganho de
cerca de US$ 1,5 bilhão por não
ajustar os preços dos combustíveis desde o início da trajetória
da queda do petróleo, iniciada
em meados de 2008, até o fim
do primeiro trimestre.
No primeiro trimestre, o preço dos derivados no Brasil, de
US$ 163 o barril, estava US$ 40
mais alto do que nos EUA (US$
123 o barril), diz a Petrobras.
Diferentemente dos dois trimestres anteriores, o câmbio
também não impulsionou o resultado da companhia no período de janeiro a março deste
ano, segundo Mattos.
É que a estatal tem mais ativos no exterior do que o total de
suas dívidas. Desse modo, a
companhia se beneficia da valorização da moeda norte-americana -que estava mais alta ao
final do ano passado.
Broad diz que o desempenho
da Petrobras também foi afetado pela expansão do endividamento da companhia no primeiro trimestre deste ano,
quando teve de buscar mais recursos para financiar seu plano
de investimentos -de US$ 174
bilhões até 2013.
De janeiro a março, o endividamento da estatal subiu 9% e
chegou a R$ 70,3 bilhões.
(PS)
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