|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Déficit fiscal dos EUA cresce mais US$ 89 bilhões
Recessão derruba arrecadação de impostos, e pacotes de estímulo elevam despesas
Agora, déficit total previsto chega a US$ 1,84 trilhão,
ou 13% do PIB dos Estados Unidos, maior índice desde o fim da Segunda Guerra
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
Pressionado em várias frentes por mais gastos e com a
arrecadação em queda livre
por conta da atual recessão,
o governo dos EUA anunciou
ontem novo aumento, de US$
89 bilhões, em seu déficit no
ano fiscal que termina em 30
de setembro.
O aumento no déficit fiscal
equivale a quase metade das reservas internacionais em dólares do Brasil e fez o déficit total
previsto saltar para US$ 1,84
trilhão (mais que o PIB do Brasil). Em relação ao Produto Interno Bruto dos EUA, o déficit
deve alcançar 12,9%, o maior
no pós-Segunda Guerra.
A pressão por mais gastos
vem de todos os lados: dos pacotes bilionários de ajuda a
bancos, de mais despesas relacionadas ao seguro-desemprego, do envio de verbas a Estados
falidos e do pacote de estímulo
para tirar o país da recessão.
A nova previsão de déficit inclui um aumento de US$ 30 bilhões para cerca de US$ 100 bilhões no total repassado para a
FDIC, a agência federal que garante depósitos bancários. O
argumento é que o sistema
bancário segue frágil.
Além de esses gastos colocarem o risco de mais inflação no
futuro, os rombos previstos podem interromper a estratégia
do Fed (o banco central dos
EUA) de manter os juros no
país próximos de zero a fim de
estimular a economia.
Se a inflação mostrar tendência de alta, os investidores que
financiam os déficits dos EUA
comprando títulos do Tesouro
deverão exigir uma remuneração (juro) maior.
A Casa Branca também revisou para cima o déficit de 2010,
para US$ 1,26 trilhão, ou 8,5%
do PIB (alta de US$ 87 bilhões).
Depois de assumir a Presidência dos EUA em janeiro, Barack Obama havia apresentado
um plano de gastos totais (para
o Orçamento de 2010) de US$
3,55 trilhões, agora revisado
para US$ 3,6 trilhões.
Muitos analistas, porém,
acreditam que a estimativa para o próximo ano é ainda muito
conservadora, já que a economia deve crescer menos do que
o governo vem estimando.
No primeiro trimestre deste
ano, a economia dos EUA encolheu 6,1%, e a maioria das estimativas apontam que o crescimento do PIB em 2010 fique
muito próximo de zero.
Enquanto os republicanos
(que fazem oposição a Obama)
afirmavam ontem que a nova
administração está "comprometendo o futuro" com "montanhas de gastos", a Casa Branca rebateu afirmando que herdou não apenas déficits da administração de George W.
Bush, mas a crise atual.
Texto Anterior: Vendas do varejo no Dia das Mães têm expansão menor Próximo Texto: Dono de estúdio planeja comprar "New York Times" Índice
|