São Paulo, terça-feira, 12 de maio de 2009

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Déficit fiscal dos EUA cresce mais US$ 89 bilhões

Recessão derruba arrecadação de impostos, e pacotes de estímulo elevam despesas

Agora, déficit total previsto chega a US$ 1,84 trilhão, ou 13% do PIB dos Estados Unidos, maior índice desde o fim da Segunda Guerra

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Pressionado em várias frentes por mais gastos e com a arrecadação em queda livre por conta da atual recessão, o governo dos EUA anunciou ontem novo aumento, de US$ 89 bilhões, em seu déficit no ano fiscal que termina em 30 de setembro.
O aumento no déficit fiscal equivale a quase metade das reservas internacionais em dólares do Brasil e fez o déficit total previsto saltar para US$ 1,84 trilhão (mais que o PIB do Brasil). Em relação ao Produto Interno Bruto dos EUA, o déficit deve alcançar 12,9%, o maior no pós-Segunda Guerra.
A pressão por mais gastos vem de todos os lados: dos pacotes bilionários de ajuda a bancos, de mais despesas relacionadas ao seguro-desemprego, do envio de verbas a Estados falidos e do pacote de estímulo para tirar o país da recessão.
A nova previsão de déficit inclui um aumento de US$ 30 bilhões para cerca de US$ 100 bilhões no total repassado para a FDIC, a agência federal que garante depósitos bancários. O argumento é que o sistema bancário segue frágil.
Além de esses gastos colocarem o risco de mais inflação no futuro, os rombos previstos podem interromper a estratégia do Fed (o banco central dos EUA) de manter os juros no país próximos de zero a fim de estimular a economia.
Se a inflação mostrar tendência de alta, os investidores que financiam os déficits dos EUA comprando títulos do Tesouro deverão exigir uma remuneração (juro) maior.
A Casa Branca também revisou para cima o déficit de 2010, para US$ 1,26 trilhão, ou 8,5% do PIB (alta de US$ 87 bilhões).
Depois de assumir a Presidência dos EUA em janeiro, Barack Obama havia apresentado um plano de gastos totais (para o Orçamento de 2010) de US$ 3,55 trilhões, agora revisado para US$ 3,6 trilhões.
Muitos analistas, porém, acreditam que a estimativa para o próximo ano é ainda muito conservadora, já que a economia deve crescer menos do que o governo vem estimando.
No primeiro trimestre deste ano, a economia dos EUA encolheu 6,1%, e a maioria das estimativas apontam que o crescimento do PIB em 2010 fique muito próximo de zero.
Enquanto os republicanos (que fazem oposição a Obama) afirmavam ontem que a nova administração está "comprometendo o futuro" com "montanhas de gastos", a Casa Branca rebateu afirmando que herdou não apenas déficits da administração de George W. Bush, mas a crise atual.


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