|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
XERIFE PARA A AL
Otto Reich, principal assessor de Bush para América Latina, diz que violência também afasta investimentos
Para EUA, corrupção trava negócios no Brasil
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O principal assessor da Casa
Branca para a América Latina, Otto Reich, disse ontem que a corrupção ainda é o principal obstáculo para a atração de investimentos americanos para a região.
"Temos tido muitos revezes.
Muitas coisas não estão indo bem.
Não há nenhum país na região
que não tenha os recursos para retomar o crescimento. Mas a corrupção é o obstáculo mais importante ao desenvolvimento econômico no momento", disse.
"Os investidores não querem
colocar seu dinheiro em um país
onde existam funcionários corruptos", acrescentou.
As declarações foram feitas a
uma platéia de cerca de cem empresários na abertura de um seminário em Washington sobre
oportunidades de investimentos
na região.
Questionado pela Folha como
avaliava a corrupção no Brasil,
Reich afirmou: "A nossa mensagem é a seguinte: não vamos tolerar a corrupção. Não vamos deixar que funcionários de empresas
roubem dinheiro em seus países e
venham viver aqui na Flórida. Temos mandando de volta e rejeitado vistos para funcionários de governo e de empresas corruptos.
Muitas pessoas roubam muito dinheiro na América Latina. E isso
de muitas formas. Vemos isso todos os dias."
Reich, que é assessor pessoal do
presidente George W. Bush, disse
que "também há corruptos" nos
EUA. A diferença, diz, é que eles
acabam sendo punidos. Reich
afirmou ainda que a questão da
segurança na América Latina é
um fator de inibição de investimentos na região.
"Se uma pessoa não pode andar
com segurança pela rua, não vai
investir. Vai deixar o país", disse.
"Em nome das empresas privadas
americanas quero dizer francamente que, para a maioria dos
empresários hoje em dia, só ganhar dinheiro não é o suficiente."
Reich disse ainda que não é apenas comercial o interesse dos
EUA em relação ao Brasil. "Se
nosso único interesse fosse esse,
também iríamos querer que os
brasileiros comessem três vezes
ao dia. Mas também temos outras
políticas", afirmou.
Reich afirmou que "está na moda hoje em dia" dizer que o governo dos EUA não tem uma política
definida para a América Latina.
""O presidente se preocupa muito. Nos distraímos com a região
depois que fomos atacados e é
nisso que estamos concentrados
agora. E ninguém aqui vai pedir
desculpar por isso", disse.
Itamaraty
O Itamaraty afirma que, se de
fato os EUA negaram vistos a brasileiros devido a suspeitas de corrupção, as autoridades brasileiras
competentes deveriam ser informadas para poder tomar providências e investigar as acusações.
O Ministério das Relações Exteriores diz que os EUA deveriam
repassar para governo qualquer
informação dessa natureza.
Texto Anterior: O vaivém das commodities Próximo Texto: Diplomacia de Powell não impressiona América Latina Índice
|