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São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 2003

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XERIFE PARA A AL

Otto Reich, principal assessor de Bush para América Latina, diz que violência também afasta investimentos

Para EUA, corrupção trava negócios no Brasil

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O principal assessor da Casa Branca para a América Latina, Otto Reich, disse ontem que a corrupção ainda é o principal obstáculo para a atração de investimentos americanos para a região.
"Temos tido muitos revezes. Muitas coisas não estão indo bem. Não há nenhum país na região que não tenha os recursos para retomar o crescimento. Mas a corrupção é o obstáculo mais importante ao desenvolvimento econômico no momento", disse.
"Os investidores não querem colocar seu dinheiro em um país onde existam funcionários corruptos", acrescentou.
As declarações foram feitas a uma platéia de cerca de cem empresários na abertura de um seminário em Washington sobre oportunidades de investimentos na região.
Questionado pela Folha como avaliava a corrupção no Brasil, Reich afirmou: "A nossa mensagem é a seguinte: não vamos tolerar a corrupção. Não vamos deixar que funcionários de empresas roubem dinheiro em seus países e venham viver aqui na Flórida. Temos mandando de volta e rejeitado vistos para funcionários de governo e de empresas corruptos. Muitas pessoas roubam muito dinheiro na América Latina. E isso de muitas formas. Vemos isso todos os dias."
Reich, que é assessor pessoal do presidente George W. Bush, disse que "também há corruptos" nos EUA. A diferença, diz, é que eles acabam sendo punidos. Reich afirmou ainda que a questão da segurança na América Latina é um fator de inibição de investimentos na região.
"Se uma pessoa não pode andar com segurança pela rua, não vai investir. Vai deixar o país", disse. "Em nome das empresas privadas americanas quero dizer francamente que, para a maioria dos empresários hoje em dia, só ganhar dinheiro não é o suficiente."
Reich disse ainda que não é apenas comercial o interesse dos EUA em relação ao Brasil. "Se nosso único interesse fosse esse, também iríamos querer que os brasileiros comessem três vezes ao dia. Mas também temos outras políticas", afirmou.
Reich afirmou que "está na moda hoje em dia" dizer que o governo dos EUA não tem uma política definida para a América Latina.
""O presidente se preocupa muito. Nos distraímos com a região depois que fomos atacados e é nisso que estamos concentrados agora. E ninguém aqui vai pedir desculpar por isso", disse.

Itamaraty
O Itamaraty afirma que, se de fato os EUA negaram vistos a brasileiros devido a suspeitas de corrupção, as autoridades brasileiras competentes deveriam ser informadas para poder tomar providências e investigar as acusações.
O Ministério das Relações Exteriores diz que os EUA deveriam repassar para governo qualquer informação dessa natureza.


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