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Encontro paralelo traz
críticas à conferência
DA REDAÇÃO
Com um apoio à Unctad "tático, mas não irrestrito", o Fórum
da Sociedade Civil, encontro paralelo organizado pela "sociedade
civil organizada", deve finalizar
hoje uma declaração com reivindicações e propostas para o encontro da ONU. Não deverão faltar censuras ao neoliberalismo e
aos acordos de livre comércio.
Ontem, durante a abertura do
fórum, houve duras críticas à
Unctad (Conferência das Nações
Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento). Para os ativistas, o
rascunho da declaração deveria
ser mais independente e crítico
com relação à OMC (Organização
Mundial do Comércio).
O rascunho da declaração defende o aumento da cooperação
entre os países em desenvolvimento, mas não detalha ações.
"Em que planeta vivem os que
têm preparado essa declaração
[da Unctad]?", questionou o boliviano Pablo Solon, da Aliança Social Continental, durante a mesa
de abertura, ao criticar o fato de o
rascunho do documento oficial
não mencionar Cancún, palco da
Conferência Ministerial da OMC,
realizada em setembro.
"[Combater] liberalização com
mais liberalização? Mais do mesmo? É isso o que propõe a Unctad?", disse Solon, que vê uma
aproximação da entidade da
ONU com as negociações de livre
comércio.
Em texto à imprensa, o fórum
faz, entre outras, as seguintes reivindicações: "Criar alternativas às
premissas neoliberais"; "cancelar
a dívida externa dos países em desenvolvimento"; e "democratizar
os processos decisórios no sistema multilateral de comércio".
Apesar das críticas e reivindicações, o fórum afirma que a Unctad é "a única instituição dessa
governança global que faz uma
crítica consistente ao modelo de
hegemonia de mercado conforme
se configura hoje o cenário macroeconômico internacional".
Cobrado durante encontro com
o fórum ontem à tarde, o secretário-geral da Unctad, Rubens Ricupero, lembrou que o órgão da
ONU precisa obter o consenso de
mais de 190 países.
"A Unctad não é formada apenas por países em desenvolvimento", disse Ricupero.
Bové
Já o ativista francês José Bové,
que na abertura falou em nome
da entidade Via Campesina, disse
que a "OMC não tem nada a fazer
com a agricultura".
Um dos rostos mais visíveis do
movimento antiglobalização, o
francês bigodudo ficou famoso
no Brasil ao participar de um grupo que destruiu uma lavoura de
soja transgênica no Rio Grande
do Sul, em janeiro de 2001.
Em entrevista à Folha ontem,
Bové criticou os programas de reforma agrária e Fome Zero do governo Luiz Inácio Lula da Silva:
"A agricultura de exportação não
é suficiente para alimentar as pessoas. Para combater a fome, é necessário distribuir terras e produzir alimentos". Ele disse apoiar as
recentes invasões de terra promovidas pelo MST.
Na segunda-feira, Bové participa de um protesto organizado pelo fórum contra tratados de livre
comércio, em São Paulo.
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