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IBGE vai ampliar pesquisa de emprego
Novo levantamento abrangerá cidades do interior ao agrupar a PME e a Pnad, e divulgação passará a ser trimestral
Atualmente, apenas seis
regiões metropolitanas
são pesquisadas; em
2002, instituto já havia
mudado metodologia
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Menos de quatro anos após
anunciar mudanças em sua
pesquisa de emprego que resultaram em interrupção na série
histórica da taxa de desemprego, o IBGE já prepara uma nova
alteração no levantamento, que
o tornará mais abrangente, mas
com periodicidade trimestral.
Em entrevista à Folha, a chefe da Coordenação de Emprego
e Rendimento do IBGE, Márcia
Quintslr, revelou que a decisão
sobre a mudança já foi tomada
e que os estudos para implementar um novo levantamento
domiciliar já estão em curso. A
pesquisa inovará ao agrupar o
que hoje é a PME (Pesquisa
Mensal de Emprego) e a Pnad
(Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).
Batizado de Pesquisa Domiciliar Contínua, o novo levantamento responde, de acordo
com Quintslr, "às demandas da
sociedade" por ter informações
sobre emprego e rendimento
para todo o país -hoje, a PME
só é realizada nas seis maiores
regiões metropolitanas brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre).
Em compensação, a pesquisa
só divulgará informações trimestrais -a atual é mensal. "A
periodicidade trimestral já é algo que está consolidado."
Haverá também mais uma
interrupção da série histórica
da taxa de desemprego, que já é
relativamente curta. Teve início em 2002, quando o IBGE
realizou uma ampla modificação conceitual e metodológica
na PME, que passou a contar
com mais indicadores (subocupação, sub-remuneração e outros) e resultou numa elevação
do patamar do desemprego.
Em 2002 (março a dezembro), quando as duas pesquisas
foram a campo, a taxa de desemprego média pela metodologia antiga ficou em 6%, enquanto pela nova PME foi estimada em 11,7%.
Especialistas, no entanto,
não acreditam num novo salto
do desemprego, já que a maior
parte das alterações metodológicas recomendadas pela OIT
(Organização Internacional do
Trabalho) já está incorporada
tanto pela nova PME quanto
pela Pnad, o que não acontecia
na antiga PME.
Foram justamente essas mudanças e a introdução de um
novo questionário para incorporá-las que determinaram o
aumento do patamar do desemprego. O que pode baixar
um pouco a taxa, dizem, é a incorporação das cidades do interior (áreas rurais não devem
ser pesquisadas), onde a desocupação tende a ser menor.
Pesquisas simultâneas
Assim como foi feito em
2002, o IBGE realizará simultaneamente a nova pesquisa
domiciliar e a atual PME com o
objetivo de estudar as séries
sem promover uma interrupção brusca. Por dois anos, serão
apuradas as duas pesquisas.
Ainda não está definido
quando o novo levantamento
irá a campo, mas há a possibilidade de os trabalhos começarem em 2007.
Para a coordenadora do IBGE, as mudanças trarão outro
ganho a longo prazo: a redução
de custos, já que será mantida
só uma equipe de campo, e não
duas, como hoje. Num primeiro
momento, porém, o IBGE terá
de arcar com mais despesas, já
que terá de manter a atual PME
por dois anos.
Outras prioridades
Especialistas se dividem
quanto à aprovação do projeto.
"A mudança sempre traz custos
de rupturas das séries, mas, dado que esse custo já foi incorrido na mudança de 2003, não se
perde muito", disse Marcelo
Neri, do Centro de Políticas Sociais da FGV. Ele ressalta que o
mercado de trabalho é dinâmico e "os conceitos a ele aplicados mudam", o que justifica alterar a pesquisa.
Para Claudio Dedecca, da
Unicamp, conceitualmente "a
idéia é boa", mas não prioritária. Para ele, os recursos do IBGE são escassos e o instituto
deveria priorizar, por exemplo,
a realização de um censo econômico e a contagem da população, que deveria ter sido feita
em 2005 e só sairá em 2007.
Márcia Quintslr, do IBGE,
diz que os indicadores sociais
da Pnad (educação, fecundidade e outros) serão divulgados
anualmente, como ocorre hoje.
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