São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 2006

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Cresce interesse de instituições por financeiras

Leonardo Wen/Folha Imagem
Funcionária de financeira aborda pedestre no centro de SP


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O rápido e consistente crescimento das operações de crédito pessoal nos anos recentes fez com que os grandes bancos direcionassem seus olhos para o segmento. Além do interesse em investir na ampliação dos negócios que já detêm no setor, analistas apostam na expansão de parcerias e mesmo aquisições visando o segmento.
As financeiras são o principal alvo. E os bancos estrangeiros têm demonstrado interesse em entrar de forma mais expressiva no crédito pessoal.
"Se há um setor que tem muito espaço para crescer, é o de crédito à pessoa física. Os bancos estão atentos à atratividade do segmento e interessados em investir organicamente, expandindo as lojas e fazendo parcerias ou aquisições", diz Erivelton Rodrigues, presidente da consultoria Austin Rating.
As operações de crédito para pessoas físicas saltaram de R$ 25 bilhões no início de 2003 para R$ 70,3 bilhões em abril deste ano. Em 2005, o crédito consignado -empréstimo deduzido na folha de pagamento- foi uma das formas que mais colaboraram para a expansão de crédito a pessoas físicas.
Após os grandes negócios do setor bancário neste ano -como a compra do BankBoston pelo Itaú-, analistas não vêem espaço para operações assim no médio prazo. A possibilidade de o Unibanco ser vendido foi negada veementemente.
"Para os bancos, além da perspectiva de o crescimento se manter forte no crédito pessoal, os "spreads" elevados são muito atrativos", diz Rodrigues. O "spread" é a diferença entre o custo do dinheiro (quando o banco capta recursos) e o valor que a instituição cobra para emprestá-lo.
Pesquisa do Banco Central mostra que as taxas médias do crédito pessoal ficaram, em abril, em 65,3%. Levantamento da Anefac (associação dos executivos de finanças) aponta que os juros dos empréstimos pessoais nas financeiras atingiram 269% anuais em abril. De qualquer forma, eles estão muito acima da taxa básica de juros, a Selic, de 15,25% ao ano.

Expansão à vista
José Arthur Assunção, vice-presidente da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento), diz que "os bancos estão atentos e comprando pequenas financeiras".
"Os bancos sabem que o mercado de crédito tem muito o que expandir e estão à espera de novas oportunidades de negócios", diz Assunção.
Mas, apesar do crescimento verificado nos últimos anos, o percentual de crédito em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro ainda é pequeno quando comparado a outros países emergentes. Isso significa que há espaço para o setor de crédito ainda se expandir consideravelmente.
Segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), o volume de crédito brasileiro como percentagem do PIB chegou a 32,1% em abril. No Chile, por exemplo, essa relação é de 70% do PIB; nos EUA, de 146%.


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