São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 2006

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Folhainvest

Investidor já pode reservar ações do BB

Instituição vai ofertar 5,6% das ações ordinárias; apesar de banco ter boa rentabilidade, analistas recomendam cautela

Consultor diz que ações podem trazer risco pelo fato de banco ser público e poder ser usado com fins políticos

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Começa hoje o período de reserva de ações do Banco do Brasil para os investidores interessados em participar da oferta pública que colocará no mercado 5,6% do capital social do banco -um total de 45.441.459 ações ordinárias (ON). Na oferta de varejo, destinada às pessoas físicas, o prazo para reserva acaba no dia 23 deste mês.
O Banco do Brasil é o maior banco do país e, no primeiro trimestre de 2006, despontou como o segundo mais rentável entre os 20 maiores bancos dos EUA e do Brasil, segundo ranking da Economática. Sua rentabilidade sobre o patrimônio líquido (ROE) foi de 32,4%, só inferior à do Itaú (35,7%), segundo a consultoria.
Analistas, no entanto, recomendam cautela. "As ações do BB são um investimento de risco, pois, por ser estatal, historicamente, ele tem sido usado com fins políticos", observa o consultor Mauro Halfeld.
Segundo Halfeld, a valorização das ações do BB depende do futuro político do país, do papel que o governo eleito neste ano dê ao banco e do grau de profissionalização que lhe imprimirá. "Se prevalecer a concepção do PT de que o BB é um banco de fomento, sua rentabilidade pode cair, pois carteiras com esse perfil têm menor retorno."
O consultor se diz "em cima do muro" em relação a recomendar ou não a aplicação. "As ações podem cair. Por isso compre só um pouco para diversificar sua carteira", recomenda Halfeld. Ele sugere que o investidor coloque 5% do patrimônio financeiro nas ações.
O BB é o banco mais "barato" da Bolsa. Seu P/L (relação entre o preço da ação e o lucro que oferece ao acionista) é de 8,5, enquanto o do Itaú é de 10,3, e o do Bradesco, de 11,4.
Outro indicador a ser analisado é o valor patrimonial por ação (P/VPA). Para o BB, ele é de 2,5 -o banco é negociado no mercado por 2,5 vezes seu valor contábil. No caso do Bradesco, são 3,3 vezes, e no do Itaú, 3,6 vezes. Por esse critério, o BB também tem o papel mais barato entre os grandes bancos.
Mas o investidor que tiver apetite para esse risco poderá ser bem recompensado. "Para uma carteira de médio e longo prazos, os papéis do BB são uma boa opção", diz João Augusto Frota Salles, economista da Lopes Filho. Segundo suas projeções, a ação, que fechou a R$ 56 na sexta-feira, poderá chegar a R$ 73 em dezembro.

Oportunidade
Quem só olhou o risco político deixou de ganhar 597% desde dezembro de 2002. No fim do governo Fernando Henrique Cardoso, o BB anunciou uma emissão de ações semelhante à atual, mas a suspendeu. Na época, a Bolsa sofreu um revés em conseqüência do chamado "risco Lula".
"Os investidores institucionais não quiseram entrar na operação, e o governo suspendeu a emissão", lembra Halfeld. Eles perderam toda a alta que as ações ON tiveram.
Agora, os papéis voltam ao mercado em meio a uma nova onda de volatilidade, depois de terem se valorizado 162,16% em 2003, mais 44,38% em 2004, 33,9% em 2005 e 37,6% neste ano, até sexta-feira.
Os interessados na oferta pública devem procurar as instituições que participam da oferta. As corretoras credenciadas estão em www.cblc.com.br.
Mais informações nos sites do BB e dos coordenadores da oferta
www.bb.com.br
www.pactual.com.br
www.citibank.com.br
www.besinvestimento.com.br

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