São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 2006

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Centenário, banco já foi socorrido pelo Tesouro

DA REPORTAGEM LOCAL

Desde os tempos do Barão de Mauá, que fundou o Banco do Brasil em 1851, a instituição passou por altos e baixos. Nasceu privada, quebrou, foi para o Estado, quebrou outra vez e, em 1996, recebeu a última injeção de recursos do Tesouro Nacional para se reerguer.
"O banco é mal administrado, embora tenha melhorado nos últimos anos", analisa Emanuel Pereira da Silva, sócio da Gap Asset Management.
O lucro líquido saltou de R$ 2,5 bilhões, em 2002, para R$ 4,1 bilhões, no ano passado. E a rentabilidade sobre o patrimônio líquido também melhorou -era de 21,3% em 2002, chegou a 26,2% em 2005 e, no primeiro trimestre deste ano, atingiu 32,4%.
Na opinião de Silva, num momento em que a Bovespa "está em promoção" -com ações como as da Vale do Rio Doce, da AmBev, da ALL e da Cemig sendo negociadas a preços convidativos-, não vale a pena comprar Banco do Brasil. "Nem pensar." Quem comprar os papéis ON do banco não perderá dinheiro, mas deixará de ganhar mais com outras ações.
Silva destaca o risco político do papel. "Qualquer governo é um risco, pois a escolha dos gestores do banco se pauta pelos interesses políticos. Mas o governo atual tem escolhido os dirigentes do BB entre os quadros do PT, e eles não têm mostrado muita competência."
O analista recorda que, em julho de 2004, Henrique Pizzolato, diretor de marketing do BB, fez o banco adquirir R$ 73,5 mil em ingressos de um show de Zezé Di Camargo & Luciano, cuja receita iria para o PT.
Outro problema é o fato de o banco ser o executor da política de crédito agrícola do governo. "Subsídio à agricultura o mundo inteiro faz. Mas isso não deveria ser da competência de um banco que também tem sócios privados. Ele deveria apenas repassar recursos do Tesouro à agricultura", observa.
Segundo João Augusto Frota Salles, economista da consultoria Lopes Filho, as ações do BB devem se ressentir do desempenho do banco neste ano, que será afetado, justamente, pelo aumento da inadimplência da carteira de crédito rural.
No primeiro trimestre, o resultado operacional (R$ 965 milhões) foi pior do que o registrado em igual período de 2005 (R$ 1,503 bilhão), embora o lucro líquido tenha sido maior.
"O BB teve de aumentar o provisionamento devido ao aumento da inadimplência e do risco da sua carteira de crédito agrícola." Para compensar e aumentar o lucro líquido, o BB fez uma reversão de R$ 1,9 bilhão de crédito tributário, referente a prejuízos do passado. (SB)


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