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Investidor sempre testa novatos do Fed
Paul Volcker e Alan Greenspan, que antecederam Ben Bernanke, também sofreram com turbulência no início dos mandatos
Presidentes do BC dos EUA construíram credibilidade ao lidar com crises, e mercado espera ver como Bernanke vai enfrentar a inflação
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Ben Bernanke, presidente do
Federal Reserve (o banco central dos Estados Unidos), tem
visto os mercados desabarem a
cada sinal de que a política monetária americana possa mudar. Mas ele não é o único a passar por essa prova de fogo. Alan
Greenspan e Paul Volcker, seus
antecessores, hoje considerados semideuses pelos mercados, também foram testados.
Em agosto de 1987, três meses após Greenspan assumir a
presidência do Fed, o dólar começou a cair. Ele subiu os juros,
logo as taxas da dívida soberana
aumentaram quase 10,5%, e as
Bolsas despencaram.
Foi lidando bem com a crise
que Greenspan começou a
construir a imagem de grande
maestro. Mas, à época, analistas diziam que faltava ao presidente do Fed a credibilidade do
antecessor, Paul Volcker.
"Greenspan pagou um preço
por não ser Volcker", escreveu
John Berry, jornalista do "Washington Post", logo após a passagem do bastão. Um comentário bem parecido aos que participantes do mercado têm feito
em relação a Bernanke.
Nos oito anos em que permaneceu no Fed, Volcker, por sua
vez, experimentou igualmente
a sensação de ser questionado
pelo mercado. Em 1979, sucedeu a William Miller, em quem
Wall Street estava perdendo a
confiança. O mercado tampouco confiava no dólar, que, mesmo com a troca de comando no
Fed, permanecia fraco e alimentando a inflação nos EUA.
Meses depois, Volcker anunciou um drástico pacote para
derrubar a inflação, que ficou
conhecido como "Especial de
Sábado à Noite", e ele próprio
ficou com a marca de "aniquilador da inflação". O custo foi a
pior recessão do país desde a
Segunda Guerra Mundial. Assim como Greenspan, Volcker
foi testado pelo mercado com o
colapso do dólar e a explosão de
preços do ouro de 1981.
Bernanke também tem sido
emparedado por saudosistas da
mão firme do ex-presidente do
Fed. Eles repetem que se preocupam com "Helicóptero Ben"
Bernanke, que ainda precisa
mostrar suas credenciais como
combatente da inflação.
Transparência
Com seu jeito transparente
de expressar dúvidas em relação à economia americana,
Bernanke tem sido questionado por seus métodos de comunicação -algo que ocorreu com
Greenspan, cuja habilidade como comunicador foi reconhecida anos depois de sua posse.
A combinação de um novo
comando e incertezas nos fundamentos econômicos fizeram
crescer as expectativas de inflação e disparar a volatilidade no
mercado nos dias em que Bernanke ou o Fed se manifestam.
"É um teste do mercado,
pois, se essas mesmas palavras
fossem ditas pelo seu antecessor, duvido que a volatilidade
fosse tão alta como a recente",
diz Roberto Dumas, professor
do Ibmec.
Para Paulo Tenani, do UBS,
não se sabe como Bernanke
atuará. "A tendência ainda é dada pela variável fundamental, a
inflação. Apenas oscilações ao
redor disso são amplificadas
pelos "testes do mercado.'"
"Não sei se é um teste do
mercado ou se ele ficou mal impressionado com a mudança de
posição de Bernanke: primeiro
que o ciclo de aperto estava no
fim, depois que talvez fossem
necessárias mais informações,
diz João Máscolo, da Foresee.
Para o consultor Walter
Mundell, Bernanke é mais democrático e prefere não influenciar outros membros do
Fed. "Ficou mais difícil para os
analistas, viciados no Greenspan, que facilitava o trabalho,
pois "avisava" o que o Fed faria."
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