São Paulo, terça-feira, 12 de junho de 2007

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Brasil é o 7º colocado em ranking econômico na AL

Falta de mão-de-obra qualificada e déficit público alto prejudicam o país

Região se tornou menos heterogênea, diz pesquisa da FGV e do instituto alemão IFO; país fica atrás de Argentina e Colômbia


JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O Brasil ficou em sétimo lugar na classificação de países com melhor clima econômico na América Latina elaborada pelo IFO (Instituto de Pesquisa Econômica da Alemanha) em parceria com a FGV (Fundação Getulio Vargas).
Os dados são referentes aos últimos 12 meses acumulados até abril. Refletem a percepção de empresários e especialistas sobre a situação atual da economia e sobre as perspectivas para os próximos seis meses.
A sondagem ouviu 110 especialistas e grandes empresários da região.
O Brasil ficou atrás de Uruguai, primeiro colocado do ranking, Peru, Costa Rica, Chile, Argentina e Colômbia. Segundo Lia Valls Pereira, da FGV, os mais bem colocados no ranking apresentam taxas de crescimento superiores à do Brasil.
"Não é só o baixo crescimento. Há também o debate sobre a necessidade de reformas e discussões sobre o perfil da pauta exportadora e gargalos de infra-estrutura", afirmou ela.
No caso do Uruguai, Pereira avalia que o país superou um período de crise e cresce a reboque da expansão das economias argentina e brasileira. Além disso, ela destacou que países com população menor, alto grau de abertura e forte dependência do setor externo tendem a se beneficiar da maior demanda por commodities, puxada pela da China.
A economista afirma que a análise política está implícita nas avaliações. A Venezuela ocupa a oitava posição no ranking, e a Bolívia, a décima. O Equador ocupa o último lugar. "O país teve mudança de governo, e ainda há dúvidas sobre o tipo de política econômica que será adotada."
Os dados referentes só a abril colocam o Brasil na quinta posição entre as economias da região. A análise de longo prazo, no entanto, indica que o Brasil tem a segunda melhor avaliação na média dos últimos dez anos, atrás apenas do Chile.
Dados do instituto IFO revelam que o déficit público é considerado o principal problema econômico do Brasil, seguido da falta de competitividade internacional e do desemprego.
Segundo Gernot Nerb, diretor de Pesquisas Industriais do IFO, a menor competitividade é decorrente da escassez de mão-de-obra qualificada. A falta de confiança no governo é o sétimo maior problema do país. No fim da lista, aparecem ainda a inflação e a dívida externa.
A pesquisa mostra que há uma maior convergência entre os indicadores de países da América Latina desde 2004. Na interpretação da FGV, a melhora da percepção dos especialistas em relação às políticas econômicas adotadas em cada país e o cenário externo são os principais responsáveis pela aproximação dos indicadores.
Do lado externo, essas economias são beneficiadas pela maior liquidez internacional, pela melhora de indicadores de vulnerabilidade, como o risco-país, e pelo crescimento da demanda por commodities.
"No passado, dizia-se que, quando os EUA pegavam uma gripe, o resto do mundo pegava pneumonia, mas a verdade é que agora a maioria dos países está se saindo melhor", disse Nerb.
De acordo com o estudo, a América Latina vive o melhor momento desde a década de 1990.
Apesar do cenário favorável, a pesquisa mostra que ainda há cautela em relação ao futuro.


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