|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Brasil é o 7º colocado em ranking econômico na AL
Falta de mão-de-obra qualificada e déficit público alto prejudicam o país
Região se tornou menos heterogênea, diz pesquisa da FGV e do instituto alemão IFO; país fica atrás de Argentina e Colômbia
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O Brasil ficou em sétimo lugar na classificação de países
com melhor clima econômico
na América Latina elaborada
pelo IFO (Instituto de Pesquisa
Econômica da Alemanha) em
parceria com a FGV (Fundação
Getulio Vargas).
Os dados são referentes aos
últimos 12 meses acumulados
até abril. Refletem a percepção
de empresários e especialistas
sobre a situação atual da economia e sobre as perspectivas para os próximos seis meses.
A sondagem ouviu 110 especialistas e grandes empresários
da região.
O Brasil ficou atrás de Uruguai, primeiro colocado do ranking, Peru, Costa Rica, Chile,
Argentina e Colômbia. Segundo Lia Valls Pereira, da FGV, os
mais bem colocados no ranking
apresentam taxas de crescimento superiores à do Brasil.
"Não é só o baixo crescimento. Há também o debate sobre a
necessidade de reformas e discussões sobre o perfil da pauta
exportadora e gargalos de infra-estrutura", afirmou ela.
No caso do Uruguai, Pereira
avalia que o país superou um
período de crise e cresce a reboque da expansão das economias
argentina e brasileira. Além
disso, ela destacou que países
com população menor, alto
grau de abertura e forte dependência do setor externo tendem a se beneficiar da maior
demanda por commodities, puxada pela da China.
A economista afirma que a
análise política está implícita
nas avaliações. A Venezuela
ocupa a oitava posição no ranking, e a Bolívia, a décima. O
Equador ocupa o último lugar.
"O país teve mudança de governo, e ainda há dúvidas sobre o
tipo de política econômica que
será adotada."
Os dados referentes só a abril
colocam o Brasil na quinta posição entre as economias da região. A análise de longo prazo,
no entanto, indica que o Brasil
tem a segunda melhor avaliação na média dos últimos dez
anos, atrás apenas do Chile.
Dados do instituto IFO revelam que o déficit público é considerado o principal problema
econômico do Brasil, seguido
da falta de competitividade internacional e do desemprego.
Segundo Gernot Nerb, diretor de Pesquisas Industriais do
IFO, a menor competitividade
é decorrente da escassez de
mão-de-obra qualificada. A falta de confiança no governo é o
sétimo maior problema do país.
No fim da lista, aparecem ainda
a inflação e a dívida externa.
A pesquisa mostra que há
uma maior convergência entre
os indicadores de países da
América Latina desde 2004. Na
interpretação da FGV, a melhora da percepção dos especialistas em relação às políticas econômicas adotadas em cada país
e o cenário externo são os principais responsáveis pela aproximação dos indicadores.
Do lado externo, essas economias são beneficiadas pela
maior liquidez internacional,
pela melhora de indicadores de
vulnerabilidade, como o risco-país, e pelo crescimento da demanda por commodities.
"No passado, dizia-se que,
quando os EUA pegavam uma
gripe, o resto do mundo pegava
pneumonia, mas a verdade é
que agora a maioria dos países
está se saindo melhor", disse
Nerb.
De acordo com o estudo, a
América Latina vive o melhor
momento desde a década de
1990.
Apesar do cenário favorável,
a pesquisa mostra que ainda há
cautela em relação ao futuro.
Texto Anterior: Empresas capacitam até não-funcionário Próximo Texto: Indústria tem queda na maior parte do país Índice
|