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Inflação deve acelerar até o final do ano, prevê governo
Para Ministério da Fazenda, IPCA em 12 meses pode atingir 6% até outubro ou novembro
Reajuste de serviços pessoais foi o que mais assustou o Planalto no resultado do IPCA; mercado já vê ciclo mais longo de alta dos juros
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério da Fazenda espera que a inflação continue
subindo até outubro ou novembro, podendo ficar acima de 6%
no acumulado em 12 meses, e
depois recue para um percentual mais próximo de 5,5% ao
ano. O resultado do IPCA de
maio, acima das expectativas,
não mudou o cenário traçado
pela equipe econômica.
"Esperamos uma trajetória
ainda de aceleração até o final
do ano, mas depois de convergência para a meta em 2009",
disse o secretário de Acompanhamento Econômico do ministério, Nelson Barbosa.
O que chamou a atenção do
governo no resultado do IPCA
foi a elevação dos preços com
serviços pessoais. Barbosa explica que parte disso se deve ao
aumento de 8% nas tarifas bancárias, que não se repetirá porque os bancos terão que manter
os serviços congelados durante
o resto do ano.
Quanto aos demais serviços,
o secretário afirmou que ainda
é cedo para saber se há uma
tendência de reajustes ou se é
apenas um movimento pontual. "Esse é o fato novo que o
IPCA de maio trouxe", disse
Barbosa. O IPCA, índice que o
governo usa como meta para a
inflação, chegou a 5,58% nos 12
meses terminados em maio. No
mês, a variação foi 0,79% em
relação a abril. A expectativa do
mercado financeiro era a de
que o índice ficasse em 0,65% e
a inflação do ano em 5,5%.
Na análise do governo, os índices de preços ainda vão ser
pressionados pelo impacto ao
consumidor dos reajustes de
minério de ferro, carne, arroz,
soja, leite e indiretamente pelo
aumento nos custos do frete,
influenciado pela correção no
óleo diesel.
Barbosa explica que boa parte da inflação acumulada nos
últimos 12 meses é resultado do
aumento nos alimentos. A decomposição do IPCA mostra
que, dos 5,58% de inflação, 2,45
pontos percentuais são explicados por alimentação no domicílio. A carne bovina explica outro 0,54 ponto percentual da
inflação, o feijão, 0,52 e o arroz
0,17 ponto percentual.
"O choque é forte, majoritariamente de alimentos", explicou Barbosa.
De acordo com o secretário,
há medidas que foram tomadas
pelo governo para reduzir a
pressão sobre o preço de alimentos que ainda não surtiram
efeito. É o caso da suspensão do
PIS e da Cofins sobre o trigo, a
farinha de trigo e o pão francês.
Barbosa acredita que essa alteração só começará a influenciar
os preços ao consumidor em
duas ou três semanas.
Por outro lado, a desoneração da gasolina já surtiu o efeito
esperado pelo governo e ajudou
a manter o preço sob controle.
Com a inflação acima do esperado, os economistas do setor privado já apostam em um
ciclo de aumento de juros mais
longo e mais forte do que se
imaginava até então. O impacto
deve ser sentido de forma mais
acentuada no crescimento do
ano que vem, quando o PIB
cresceria 4%.
A equipe do ministro Guido
Mantega (Fazenda), no entanto, não acredita nesse cenário.
Para Nelson Barbosa, o PIB ficará bastante próximo a 5%.
"Estamos trabalhando para
que [o crescimento] fique por
aí", disse Barbosa.
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