São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Inflação deve acelerar até o final do ano, prevê governo

Para Ministério da Fazenda, IPCA em 12 meses pode atingir 6% até outubro ou novembro

Reajuste de serviços pessoais foi o que mais assustou o Planalto no resultado do IPCA; mercado já vê ciclo mais longo de alta dos juros


LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Fazenda espera que a inflação continue subindo até outubro ou novembro, podendo ficar acima de 6% no acumulado em 12 meses, e depois recue para um percentual mais próximo de 5,5% ao ano. O resultado do IPCA de maio, acima das expectativas, não mudou o cenário traçado pela equipe econômica.
"Esperamos uma trajetória ainda de aceleração até o final do ano, mas depois de convergência para a meta em 2009", disse o secretário de Acompanhamento Econômico do ministério, Nelson Barbosa.
O que chamou a atenção do governo no resultado do IPCA foi a elevação dos preços com serviços pessoais. Barbosa explica que parte disso se deve ao aumento de 8% nas tarifas bancárias, que não se repetirá porque os bancos terão que manter os serviços congelados durante o resto do ano.
Quanto aos demais serviços, o secretário afirmou que ainda é cedo para saber se há uma tendência de reajustes ou se é apenas um movimento pontual. "Esse é o fato novo que o IPCA de maio trouxe", disse Barbosa. O IPCA, índice que o governo usa como meta para a inflação, chegou a 5,58% nos 12 meses terminados em maio. No mês, a variação foi 0,79% em relação a abril. A expectativa do mercado financeiro era a de que o índice ficasse em 0,65% e a inflação do ano em 5,5%.
Na análise do governo, os índices de preços ainda vão ser pressionados pelo impacto ao consumidor dos reajustes de minério de ferro, carne, arroz, soja, leite e indiretamente pelo aumento nos custos do frete, influenciado pela correção no óleo diesel.
Barbosa explica que boa parte da inflação acumulada nos últimos 12 meses é resultado do aumento nos alimentos. A decomposição do IPCA mostra que, dos 5,58% de inflação, 2,45 pontos percentuais são explicados por alimentação no domicílio. A carne bovina explica outro 0,54 ponto percentual da inflação, o feijão, 0,52 e o arroz 0,17 ponto percentual.
"O choque é forte, majoritariamente de alimentos", explicou Barbosa.
De acordo com o secretário, há medidas que foram tomadas pelo governo para reduzir a pressão sobre o preço de alimentos que ainda não surtiram efeito. É o caso da suspensão do PIS e da Cofins sobre o trigo, a farinha de trigo e o pão francês. Barbosa acredita que essa alteração só começará a influenciar os preços ao consumidor em duas ou três semanas.
Por outro lado, a desoneração da gasolina já surtiu o efeito esperado pelo governo e ajudou a manter o preço sob controle.
Com a inflação acima do esperado, os economistas do setor privado já apostam em um ciclo de aumento de juros mais longo e mais forte do que se imaginava até então. O impacto deve ser sentido de forma mais acentuada no crescimento do ano que vem, quando o PIB cresceria 4%.
A equipe do ministro Guido Mantega (Fazenda), no entanto, não acredita nesse cenário. Para Nelson Barbosa, o PIB ficará bastante próximo a 5%. "Estamos trabalhando para que [o crescimento] fique por aí", disse Barbosa.


Texto Anterior: Paulo Nogueira Batista Jr.: Sorry, centro
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.