São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 2008

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InBev faz oferta de US$ 46 bi por americana

Negócio com Anheuser-Busch, se fechado, tornará empresa belgo-brasileira a maior fabricante de cerveja do mundo

Proposta da InBev é quase 14% superior ao preço da ação da rival anteontem; companhia terá 25% do mercado mundial de cerveja


DA REDAÇÃO

A InBev fez uma proposta de cerca de US$ 46 bilhões pela americana Anheuser-Busch, em um negócio que, se concretizado, tornará a belgo-brasileira na maior fabricante de cerveja em volume do mundo, superando a britânica SABMiller.
A Anheuser-Busch, fabricante de cervejas como a Budweiser, disse ontem em nota que recebeu uma oferta de US$ 65 por ação, quase 14% mais que o seu preço no fechamento da Bolsa de Nova York anteontem. Na comparação com 22 de maio (um dia antes de o "Financial Times" afirmar que a InBev estudava uma oferta pela rival), o prêmio é de mais de 23%. Ontem, as ações da americana subiram 2,1%, e as da InBev caíram 0,34%.
Com o negócio, a InBev, que controla cerca de 200 marcas de cerveja (Stella Artois, Brahma e Beck etc.), conquistará o controle de cerca de um quarto do mercado mundial da bebida.
Enquanto a belgo-brasileira tem maior atuação nos mercados europeu e sul-americano, a Anheuser-Busch está mais concentrada nos Estados Unidos, onde tem quase metade das vendas. A InBev também ganhará maior presença na China, que é o maior mercado mundial em volume de cerveja, onde a americana tem participação na Tsingtao.
Em nota, a companhia norte-americana afirmou que avaliará a "proposta cuidadosamente e dentro do contexto de todos os fatores relevantes" e que levará em conta o melhor interesse de seus acionistas. A empresa não deu prazo para dar uma resposta.
A InBev também se manifestou por meio de comunicado. Nele, revela que executivos das duas empresas se encontraram nos Estados Unidos no dia 2 e diz que o negócio criará a quinta maior empresa de produtos para o consumidor. "A fusão irá criar uma companhia global mais forte, competitiva e sustentável, o que irá beneficiar todos os acionistas."
O segundo maior acionista da Anheuser-Busch é a Berkshire Hathaway, a empresa de Warren Buffett (o homem mais rico do mundo, segundo a revista "Forbes", com US$ 62 bilhões), com participação de 4,9%. Buffett e Jorge Paulo Lemann, um dos principais acionistas da InBev, foram membros do conselho da Gillette. O maior investidor na Anheuser é o Barclays.

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Uma dificuldade que a InBev deve ter para fechar o negócio é que a Anheuser é considerada um símbolo americano.
Um dos líderes de um sindicato que representa 25% dos 30 mil funcionários da companhia afirmou recentemente ao "Wall Street Journal" que gostaria que ela "permanecesse uma empresa americana". "Não parece que os empregados aceitam bem quando estrangeiros compram cervejarias americanas", disse Jack Cipriani. Espera-se que, caso concretizado, a InBev tome medidas para diminuir custos, como a demissão de funcionários.
No entanto, como a InBev tem uma participação pequena no mercado norte-americano, de menos de 10%, é pouco provável que o negócio enfrente empecilhos para ser aprovado pelas autoridades dos EUA.
A InBev surgiu em 2004, resultado da fusão entre a brasileira AmBev e a belga Interbrew em um negócio avaliado em US$ 11 bilhões. A sede da empresa é na Bélgica, mas hoje o seu presidente-executivo é um brasileiro, Carlos Brito, e a cultura da empresa também. A companhia "era totalmente belga, depois se tornou belgo-brasileira e agora é brasileiro-belga", disse recentemente o ministro da Economia da Bélgica, Vincent Van Quickenborne.


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