|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Varejo suspende compra de carne de áreas devastadas
Pão de Açúcar, Carrefour e Wal-Mart seguem recomendação de promotores do Pará
Entre os 11 frigoríficos suspeitos de comercializar gado criado em área de devastação na Amazônia estão Bertin e Minerva
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Pão de Açúcar, Carrefour e
Wal-Mart suspenderam a compra de carnes de 11 frigoríficos
apontados pelo MPF (Ministério Público Federal) do Pará como comercializadores de gado
criado em área de devastação
da Amazônia. Entre eles estão
alguns dos maiores frigoríficos
do país, como Bertin e Minerva.
Os supermercados resolveram tomar a atitude em conjunto, após a denúncia do MPF
e da ONG Greenpeace. Segundo as redes varejistas, a iniciativa inclui a notificação dos frigoríficos, a suspensão de compras
das fazendas denunciadas e
exigências de guias de trânsito
animal anexadas às notas fiscais dos frigoríficos.
"Como medida adicional, as
três redes solicitarão, ainda,
um plano de auditoria independente e de reconhecimento internacional que assegure que
os produtos que comercializam
não são procedentes de áreas
de devastação da Amazônia",
afirmaram em comunicado, assinado em conjunto com a
Abras (Associação Brasileira de
Supermercados).
No início do mês, o MPF ajuizou 21 ações civis públicas pedindo indenização de R$ 2,1 bilhões de pecuaristas e frigoríficos que comercializaram animais criados em fazendas desmatadas ilegalmente. Após isso, foram enviadas notificações
a 69 empresas que compram
insumos dessas áreas da região
amazônica.
Grandes empresas
Estão ainda na lista das notificações do MPF processadores
de alimentos, como Sadia e
Perdigão, e fabricantes de calçados, como a Vulcabras. A partir da notificação, as empresas
devem parar de comprar os
produtos de origem na região
ou serão corresponsabilizadas
por crime de dano ambiental.
De acordo com o MPF, a área
desmatada beira os 160 mil
hectares. A identificação do gado proveniente das regiões de
desmatamento só é possível
graças à rastreabilidade.
A Bertin informou, por e-mail, que recebeu a comunicação de suspensão de compra
por parte do Pão Açúcar, referente a produtos bovinos provenientes do Pará. Diz ter atendido à solicitação da rede, mas
que "deve continuar a fornecer
itens vindos de outras plantas
da companhia".
Segundo o frigorífico, grandes fabricantes de calçados, como Adidas e Timberland, procuraram-na para pedir informações sobre seus procedimentos de compra. A Bertin diz
ter informado que todos os fornecedores são legais e não
constam das listas do Ministério do Trabalho e do Ibama. Essas listas condenam práticas
semelhantes à escravidão e
elencam as áreas embargadas
por desmatamento. A Bertin
diz ter excluído 165 fornecedores que estavam nas listas.
Questionada sobre se não
tem responsabilidade sobre as
empresas das quais compra, a
Bertin respondeu, em e-mail
encaminhado pela assessoria
de imprensa à Folha, que "a
responsabilidade de fiscalização de desmatamento é dos órgãos públicos, e a Bertin utiliza
as informações disponibilizadas pelos mesmos para bloquear seus fornecedores".
A Minerva não respondeu ao
pedido de entrevista até o fechamento desta edição. A Sadia
informou que não havia recebido a notificação, mas que acatará a recomendação do MPF.
Procuradas, Perdigão e Vulcabras não responderam até o
início da noite de ontem.
Texto Anterior: Luiz Carlos Mendonça de Barros: Sinais de mudança na ação do BC Próximo Texto: AL perdeu 1 milhão de empregos no 1º tri Índice
|