São Paulo, sexta-feira, 12 de junho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AL perdeu 1 milhão de empregos no 1º tri

Cálculo de órgãos ligados à ONU prevê que até o fim do ano sejam ceifados entre 2,8 milhões e 3,9 milhões de vagas

Brasil está entre os países com a maior elevação do desemprego urbano, mas Chile, Equador e México sofreram mais com a crise

THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES

A crise mundial fez com que 1 milhão de pessoas perdessem seus empregos na América Latina no primeiro trimestre deste ano, apontaram ontem a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) e a OIT (Organização Internacional do Trabalho).
Segundo relatório dos órgãos, ligados à ONU, a taxa de desemprego na região atingiu 8,5% no primeiro trimestre, ante 7,9% um ano antes.
"A queda na demanda externa [exportações] e as restrições de crédito tiveram forte impacto sobre o mercado de trabalho", afirmou à Folha Osvaldo Kacef, diretor de Desenvolvimento Econômico da Cepal.
A partir de uma previsão de queda de 1,7% no PIB regional em 2009, Cepal e OIT estimam que o percentual de desempregados alcance até 9,1% até o fim do ano -considerando uma melhora gradual da situação a partir do segundo semestre.
"Isso significa que entre 2,8 milhões e 3,9 milhões de pessoas poderiam se somar aos 15,9 milhões de desempregados que havia em 2008 nos centros urbanos", alerta o relatório, que também prevê aumento na informalidade.
Embora o desemprego feminino continue superior em toda a região, os dados do primeiro trimestre indicam que o aumento da desocupação atingiu tanto homens como mulheres.
O desemprego urbano subiu mais para os homens no Brasil, no Chile, na Colômbia e no México, países nos quais setores que concentram participação masculina -como construção e indústria- foram mais afetados. A desocupação feminina cresceu mais só no Equador.
O informe traz dados dos nove países latino-americanos que, segundo a Cepal e a OIT, dispõem de estatísticas contínuas para avaliar a evolução do mercado de trabalho.
Pelos números, a maioria dos países registra aumento do desemprego em 2009, moderado em alguns casos (Brasil e Colômbia) e superior a um ponto percentual em outros (Chile, Equador, México). Há redução no Uruguai e na Venezuela, já Peru e Argentina mantiveram estabilidade -os dados argentinos estão sob suspeita desde 2007, após intervenção no Indec (o IBGE local).
Já o comportamento dos salários reais no setor formal foi variado. Há países -como Brasil (4,5%) e Uruguai (6,2%)- em que a queda da inflação e os aumentos do salário mínimo ajudaram a elevar a média dos salários reais.
A Venezuela teve a maior queda nos salários reais, de 5,4%, impulsada pela inflação mais alta da América Latina (30,9% em 2008). Argentina, Peru e Equador não tinham dados salariais disponíveis.

Medidas anticrise
O ponto de reversão da crise ainda é incerto, afirmam Cepal e OIT. Mas as entidades destacam um melhor preparo da região para enfrentar a crise, bem como medidas anticíclicas (gastos públicos maiores em período de recessão) para estimular a demanda.
Para a Cepal, as políticas mais indicadas envolvem aumento do gasto público, sobretudo subsídios diretos a setores mais pobres. "Mas, para fazer esse tipo de política focalizada, é necessário um cadastro preciso da população vulnerável, o que nem todos os países têm", disse Kacef.
Entre medidas tomadas pelo governo brasileiro, o informe cita a ampliação do seguro-desemprego -limitada pelo alto índice de informalidade no mercado de trabalho- e do Bolsa Família.


Texto Anterior: Varejo suspende compra de carne de áreas devastadas
Próximo Texto: Brasil: para Luppi, país deve criar 1 milhão de vagas neste ano
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.