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AL perdeu 1 milhão de empregos no 1º tri
Cálculo de órgãos ligados à ONU prevê que até o fim do ano sejam ceifados entre 2,8 milhões e 3,9 milhões de vagas
Brasil está entre os países com a maior elevação do desemprego urbano, mas Chile, Equador e México sofreram mais com a crise
THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES
A crise mundial fez com que 1
milhão de pessoas perdessem
seus empregos na América Latina no primeiro trimestre deste ano, apontaram ontem a Cepal (Comissão Econômica para
a América Latina e o Caribe) e a
OIT (Organização Internacional do Trabalho).
Segundo relatório dos órgãos, ligados à ONU, a taxa de
desemprego na região atingiu
8,5% no primeiro trimestre,
ante 7,9% um ano antes.
"A queda na demanda externa [exportações] e as restrições
de crédito tiveram forte impacto sobre o mercado de trabalho", afirmou à Folha Osvaldo
Kacef, diretor de Desenvolvimento Econômico da Cepal.
A partir de uma previsão de
queda de 1,7% no PIB regional
em 2009, Cepal e OIT estimam
que o percentual de desempregados alcance até 9,1% até o fim
do ano -considerando uma
melhora gradual da situação a
partir do segundo semestre.
"Isso significa que entre 2,8
milhões e 3,9 milhões de pessoas poderiam se somar aos
15,9 milhões de desempregados que havia em 2008 nos
centros urbanos", alerta o relatório, que também prevê aumento na informalidade.
Embora o desemprego feminino continue superior em toda a região, os dados do primeiro trimestre indicam que o aumento da desocupação atingiu
tanto homens como mulheres.
O desemprego urbano subiu
mais para os homens no Brasil,
no Chile, na Colômbia e no México, países nos quais setores
que concentram participação
masculina -como construção
e indústria- foram mais afetados. A desocupação feminina
cresceu mais só no Equador.
O informe traz dados dos nove países latino-americanos
que, segundo a Cepal e a OIT,
dispõem de estatísticas contínuas para avaliar a evolução do
mercado de trabalho.
Pelos números, a maioria dos
países registra aumento do desemprego em 2009, moderado
em alguns casos (Brasil e Colômbia) e superior a um ponto
percentual em outros (Chile,
Equador, México). Há redução
no Uruguai e na Venezuela, já
Peru e Argentina mantiveram
estabilidade -os dados argentinos estão sob suspeita desde
2007, após intervenção no Indec (o IBGE local).
Já o comportamento dos salários reais no setor formal foi
variado. Há países -como Brasil (4,5%) e Uruguai (6,2%)-
em que a queda da inflação e os
aumentos do salário mínimo
ajudaram a elevar a média dos
salários reais.
A Venezuela teve a maior
queda nos salários reais, de
5,4%, impulsada pela inflação
mais alta da América Latina
(30,9% em 2008). Argentina,
Peru e Equador não tinham dados salariais disponíveis.
Medidas anticrise
O ponto de reversão da crise
ainda é incerto, afirmam Cepal
e OIT. Mas as entidades destacam um melhor preparo da região para enfrentar a crise, bem
como medidas anticíclicas
(gastos públicos maiores em
período de recessão) para estimular a demanda.
Para a Cepal, as políticas
mais indicadas envolvem aumento do gasto público, sobretudo subsídios diretos a setores
mais pobres. "Mas, para fazer
esse tipo de política focalizada,
é necessário um cadastro preciso da população vulnerável, o
que nem todos os países têm",
disse Kacef.
Entre medidas tomadas pelo
governo brasileiro, o informe
cita a ampliação do seguro-desemprego -limitada pelo alto
índice de informalidade no
mercado de trabalho- e do
Bolsa Família.
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