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Pré-sal impede piora na nota da Petrobras
Analistas avaliam descoberta como principal conquista para estatal melhorar no futuro sua avaliação de risco de crédito
Agência rebaixou anteontem o "rating" da estatal devido ao custo de financiamento dos investimentos previstos em meio à queda do petróleo
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
Ao mesmo tempo em que determinou o rebaixamento da
classificação de risco da Petrobras, o desafio de explorar o
pré-sal também protegerá a
empresa das consequências
dessa piora em sua nota, dizem
especialistas. A descoberta de
petróleo no pré-sal é apontada
como a principal conquista da
estatal para dar um salto em
sua avaliação de risco.
Na quarta, a agência Standard & Poor's anunciou que reduzira de "BBB" para "BBB-" a
nota de risco para a empresa
contrair crédito. Para a agência,
a empresa tem grande volume
de investimentos programados
até 2013, num momento de
queda no preço do petróleo.
A nota de risco é levada em
consideração por credores e investidores na hora de conceder
crédito ou investir. Em tese,
quando uma empresa tem sua
classificação de risco rebaixada, enfrenta dificuldade maior
para captar recursos por meio
de emissão de títulos ou de empréstimos. Diante dos obstáculos, a saída é oferecer uma taxa
de retorno maior ao investidor.
A Petrobras prevê investir
US$ 174 bilhões em cinco anos.
Para explorar o petróleo do
pré-sal, serão necessários US$
111 bilhões até 2020.
Mesmo com o rebaixamento,
a Petrobras segue na faixa de
grau de investimento -ou seja,
na visão da agência, a companhia oferece baixo risco de um
eventual calote em credores.
Eric Conrads, chefe de pesquisa para a América Latina do
ING Investment Management,
lembra que o petróleo no pré-sal é a maior descoberta da empresa. Segundo ele, é isso que os
investidores e credores vão
olhar. "Não é a nota que vai inviabilizar o projeto do pré-sal.
O preço do petróleo está subindo e o país está "quente" no mapa mundial de investimentos."
Com a forte expectativa de
produção de petróleo nos campos do pré-sal, não faltará dinheiro para a Petrobras, prevê
Conrads. "A Petrobras pode e
vai encontrar dinheiro. Se faltar, ainda há o BNDES."
Marco Tavares, sócio da consultoria carioca Gas Energy, explica que a decisão da agência
levou em consideração a expectativa futura de caixa da empresa. "Esse caixa estará comprometido com financiamentos e
será menor devido à queda no
petróleo", observa.
Tavares acredita que, no entanto, a empresa não tem outra
saída se quiser dar um salto
neste momento. "Ela está fazendo o que é certo para dar o
salto. A Repsol também viu sua
nota piorar quando comprou a
YPF, mas depois recuperou."
Em nota, a Petrobras afirmou reconhecer "ser robusto o
plano de investimentos", mas
que vem trabalhando para
manter saudáveis seu caixa e o
nível de endividamento.
A companhia lembra ainda
que, com os US$ 31 bilhões já
obtidos em empréstimos este
ano, seu plano de investir US$
174 bilhões até 2013 está completamente financiado.
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