São Paulo, sexta-feira, 12 de junho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Americanos perdem US$ 1 trilhão no 1º tri

Patrimônio da população atinge o patamar mais baixo desde 2004; a queda no período equivale a 10% do PIB do país

Com empobrecimento, relacionado aos mercados de ações e de imóveis, americano frea o consumo, o que prolonga a crise

Michael Reynolds-11.jun.09/Efe
SOB PRESSÃO
O presidente do Bank of America, Kenneth Lewis, durante audiência no Senado dos EUA; o procurador-geral de NY afirmou que o banco foi pressionado pelo governo dos EUA a comprar o endividado Merrill Lynch em setembro; o negócio está sob investigação


JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

Os americanos ficaram US$ 1,33 trilhão mais pobres no primeiro trimestre deste ano, de acordo com dados divulgados ontem pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA). O valor equivale a cerca de um décimo de tudo o que os EUA produzem em um ano.
O patrimônio dos americanos somou US$ 50,4 trilhões de janeiro a março. O resultado representa uma queda de 2,6% em relação ao final do ano passado e é também o patamar mais baixo desde o quarto trimestre de 2004. O patrimônio representa a diferença entre o valor dos ativos e dos compromissos financeiros das famílias, como hipotecas e dívidas de cartões de crédito.
O empobrecimento dos americanos neste começo de ano está diretamente relacionado à piora do mercado de ações e do mercado imobiliário, consideradas as duas principais formas de poupança das famílias nos Estados Unidos.
De janeiro a março, os preços das ações caíram 5,8% em relação ao quarto trimestre do ano passado. Já o preço dos imóveis caiu 2,4% no período.
Apesar do resultado negativo, os dados mostram que o ritmo de deterioração do patrimônio já foi mais acentuado. No quarto trimestre do ano passado, a queda chegou a 8,6% na comparação com o trimestre imediatamente anterior.
Outro fator de destaque no relatório do Fed é a queda, pelo segundo trimestre consecutivo, do total de compromissos financeiros. De janeiro a março, eles somaram US$ 14,1 trilhões, 0,8% menores do que no final do ano passado.

Dívidas
Os dados indicam que os consumidores estão menos propensos a contrair dívidas em cenário de crise. As dívidas com hipotecas tiveram crescimento zero no primeiro trimestre.
"Ainda não está claro se as pessoas estão priorizando o pagamento de dívidas ou se estão sendo obrigadas a isso por conta das medidas tomadas pelos credores", afirmou à Folha Christopher Low, economista-chefe da FTN Financial.
Diante da perspectiva de aumento do desemprego nos próximos meses e de empobrecimento com a queda no patrimônio, a capacidade de recuperação do consumo é apontada como fator determinante para definir os rumos da economia americana.
"A recuperação ainda está em marcha, mas ela não pode depender apenas do governo. O governo não pode segurar a economia para sempre. Temos de torcer para que os consumidores consigam quitar dívidas e voltar a consumir para impulsionar a economia", afirma o economista da FTN.
Segundo o presidente do Fed, Ben Bernanke, caso os consumidores continuem a comprar, ainda que em ritmo mais brando, a recessão provavelmente acabará neste ano. Caso eles cortem gastos de forma mais expressiva, a recuperação pode demorar mais a chegar. Os gastos dos consumidores representam cerca de 70% da economia americana.

Recuperação
Alguns indicadores econômicos divulgados ontem apontam sinais de recuperação. As vendas no varejo cresceram 0,5% em maio, após três meses de queda, de acordo com o Departamento de Comércio.
O resultado foi impulsionado pelas vendas de gasolina e de materiais de construção. As vendas do combustível registraram alta de 3,6% em maio, e as de material de construção subiram 1,3%, o maior ganho desde abril do ano passado.
Economistas ainda avaliam os resultados com cautela por conta da influência do aumento dos preços da gasolina nos resultados.
No mercado de trabalho, houve queda no número de pedidos de seguro-desemprego. O total de novos pedidos caiu em 24 mil e ficou em 601 mil na semana encerrada no dia 6 de junho, o menor patamar desde o final de janeiro.


Texto Anterior: Energia: Agência prevê demanda maior por petróleo
Próximo Texto: Crise: Banco Mundial prevê que PIB global caia 3% neste ano
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.