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ESTRANHOS NO NINHO
Adaptação é problema para os brasileiros
Frio e comida são os maiores obstáculos
ENVIADA ESPECIAL A HARBIN
Os operários da Embraer que
saem de São José dos Campos
(SP) para trabalhar temporariamente na fábrica em Harbin,
na China, já sabem que têm de
levar na bagagem dois quilos
de feijão, que serão preparados
pelo cozinheiro do hotel onde
todos ficam hospedados.
A regra, não escrita, foi criada
no ano passado e é seguida à
risca pelos trabalhadores, que
vêem na comida uma das principais dificuldades de adaptação à China. Outro problema é
o frio. Harbin fica no nordeste
do país, perto da Rússia, e no
inverno registra temperaturas
próximas de -30ºC.
Com 4,5 milhões de habitantes, Harbin tem poucos estrangeiros, o que desperta a curiosidade em relação aos brasileiros. Mateus Manecolo Neto, 38,
foi "vítima" de uma das principais cenas de assédio vivida pelos brasileiros em Harbin. Em
seu primeiro dia na cidade,
Manecolo saiu de camiseta regata e foi cercado por chineses
e chinesas, que puxavam os pêlos de seu peito -característica física rara na China.
"Fui correndo comprar uma
camiseta de gola alta e mangas
e nunca mais sai de regata."
Apesar das diferenças, Guido
do Prado, 49, mecânico estrutural com 27 anos de Embraer,
prefere trabalhar com os chineses a com europeus e norte-americanos. "Eles falam a língua deles, nós falamos a nossa,
mas nós nos entendemos."
A maioria dos operários não
se adapta à comida chinesa,
que é servida no refeitório da
Harbin Embraer. "Não consigo
comer nada. Levo coisas do café da manhã para o almoço",
diz Tiago Luvino Fortunato, 29,
técnico em qualidade que chegou no dia 20 para passar dois
meses em Harbin.
(CT)
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