São Paulo, segunda-feira, 12 de julho de 2004

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Empresa dos EUA fracassou no país

ENVIADA ESPECIAL A HARBIN

Antes de a Embraer se instalar na China, a única empresa estrangeira que havia produzido aviões no país foi a norte-americana McDonnell Douglas, que perdeu milhões de dólares depois de 25 anos de negociações e acordos.
O caso é um dos vários desastres empresariais estrangeiros na China relatados no livro "The China Dream", do jornalista Joe Studwell, lançado em 2002. A Boeing está presente na China, mas produz apenas componentes, que são usados na montagem de seus aviões em outros países.
A McDonnell Douglas começou a atuar na China em 1979, ao fabricar peças e montar alguns de seus aviões. Em 1991, conseguiu um acordo bilionário, que compensaria os anos de atividade no país sem obtenção de lucro. A empresa foi escolhida para fabricar 150 aviões, ao preço de US$ 6 bilhões, no projeto "Trunkliner".
Os problemas começaram em 1992, quando o contrato foi assinado: o número caiu para 40 aviões, e os chineses exigiram um grau de nacionalização de 50%.
Os 40 aviões não dariam um ganho de escala suficiente para a construção de fábricas próprias. Diante disso, a McDonnell Douglas decidiu usar as instalações civis e militares do governo chinês.
O problema é que o Partido Comunista havia espalhado as fábricas de diferentes componentes aéreos por todo o país. Na complicada logística da Douglas, as asas viriam de Xian, a 1.300 km de Xangai, onde os aviões seriam montados; o cone dos narizes, de Chengdu, a 1.700 km; e partes da cauda e componentes elétricos, de Shanyang, a 1.600 km.
Em conseqüência, o custo dos aviões produzidos na China era 20% maior que o dos fabricados nos EUA. A situação complicou-se ainda mais quando as novas companhias aéreas do país começaram a comprar jatos da Boeing e da Airbus, e não da Douglas.
Segundo Studwell, a empresa se viu em meio a uma disputa política entre a Avic (Aviation Industries of China), à qual estava associada, e a Caac (Civil Aviation Administration of China), responsável pelas companhias aéreas, que optou por outros aviões.
Dos 40 aviões previstos no projeto "Trunkliner", só dois foram construídos, e, em 1997, a Douglas foi comprada por sua rival, a Boeing, e o contrato, cancelado.
Guan Dong Yuan, representante-chefe da Embraer na China, diz que a situação da empresa brasileira é diferente. Ele observa que a McDonnell Douglas deu licença para os chineses construírem seus aviões no país e não detinha controle de todo o processo.
A Embraer, afirma, possui 51% da joint venture criada com a Avic II e controla todo o processo de produção de seus aviões no país. (CT)


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