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Empresa dos EUA fracassou no país
ENVIADA ESPECIAL A HARBIN
Antes de a Embraer se instalar
na China, a única empresa estrangeira que havia produzido aviões
no país foi a norte-americana
McDonnell Douglas, que perdeu
milhões de dólares depois de 25
anos de negociações e acordos.
O caso é um dos vários desastres
empresariais estrangeiros na China relatados no livro "The China
Dream", do jornalista Joe Studwell, lançado em 2002. A Boeing
está presente na China, mas produz apenas componentes, que são
usados na montagem de seus
aviões em outros países.
A McDonnell Douglas começou
a atuar na China em 1979, ao fabricar peças e montar alguns de
seus aviões. Em 1991, conseguiu
um acordo bilionário, que compensaria os anos de atividade no
país sem obtenção de lucro. A empresa foi escolhida para fabricar
150 aviões, ao preço de US$ 6 bilhões, no projeto "Trunkliner".
Os problemas começaram em
1992, quando o contrato foi assinado: o número caiu para 40
aviões, e os chineses exigiram um
grau de nacionalização de 50%.
Os 40 aviões não dariam um ganho de escala suficiente para a
construção de fábricas próprias.
Diante disso, a McDonnell Douglas decidiu usar as instalações civis e militares do governo chinês.
O problema é que o Partido Comunista havia espalhado as fábricas de diferentes componentes
aéreos por todo o país. Na complicada logística da Douglas, as
asas viriam de Xian, a 1.300 km de
Xangai, onde os aviões seriam
montados; o cone dos narizes, de
Chengdu, a 1.700 km; e partes da
cauda e componentes elétricos, de
Shanyang, a 1.600 km.
Em conseqüência, o custo dos
aviões produzidos na China era
20% maior que o dos fabricados
nos EUA. A situação complicou-se ainda mais quando as novas
companhias aéreas do país começaram a comprar jatos da Boeing
e da Airbus, e não da Douglas.
Segundo Studwell, a empresa se
viu em meio a uma disputa política entre a Avic (Aviation Industries of China), à qual estava associada, e a Caac (Civil Aviation Administration of China), responsável pelas companhias aéreas, que
optou por outros aviões.
Dos 40 aviões previstos no projeto "Trunkliner", só dois foram
construídos, e, em 1997, a Douglas
foi comprada por sua rival, a
Boeing, e o contrato, cancelado.
Guan Dong Yuan, representante-chefe da Embraer na China, diz
que a situação da empresa brasileira é diferente. Ele observa que a
McDonnell Douglas deu licença
para os chineses construírem seus
aviões no país e não detinha controle de todo o processo.
A Embraer, afirma, possui 51%
da joint venture criada com a Avic
II e controla todo o processo de
produção de seus aviões no país.
(CT)
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