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Juro à pessoa física sobe e bate recordes
Taxa no comércio é a maior desde setembro de 2003, diz pesquisa; tendência contraria quedas consecutivas da Selic
Para especialistas, aumento reflete principalmente a elevação dos índices de inadimplência dos consumidores no país
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O consumidor paga a maior
taxa de juros no comércio desde setembro de 2003. O índice
observado em junho atingiu a
média de 6,21% ao mês (mais
de 106% ao ano) -só inferior
aos 6,32% registrados 33 meses
atrás. No cartão de crédito e no
empréstimo pessoal de financeiras, as taxas também cresceram e bateram recordes.
O levantamento, apresentado ontem -uma semana antes
da reunião do Copom (Comitê
de Política Monetária) que definirá a nova taxa Selic, nos dias
18 e 19-, pertence à Anefac, associação de executivos de finanças. Outra análise publicada ontem, feita pelo Procon de
São Paulo neste mês, mostra
que a tendência de alta continua nos bancos.
"Em junho não tivemos reunião do comitê, mas acreditávamos que haveria uma queda
das taxas. Isso porque em maio
a Selic tinha caído 0,5 ponto
percentual e isso ainda não havia sido repassado totalmente
ao mercado, pois a queda aconteceu no final de maio", diz Miguel de Oliveira, economista e
presidente da Anefac. Naquele
mês, a Selic caiu de 15,75% para
15,25% -a taxa atual.
No caso dos cartões de crédito, a Anefac mostra que o juro
mensal atingiu 10,35% no mês
passado -o maior percentual
desde janeiro de 2004 (10,36%
ao mês). Para o financiamento
à pessoa física, feito pelas financeiras administradas por
bancos, a taxa subiu para um
patamar só inferior ao verificado no final do ano passado
-período de vendas natalinas.
Em dezembro de 2005, a taxa
estava em 11,73% ao mês -contra 11,63% em junho passado.
Entidades do comércio explicam que repentinos aumentos
nas taxas variam de loja para loja, e uma subida pode pressionar o indicador geral. Além disso, os juros praticados têm influência direta do sobe-e-desce
da inadimplência do consumidor, explica a ACSP (Associação Comercial de São Paulo). E
o calote voltou a repicar em
maio, segundo todos os indicadores publicados em junho.
Além disso, análise do Banco
Central, citada no relatório de
inflação de junho, mostra que
há gordura nas taxas praticadas
pelos bancos porque parcela
elevada dos novos empréstimos feitos desde 2005 foi para
clientes de alto risco.
É importante ressaltar que as
informações sobre as taxas são
coletadas pela Anefac em
anúncios de redes varejistas,
em bancos e financeiras. Seria
possível, portanto, verificar outro comportamento dos juros
em empresas que não fazem
parte da coleta ou que ficaram
de fora da média do mercado.
No entanto, outro levantamento, coletado pelo Procon
SP, confirma esse movimento
de alta nas taxas. A fundação
analisou dez instituições financeiras, no último dia 3. No empréstimo pessoal, a taxa média
dos bancos pesquisados foi de
5,37% ao mês, superior à de junho, que foi de 5,30%.
No cheque especial, porém, o
número caiu de 8,24% em junho para 8,18% em julho. Nesse
caso, houve um "efeito contaminação", diz a diretoria do
Procon. O Unibanco reduziu
consideravelmente os seus juros e isso pressionou a média.
Redes varejistas e bancos informam que praticam taxas segundo o perfil de cada cliente.
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