São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 2006

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Juro à pessoa física sobe e bate recordes

Taxa no comércio é a maior desde setembro de 2003, diz pesquisa; tendência contraria quedas consecutivas da Selic

Para especialistas, aumento reflete principalmente a elevação dos índices de inadimplência dos consumidores no país

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O consumidor paga a maior taxa de juros no comércio desde setembro de 2003. O índice observado em junho atingiu a média de 6,21% ao mês (mais de 106% ao ano) -só inferior aos 6,32% registrados 33 meses atrás. No cartão de crédito e no empréstimo pessoal de financeiras, as taxas também cresceram e bateram recordes.
O levantamento, apresentado ontem -uma semana antes da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) que definirá a nova taxa Selic, nos dias 18 e 19-, pertence à Anefac, associação de executivos de finanças. Outra análise publicada ontem, feita pelo Procon de São Paulo neste mês, mostra que a tendência de alta continua nos bancos.
"Em junho não tivemos reunião do comitê, mas acreditávamos que haveria uma queda das taxas. Isso porque em maio a Selic tinha caído 0,5 ponto percentual e isso ainda não havia sido repassado totalmente ao mercado, pois a queda aconteceu no final de maio", diz Miguel de Oliveira, economista e presidente da Anefac. Naquele mês, a Selic caiu de 15,75% para 15,25% -a taxa atual.
No caso dos cartões de crédito, a Anefac mostra que o juro mensal atingiu 10,35% no mês passado -o maior percentual desde janeiro de 2004 (10,36% ao mês). Para o financiamento à pessoa física, feito pelas financeiras administradas por bancos, a taxa subiu para um patamar só inferior ao verificado no final do ano passado -período de vendas natalinas. Em dezembro de 2005, a taxa estava em 11,73% ao mês -contra 11,63% em junho passado.
Entidades do comércio explicam que repentinos aumentos nas taxas variam de loja para loja, e uma subida pode pressionar o indicador geral. Além disso, os juros praticados têm influência direta do sobe-e-desce da inadimplência do consumidor, explica a ACSP (Associação Comercial de São Paulo). E o calote voltou a repicar em maio, segundo todos os indicadores publicados em junho.
Além disso, análise do Banco Central, citada no relatório de inflação de junho, mostra que há gordura nas taxas praticadas pelos bancos porque parcela elevada dos novos empréstimos feitos desde 2005 foi para clientes de alto risco.
É importante ressaltar que as informações sobre as taxas são coletadas pela Anefac em anúncios de redes varejistas, em bancos e financeiras. Seria possível, portanto, verificar outro comportamento dos juros em empresas que não fazem parte da coleta ou que ficaram de fora da média do mercado.
No entanto, outro levantamento, coletado pelo Procon SP, confirma esse movimento de alta nas taxas. A fundação analisou dez instituições financeiras, no último dia 3. No empréstimo pessoal, a taxa média dos bancos pesquisados foi de 5,37% ao mês, superior à de junho, que foi de 5,30%.
No cheque especial, porém, o número caiu de 8,24% em junho para 8,18% em julho. Nesse caso, houve um "efeito contaminação", diz a diretoria do Procon. O Unibanco reduziu consideravelmente os seus juros e isso pressionou a média.
Redes varejistas e bancos informam que praticam taxas segundo o perfil de cada cliente.


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