São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 2006

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Companhia cancela 49% de seus vôos nacionais; agência prorroga emergência

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Como já era esperado, a Varig falhou em alcançar os índices mínimos de operação previstos na legislação no mês passado devido ao cancelamento de centenas de vôos. Mas isso não implicará punição porque a agência reguladora do setor decidiu "colaborar" e dar "tratamento diferenciado" à companhia aérea até o próximo leilão, na segunda-feira.
Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o caso da Varig é diferente porque a empresa está "sub judice" durante o processo de recuperação conduzido pela Justiça do Rio. Enquanto isso, os consumidores seriam atendidos pelas aéreas concorrentes que vêm endossando bilhetes.
A Varig obteve 51% no índice de regularidade doméstico, fundamental para que a empresa mantenha a concessão pública de exploração do serviço. No internacional foi ainda menor: 46%. Os vôos regionais não foram cumpridos. A legislação exige mínimo de 60%.
Os números fazem parte dos índices de regularidade, pontualidade e eficiência de junho, quando a Varig passou a manter aviões em solo e cancelar dezenas de vôos diariamente. As justificativas para o cancelamento dos vôos retratam a situação vivida pela empresa: alguns aviões são impedidos de voar por falta de segurança, outros podem ser arrestados e há os que estão em manutenção.
Nos vôos que continuaram, a qualidade do serviço caiu. Enquanto TAM e Gol obtiveram 96% e 98% de pontualidade, a Varig ficou em 82% nas rotas domésticas, semelhante aos 83% dos vôos internacionais.
Com base nos dados, é possível dizer que em junho, um passageiro da Varig tinha 42% de chance de embarcar no vôo doméstico previsto e no horário correto. A taxa se refere ao índice de eficiência operacional, criado pelo DAC (Departamento de Aviação Civil), antecessor da Anac. Em caso de vôo internacional, a chance era de 38%.
Se o passageiro optou pela TAM ou pela Gol, as chances foram de 90% e 94% ou 91% e 88%, respectivamente.
Questionada pela Folha, a assessoria de imprensa da Anac informou que a questão está sob análise da Justiça e que não cabe à agência repassar rotas e trechos da Varig para outras aéreas ou suspender a autorização de vôo. A Transbrasil, por exemplo, continua como concessionária, mas não possui mais autorização de vôo.
Segundo a assessoria, a Anac "colabora com a Varig" com um "tratamento diferenciado" e "não é o caso" de aplicar punições à empresa.

Sobrevida
Ontem a Varig informou que vai prorrogar a paralisação parcial de suas operações até segunda-feira. Com disso, a Anac resolveu estender até essa data o plano de emergência que obriga as concorrentes a endossar bilhetes já emitidos.
A operação com malha reduzida prioriza as rotas mais rentáveis. A companhia continua a operar para 26 destinos.


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