São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 2006

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Manobra do governo barra votação do aumento de 5% a aposentados

Estratégia foi saída para evitar aprovação de emenda que fatiaria o reajuste

SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para evitar o desgaste político de um novo veto presidencial, o governo manobrou para impedir ontem a votação na Câmara da medida provisória que estabelece 5% de reajuste aos aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que ganham mais de um salário mínimo.
A obstrução da votação foi uma saída do governo para evitar a aprovação de uma emenda de autoria do líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ), que ganharia preferência na ordem de votação em relação ao texto original da MP. A emenda do pefelista fatia o reajuste de 16,67%, vetado anteontem pelo Planalto, em duas alíquotas: uma de 5% e outra de 11,11% (o resultado final seriam os 16,67%). Na prática, se aprovada, a emenda forçaria um novo veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A votação foi tensa. Após o presidente da Casa, Aldo Rebelo (PC do B-SP), declarar rejeitado o pedido de preferência de votação da emenda de Maia, por votação simbólica, o PFL pediu verificação do quórum do plenário, o que forçou cada deputado a registrar presença.
Mas quando o quórum atingiu 244 deputados (13 a menos do que o necessário), Aldo encerrou a votação. Sem o número mínimo para manter a sessão, a votação foi adiada.
Na seqüência, a oposição acusou Aldo de ter manobrado a favor do governo. O líder do PDT, Miro Teixeira (RJ), criticou Aldo: "O plenário é testemunha. Isso é arbitrariedade".
Aldo argumentou que esperou 45 minutos pelo registro de presença e que não pode se submeter ao capricho de uma ou outra liderança.
A intenção do governo era votar a MP em caráter simbólico, ou seja, sem a necessidade de cada deputado deixar seu nome registrado contra o aumento de 16,67%. Os partidos chegaram a aceitar um acordo para a opção simbólica, desde que os partidos manifestassem a posição no painel, mas o PFL decidiu se opor.


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