São Paulo, quinta-feira, 12 de julho de 2007

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Reservas internacionais já chegam a US$ 150 bi

Fluxo de dólares em junho é recorde; Bolsa sobe 0,85%

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Graças às compras de dólares feitas pelo Banco Central, as reservas em moeda estrangeira do Brasil cresceram US$ 50 bilhões em pouco mais de quatro meses e devem chegar ao valor recorde de US$ 150 bilhões entre hoje e amanhã. Segundo o dado mais recente disponível, anteontem o saldo estava em US$ 149,324 bilhões.
Operadores de mercado disseram que o BC deve ter adquirido em leilão ontem cerca de US$ 800 milhões, o que levaria as reservas a US$ 150 bilhões.
As reservas estão no maior nível da história desde outubro do ano passado, quando ultrapassaram a casa dos US$ 75 bilhões pela primeira vez. De lá para cá, dobraram de tamanho e devem continuar crescendo, devido ao forte ingresso de capital externo no Brasil. Só no mês passado, a entrada de divisas somou US$ 16,561 bilhões, maior valor da série estatística do BC, que tem início em 1982. O número pode ser dividido em duas partes: US$ 9,456 bilhões de operações de comércio exterior (diferença entre os dólares trazidos por exportadores e as remessas feitas por importadores) e US$ 7,105 bilhões de transações financeiras.
Essas transações financeiras foram infladas por uma entrada de investimento estrangeiro direto que, segundo estimativa do BC, chegou a mais de US$ 6 bilhões no mês passado. A conta inclui também empréstimos captados no exterior, assim como as remessas feitas para pagamentos da dívida externa, entre outros compromissos.
No primeiro semestre, o fluxo líquido de moeda estrangeira para o Brasil somou US$ 51,627 bilhões, superando os US$ 23,130 bilhões apurados ao longo de todo o ano de 2006. No mesmo período, o BC comprou US$ 57 bilhões no mercado para reforçar as reservas internacionais, uma espécie de poupança em moeda estrangeira mantida pelo governo.
Segundo Mário Battistel, diretor da corretora Novação, o forte fluxo de capital externo para o Brasil explica a valorização do real observada até agora. "Com toda essa entrada [de dólares], não tinha como ser diferente", afirma.
Ontem o dólar chegou a ser negociado a R$ 1,885. Mas não se manteve em nível tão baixo. Intervenção mais pesada do Banco Central colaborou para a moeda fechar a R$ 1,892 (recuo de 0,05%).
Há um mês, diante da queda do dólar, o BC promoveu mudanças nas regras cambiais, impondo limites mais rígidos para bancos que operam com dólares. Depois da medida, as instituições financeiras compraram aproximadamente US$ 8 bilhões no mercado.
Ainda assim, Battistel afirma que o efeito dessa mudança não deve durar muito tempo. "Os bancos que tinham que se ajustar já se ajustaram e voltaram a operar como antes", diz. Para ele, os elevados juros praticados no país é que respondem por boa parte desse ingresso de dólares. "Enquanto o BC não baixar os juros, nada muda."

Ações em alta
Após o recuo de terça, o mercado acionário retomou a rota de alta ontem. A Bolsa de Valores de São Paulo registrou valorização de 0,85% e encostou em seu máximo patamar histórico, ao encerrar com 56.356 pontos.
A recuperação da Bolsa paulista foi impulsionada por papéis tradicionais, como Vale do Rio Doce PNA (alta de 2,59%).
O resultado em Wall Street também foi positivo, com os investidores focados no início da safra de balanços do segundo trimestre. O índice Dow Jones ganhou 0,56%, e a Bolsa eletrônica Nasdaq subiu 0,48%.


Colaborou FABRICIO VIEIRA, da Reportagem Local


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