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Meirelles diz a bancos que meta é de 4,5%
Em encontros com tesoureiros de instituições, Meirelles
muda discurso sobre centro do alvo de inflação para 2009
Participantes de reuniões
dizem que mensagem do BC
é que decisão sobre a meta
foi política; Mantega volta a
alimentar dúvidas sobre alvo
SHEILA D'AMORIM
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de negar que faria um
encontro reservado com as instituições financeiras para tentar reverter o desgaste do BC
no debate sobre a inflação para
2009, o presidente da instituição, Henrique Meirelles, e o diretor de Política Monetária,
Mário Torós, iniciaram uma série de reuniões fechadas com
tesoureiros de grandes bancos.
Segundo a Folha apurou
com pessoas que participaram
das conversas, Meirelles mudou de discurso e assumiu que
a única meta oficial de inflação
são os 4,5% defendidos pelo
ministro Guido Mantega (Fazenda), ao contrário do que sinalizou há duas semanas.
A mensagem do presidente
do BC nas conversas individuais tem sido a de que a decisão sobre a meta foi política.
Com isso, Meirelles tenta preservar o BC dizendo que o banco cumpre o que é determinado pelo Conselho Monetário
Nacional, integrado por ele e os
ministros Mantega e Paulo
Bernardo (Planejamento).
Para as pessoas que participaram dos encontros ouvidas
pela Folha, ficou a impressão
de que o presidente do BC quer
se "isentar de responsabilidades" no caso de uma alta das
expectativas de inflação.
Em nota enviada pela assessoria de imprensa, o BC trata as
reuniões como "rotineiras". Segundo a assessoria, os encontros foram com os agentes autorizados a operar com câmbio
para esclarecer dúvidas sobre a
legislação. "Em relação à meta
de inflação, o BC não tem nada
a acrescentar ao que foi dito na
entrevista coletiva concedida
pelos integrantes do CMN."
Há duas semanas, quando o
CMN fixou o alvo para a inflação de 2009, o presidente do
BC fez questão de destacar que
as projeções de 4% para a inflação de 2008 e 2009 eram consideradas "adequadas" pelo
banco. "Não há orientação para
que a inflação convirja para
4,5%. As expectativas estão
adequadas, e o BC deve prosseguir com a política monetária",
disse Meirelles à época.
Ontem, Mantega voltou a alimentar as dúvidas quanto às
metas de inflação. Ao negar que
o governo possa desistir do
centro da meta, ele afirmou
que o objetivo para 2009 é
4,5%, mas que, se as condições
permitirem, o governo vai tentar número inferior. A explicação, na opinião de analistas, foi
insuficiente para dirimir as
questões sobre o tema.
"Nós deixamos muito claro: a
meta é 4,5%. O Banco Central
mira no centro, mas, se ele puder fazer inflação menor, fará
inflação menor com o nosso
apoio", disse. "Não muda absolutamente nada, o sistema é o
mesmo", completou.
Colaborou FERNANDO NAKAGAWA,
da Sucursal de Brasília
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