São Paulo, quinta-feira, 12 de julho de 2007

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Meirelles diz a bancos que meta é de 4,5%

Em encontros com tesoureiros de instituições, Meirelles muda discurso sobre centro do alvo de inflação para 2009

Participantes de reuniões dizem que mensagem do BC é que decisão sobre a meta foi política; Mantega volta a alimentar dúvidas sobre alvo

SHEILA D'AMORIM
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de negar que faria um encontro reservado com as instituições financeiras para tentar reverter o desgaste do BC no debate sobre a inflação para 2009, o presidente da instituição, Henrique Meirelles, e o diretor de Política Monetária, Mário Torós, iniciaram uma série de reuniões fechadas com tesoureiros de grandes bancos.
Segundo a Folha apurou com pessoas que participaram das conversas, Meirelles mudou de discurso e assumiu que a única meta oficial de inflação são os 4,5% defendidos pelo ministro Guido Mantega (Fazenda), ao contrário do que sinalizou há duas semanas.
A mensagem do presidente do BC nas conversas individuais tem sido a de que a decisão sobre a meta foi política. Com isso, Meirelles tenta preservar o BC dizendo que o banco cumpre o que é determinado pelo Conselho Monetário Nacional, integrado por ele e os ministros Mantega e Paulo Bernardo (Planejamento).
Para as pessoas que participaram dos encontros ouvidas pela Folha, ficou a impressão de que o presidente do BC quer se "isentar de responsabilidades" no caso de uma alta das expectativas de inflação.
Em nota enviada pela assessoria de imprensa, o BC trata as reuniões como "rotineiras". Segundo a assessoria, os encontros foram com os agentes autorizados a operar com câmbio para esclarecer dúvidas sobre a legislação. "Em relação à meta de inflação, o BC não tem nada a acrescentar ao que foi dito na entrevista coletiva concedida pelos integrantes do CMN."
Há duas semanas, quando o CMN fixou o alvo para a inflação de 2009, o presidente do BC fez questão de destacar que as projeções de 4% para a inflação de 2008 e 2009 eram consideradas "adequadas" pelo banco. "Não há orientação para que a inflação convirja para 4,5%. As expectativas estão adequadas, e o BC deve prosseguir com a política monetária", disse Meirelles à época.
Ontem, Mantega voltou a alimentar as dúvidas quanto às metas de inflação. Ao negar que o governo possa desistir do centro da meta, ele afirmou que o objetivo para 2009 é 4,5%, mas que, se as condições permitirem, o governo vai tentar número inferior. A explicação, na opinião de analistas, foi insuficiente para dirimir as questões sobre o tema.
"Nós deixamos muito claro: a meta é 4,5%. O Banco Central mira no centro, mas, se ele puder fazer inflação menor, fará inflação menor com o nosso apoio", disse. "Não muda absolutamente nada, o sistema é o mesmo", completou.


Colaborou FERNANDO NAKAGAWA, da Sucursal de Brasília


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