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Retração da indústria não vai frear o PIB, diz Meirelles
Presidente do BC afirma que mantém projeção de crescimento de 4% para a economia
Para ele, apesar de indicadores favoráveis, país ainda tem desafios para alcançar crescimento médio dos demais emergentes
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse
ontem que a queda da produção industrial em junho (-1,7%)
foi "pontual" e que não altera a
meta da instituição para o PIB
deste ano -alta de 4%. Meirelles disse, entretanto, que a economia brasileira ainda "tem desafios" para alcançar o nível de
crescimento médio dos países
emergentes.
"A nossa previsão continua
sendo de 4%, conforme nossos
últimos relatórios de inflação",
disse Meirelles, que participou
ontem no Rio do 8º Seminário
de Metas de Inflação, promovido pela instituição.
Para ele, a retração da indústria -que havia crescido 1,6%
em maio- "era esperada" em
razão do efeito da Copa do
Mundo, que paralisou linhas de
produção, e da greve da Receita
Federal, que prejudicou importações e exportações.
"Era esperada essa questão
da queda da produção industrial. E, no mês de julho, já temos diversos indicadores que
mostram uma recuperação
consistente", afirmou. O presidente do BC citou a produção
de veículos e o consumo de
energia. Segundo o presidente
do BC, os indicadores disponíveis apontam para "um cenário
consistente com a previsão de
4% neste ano".
Meirelles disse que em 2006
o consumo interno compensará a menor demanda externa
-efeito da perda de competitividade dos produtos brasileiros
gerada pela valorização do real.
"Temos hoje no país um crescente aumento da demanda doméstica, o que está, em boa medida, compensando a demanda
externa, que não está crescendo na velocidade anterior, apesar de estar muito alta."
Segundo ele, a expansão do
PIB, do volume de crédito na
economia e a taxa de investimento se ampliaram nos últimos anos. O desafio, porém, é
aproximar esses indicadores da
média dos demais emergentes.
Embora sempre evitando fazer comentários sobre a trajetória futura do câmbio, Meirelles minimizou o efeito da valorização do real sobre a inflação,
apontada por especialistas como a maior causa para a redução de preços. "Houve valorização [do real]. A moeda é um fator [indutor da queda dos preços], mas não é um fator que, na
nossa opinião, prevaleça."
(PEDRO SOARES)
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