São Paulo, quarta-feira, 12 de agosto de 2009

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Com aumento no desemprego, EUA vivem salto de produtividade

Dado significa que menos pessoas empregadas estão trabalhando mais

Andrew Harrer - 6.abr.09/Bloomberg News
Operário em fábrica de NY; desemprego está em 9,4% no país

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Na esteira dos 6,7 milhões de demissões desde o início da recessão, a produtividade média dos trabalhadores nos EUA deu o maior salto em seis anos durante o segundo trimestre de 2009. O aumento anualizado foi de 6,4%. Isso significa que menos pessoas empregadas estão trabalhando mais.
Um informe separado do governo mostrou que o comércio cortou seus estoques em julho pelo décimo mês consecutivo. A estratégia nos últimos meses tem sido manter esses estoques no nível mais baixo possível a fim de evitar a tomada de crédito. E manter em caixa o máximo de dinheiro vivo.
Os dois indicadores dão relevo à mesma estratégia que vem sendo adotada pelo comércio e pela indústria nos EUA.
Apesar de o país viver a pior recessão desde os anos 1930, com o desemprego na faixa de 9,4%, as empresas vêm apresentando lucros surpreendentes nos resultados do segundo trimestre.
Isso não significa, necessariamente, que o país esteja saindo rápido da crise ou que o setor produtivo tenderá a empregar mais pessoas adiante.
Os cortes de pessoal e estoques visam neste momento ampliar as margens de lucratividade, mesmo que o tamanho dos negócios e da economia como um todo encolham.
Depois de cortes agressivos de funcionários, horas extras e de renegociações salariais para baixo entre abril e junho passados, 73% das empresas que já divulgaram os lucros referentes ao período bateram as expectativas dos analistas.
Internamente, grandes redes de comércio e indústrias fecham lojas e interrompem linhas de produção. Externamente, passaram a investir mais e a contar com lucros gerados em países onde a crise é mais branda, como na Ásia e, em menor medida, na América Latina.
Os últimos balanços de companhias como Caterpillar, Microsoft, Intel e IBM revelam que hoje elas dependem muito mais dos lucros realizados em outros países para fechar com resultados positivos.
Como do ponto de vista dos acionistas o que importa é o resultado final da companhia, que define o valor dos dividendos a serem pagos por ação, as empresas tendem a aprofundar essa estratégia neste momento de crise.
Isso explica, por exemplo, a forte e recente valorização da Bolsa de Valores de Nova York, que já gira acima dos 9.000 pontos (índice Dow Jones), voltando quase ao patamar pré-crise.
Isso ocorreu mesmo após a queda de 1% no PIB (Produto Interno Bruto) no segundo trimestre e diante de um esperado crescimento positivo, mas muito baixo, a partir de julho.
O lado bom do aumento da produtividade é que ele ajuda a conter pressões inflacionárias, pois menos trabalhadores produzem mais, diminuindo pressões sobre os custos.
"Embora o aumento da produtividade seja mais um indicativo de que a recessão vai chegando ao fim, a má notícia é que o dado revela que as empresas continuam relutantes em contratar novos funcionários", afirma Harm Bandholz, economista da UniCredit Markets and Investment Banking, de Nova York.


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