São Paulo, quarta-feira, 12 de agosto de 2009

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Itaú lucra menos com calote e desaceleração do crédito

Rentabilidade supera as de Bradesco e Santander, de acordo com Economática

Instituição financeira vê inadimplência subir 35% desde junho do ano passado e dobra provisões para devedores duvidosos

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Maior banco privado brasileiro, o Itaú Unibanco reportou ontem queda no lucro no primeiro semestre de 2009, reflexo dos efeitos da crise na economia e na atividade bancária, em particular. Como mostraram também Bradesco e Santander, o setor foi afetado por desaceleração do crédito, aumento da inadimplência e redução nas receitas com serviços e nas atividades de banco de investimento. Mesmo assim, essas instituições mantiveram-se lucrativas e rentáveis.
No primeiro semestre, o Itaú Unibanco teve lucro líquido de R$ 4,586 bilhões, valor 17,8% menor do que o do mesmo período de 2008, época de expansão de 30% nos empréstimos. Excluindo os efeitos extraordinários (venda de participações e créditos tributários), teve ganho de R$ 4,99 bilhões, 10,1% menos do que em 2008.
O resultado do Itaú superou o do Bradesco, que lucrou R$ 4,02 bilhão -2,8% superior ao do mesmo período de 2008. O Santander lucrou R$ 1,649 bilhão, 6,6% acima de 2008.
Segundo Silvio de Carvalho, diretor financeiro do Itaú, a desaceleração do crédito e a necessidade de provisões maiores para inadimplência impediram um resultado melhor. "Não tivemos um crescimento tão forte no crédito como vinha no passado. O crescimento foi menor tanto pela demanda de crédito [que diminuiu] como também pela forma mais seletiva em que operamos em razão da crise. Mas o principal fator está ligado à inadimplência, que deve se estabilizar no terceiro trimestre. Os novos empréstimos já mostram uma melhora."
Na comparação do segundo trimestre com o primeiro, aparece crescimento nominal de 27% no lucro líquido do Itaú, que somou R$ 2,571 bilhões.
Em junho, a carteira total de empréstimos somou R$ 234,5 bilhões, volume 15% maior do que no final do primeiro semestre de 2008, mas 2,5% menor do que no fim de março. A retração se deve ao impacto da queda do dólar nas operações no exterior -sem o câmbio, haveria alta de 0,5% nessa comparação, pouco melhor do que o Bradesco, que teve retração de 0,1% na carteira.
Os empréstimos com atraso acima de 90 dias subiram 35% desde junho de 2008 e atingiram 5,4% da carteira. Já as provisões para perdas saltaram 97% em um ano -passaram de R$ 11,6 bilhões em junho de 2008 para R$ 22,9 bilhões no final do primeiro semestre.
Levantamento da consultoria Economática mostra que o Bradesco perdeu para o Itaú em termos de lucro no primeiro semestre, mas superou o rival em rentabilidade. O Bradesco teve retorno sobre o patrimônio médio de 11,2%, enquanto Itaú teve de 10,1%, e o Santander, de 2,1%. O indicador reflete quanto uma empresa consegue crescer sem investimento, usando apenas o patrimônio que já possui.
O banco decidiu testar neste mês a conversão de algumas agências do Unibanco em Itaú. Segundo Carvalho, o processo deve se intensificar no restante do ano e terminar em 2011.


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