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Itaú lucra menos com calote e desaceleração do crédito
Rentabilidade supera as de Bradesco e Santander, de acordo com Economática
Instituição financeira vê inadimplência subir 35% desde junho do ano passado e dobra provisões para devedores duvidosos
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Maior banco privado brasileiro, o Itaú Unibanco reportou
ontem queda no lucro no primeiro semestre de 2009, reflexo dos efeitos da crise na economia e na atividade bancária,
em particular. Como mostraram também Bradesco e Santander, o setor foi afetado por
desaceleração do crédito, aumento da inadimplência e redução nas receitas com serviços e nas atividades de banco de
investimento. Mesmo assim,
essas instituições mantiveram-se lucrativas e rentáveis.
No primeiro semestre, o Itaú
Unibanco teve lucro líquido de
R$ 4,586 bilhões, valor 17,8%
menor do que o do mesmo período de 2008, época de expansão de 30% nos empréstimos.
Excluindo os efeitos extraordinários (venda de participações
e créditos tributários), teve ganho de R$ 4,99 bilhões, 10,1%
menos do que em 2008.
O resultado do Itaú superou
o do Bradesco, que lucrou R$
4,02 bilhão -2,8% superior ao
do mesmo período de 2008. O
Santander lucrou R$ 1,649 bilhão, 6,6% acima de 2008.
Segundo Silvio de Carvalho,
diretor financeiro do Itaú, a desaceleração do crédito e a necessidade de provisões maiores
para inadimplência impediram
um resultado melhor. "Não tivemos um crescimento tão forte no crédito como vinha no
passado. O crescimento foi menor tanto pela demanda de crédito [que diminuiu] como também pela forma mais seletiva
em que operamos em razão da
crise. Mas o principal fator está
ligado à inadimplência, que deve se estabilizar no terceiro trimestre. Os novos empréstimos
já mostram uma melhora."
Na comparação do segundo
trimestre com o primeiro, aparece crescimento nominal de
27% no lucro líquido do Itaú,
que somou R$ 2,571 bilhões.
Em junho, a carteira total de
empréstimos somou R$ 234,5
bilhões, volume 15% maior do
que no final do primeiro semestre de 2008, mas 2,5% menor do que no fim de março. A
retração se deve ao impacto da
queda do dólar nas operações
no exterior -sem o câmbio, haveria alta de 0,5% nessa comparação, pouco melhor do que o
Bradesco, que teve retração de
0,1% na carteira.
Os empréstimos com atraso
acima de 90 dias subiram 35%
desde junho de 2008 e atingiram 5,4% da carteira. Já as provisões para perdas saltaram
97% em um ano -passaram de
R$ 11,6 bilhões em junho de
2008 para R$ 22,9 bilhões no final do primeiro semestre.
Levantamento da consultoria Economática mostra que o
Bradesco perdeu para o Itaú
em termos de lucro no primeiro semestre, mas superou o rival em rentabilidade. O Bradesco teve retorno sobre o patrimônio médio de 11,2%, enquanto Itaú teve de 10,1%, e o
Santander, de 2,1%. O indicador reflete quanto uma empresa consegue crescer sem investimento, usando apenas o patrimônio que já possui.
O banco decidiu testar neste
mês a conversão de algumas
agências do Unibanco em Itaú.
Segundo Carvalho, o processo
deve se intensificar no restante
do ano e terminar em 2011.
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