São Paulo, terça-feira, 12 de setembro de 2000

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SIDERURGIA
Operação foi fechada ontem entre as empresas e principais acionistas
Descruzamento Vale-CSN terá US$ 390 mi do BNDES

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) vai financiar, direta e indiretamente, US$ 390 milhões (R$ 702 milhões) na operação de descruzamento de participações entre a Vale do Rio Doce, a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e seus principais acionistas. A operação foi fechada ontem. O beneficiário do financiamento será o grupo Vicunha, que passará a deter 46% do capital da CSN.
O empréstimo do banco estatal será US$ 90 milhões maior que os US$ 300 milhões que sua direção havia estipulado como limite máximo para financiar a operação.
Do total, US$ 200 milhões (R$ 360 milhões) serão em empréstimo direto, via compra pela BNDESPar (BNDES Participações) de debêntures (títulos de crédito) conversíveis em ações ordinárias da CSN. O dinheiro será emprestado ao custo de TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), atualmente em 10,5% ao ano, mais 5% ao ano de taxa de risco, com prazo de dez anos, sendo cinco de carência.
Os outros US$ 190 milhões (R$ 342 milhões) serão repassados ao Vicunha pelos bancos Unibanco e BBA Creditanstalt em partes iguais. Eles usarão recursos captados das linhas de crédito do BNDES a que têm acesso, na condição de TJLP mais 2,5%, com o mesmo prazo de dez anos.
Os bancos assumirão totalmente o risco dessa parte do financiamento, cobrando por isso uma taxa de 1,5% ao ano. Isso fará com que o dinheiro do BNDES repassado saia para o Vicunha um ponto percentual ao ano mais barato do que o financiamento direto do banco estatal. A perda que o BNDES terá em relação às condições do seu empréstimo direto será de US$ 4,75 milhões.
No total, o Vicunha receberá financiamento de US$ 600 milhões para comprar as participações da Bradespar (grupo Bradesco) e da Previ (fundo de pensão dos empregados do Banco do Brasil) na CSN. O restante do financiamento virá dos próprios vendedores (US$ 150 milhões) e do Unibanco com recursos próprios (US$ 60 milhões).
Os cerca de US$ 500 milhões que faltam para fechar a operação o Vicunha pagará com dividendos que vai receber por sua participação atual na própria CSN.
O presidente do BNDES, Francisco Gros, disse que o banco manteve seu propósito de não emprestar mais da metade do financiamento necessário, acabando por emprestar somente 33,33%.Ele disse que não havia como evitar que o Vicunha obtivesse também dinheiro do banco estatal via agentes repassadores.
O descruzamento de participações se complementa com a compra pela Litel (71% Previ, mais outros fundos) e pela Eletron (85% Bradespar e 15% Opportunity) dos cerca de 32% que a CSN tem no capital da Vale do Rio Doce.



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