São Paulo, terça-feira, 12 de setembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Economia brasileira precisa ser mais aberta, afirma comissário europeu

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O comissário de Comércio da União Européia, Peter Mandelson, defendeu ontem, em São Paulo, uma maior liberalização da economia brasileira. De acordo com ele, Brasil, Índia e China já cortaram suas tarifas de importação na última década, mas a Rodada Doha (negociações para a liberalização do comércio mundial) pede desses países "um passo a mais".
"Eu acredito que a economia brasileira poderia confortavelmente absorver uma liberalização maior ou, em muitos casos, a consolidação da liberalização que já aconteceu", disse, durante palestra na Faap (Fundação Armando Álvares Penteado).
Segundo ele, os mais "surpreendentes benefícios" de aberturas comerciais foram aqueles sentidos por esses países nos últimos anos. "Então é legítima a expectativa de que o Brasil e outros países do G-20 [que reúne 23 países em desenvolvimento] ofereçam novos acessos aos seus mercados de serviços e manufaturados."
Ele cobrou ainda maior comprometimento de Brasil, Índia e China com países mais pobres, como os africanos. Segundo ele, 70% das tarifas pagas pelos países pobres não são em exportações para a Europa e os EUA, mas para outras nações em desenvolvimento.
Pela manhã, Mandelson esteve reunido com empresários na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
O comissário passou o último fim de semana no Rio de Janeiro discutindo a Rodada Doha com representantes de países desenvolvidos e em desenvolvimento. Ficou decidido que as negociações da rodada, paralisadas em julho, só serão retomadas em março de 2007.
Ontem, na Fiesp, ele disse que a boa notícia é que todos concordaram que retomar Doha é uma prioridade. "Volto com espírito positivo. A má notícia é que não ouvimos nada que permita acabar com a paralisação das negociações."
Mandelson voltou a cobrar dos EUA uma posição mais firme no corte de subsídios agrícolas e afirmou que foram os americanos os principais responsáveis pela interrupção.
"É preciso fazer cortes em despesas que colocam os agricultores americanos em um patamar totalmente diferente", afirmou, para depois amenizar: "Não é verdade que somos perfeitos, e eles, horríveis. Todos temos que ser flexíveis".
Ele afirmou ainda que as negociações para um acordo entre UE e Mercosul poderiam ser realizadas ao mesmo tempo que as da Rodada Doha.
Sobre o aumento pela UE das tarifas de importação para o frango salgado, assunto sobre o qual foi cobrado pelo Brasil, ele disse saber que é assunto sensível. "A Europa tem a responsabilidade de respeitar a importância dessa indústria para o Brasil e buscar um equilíbrio cuidadoso entre nossos interesses e os brasileiros."


Texto Anterior: Ministro tenta antecipar fim de tarifa dupla
Próximo Texto: Governo deverá anunciar hoje pacote para habitação
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.