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Economia brasileira precisa ser mais aberta, afirma comissário europeu
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O comissário de Comércio da
União Européia, Peter Mandelson, defendeu ontem, em São
Paulo, uma maior liberalização
da economia brasileira. De
acordo com ele, Brasil, Índia e
China já cortaram suas tarifas
de importação na última década, mas a Rodada Doha (negociações para a liberalização do
comércio mundial) pede desses
países "um passo a mais".
"Eu acredito que a economia
brasileira poderia confortavelmente absorver uma liberalização maior ou, em muitos casos,
a consolidação da liberalização
que já aconteceu", disse, durante palestra na Faap (Fundação
Armando Álvares Penteado).
Segundo ele, os mais "surpreendentes benefícios" de
aberturas comerciais foram
aqueles sentidos por esses países nos últimos anos. "Então é
legítima a expectativa de que o
Brasil e outros países do G-20
[que reúne 23 países em desenvolvimento] ofereçam novos
acessos aos seus mercados de
serviços e manufaturados."
Ele cobrou ainda maior comprometimento de Brasil, Índia
e China com países mais pobres, como os africanos. Segundo ele, 70% das tarifas pagas
pelos países pobres não são em
exportações para a Europa e os
EUA, mas para outras nações
em desenvolvimento.
Pela manhã, Mandelson esteve reunido com empresários
na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
O comissário passou o último
fim de semana no Rio de Janeiro discutindo a Rodada Doha
com representantes de países
desenvolvidos e em desenvolvimento. Ficou decidido que as
negociações da rodada, paralisadas em julho, só serão retomadas em março de 2007.
Ontem, na Fiesp, ele disse
que a boa notícia é que todos
concordaram que retomar Doha é uma prioridade. "Volto
com espírito positivo. A má notícia é que não ouvimos nada
que permita acabar com a paralisação das negociações."
Mandelson voltou a cobrar
dos EUA uma posição mais firme no corte de subsídios agrícolas e afirmou que foram os
americanos os principais responsáveis pela interrupção.
"É preciso fazer cortes em
despesas que colocam os agricultores americanos em um patamar totalmente diferente",
afirmou, para depois amenizar:
"Não é verdade que somos perfeitos, e eles, horríveis. Todos
temos que ser flexíveis".
Ele afirmou ainda que as negociações para um acordo entre
UE e Mercosul poderiam ser
realizadas ao mesmo tempo
que as da Rodada Doha.
Sobre o aumento pela UE das
tarifas de importação para o
frango salgado, assunto sobre o
qual foi cobrado pelo Brasil, ele
disse saber que é assunto sensível. "A Europa tem a responsabilidade de respeitar a importância dessa indústria para o
Brasil e buscar um equilíbrio
cuidadoso entre nossos interesses e os brasileiros."
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