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Temor de freada derruba commodities
Desde o pico atingido em maio, índice de produtos do setor apresenta queda de 14%, sob expectativa de desaquecimento econômico
Ontem, 18 das 19 commodities do indicador, entre agrícolas e metais,
recuaram; alguns analistas vêem só "flutuações cíclicas"
DA REDAÇÃO
DA BLOOMBERG
As commodities caíram ontem em meio a uma reacomodação do mercado, depois de
meses de altas seguidas do preço desses produtos, principalmente metais e petróleo.
O índice CRB Reuters-Jefferies de commodities (agrícolas
e não-agrícolas) caiu 2,1% ontem e fechou a 313,73 pontos.
Dezoito das dezenove commodities que compõem o índice caíram ontem. Desde maio,
quando atingiu recorde, o índice já recuou cerca de 14%.
A queda generalizada das
commodities, que atingiu tanto
os produtos agrícolas quanto os
não-agrícolas, como metais,
mexeu com os mercados acionários pelo mundo e afetou negativamente a Bolsa brasileira, devido à dependência do país da exportação de produtos básicos.
A queda dos preços das commodities derrubou as ações das
brasileiras Petrobras (petróleo) e Vale (minério de ferro).
O açúcar já caiu 40% na Bolsa
de Nova York em relação a seu
pico de fevereiro.
O ouro recuou para níveis inferiores a US$ 600 a onça ontem, seu patamar mais baixo
em dez semanas. A soja está
15% abaixo de seu pico atingido
em julho.
"Estamos passando por uma
catarse. É uma correção de um
mercado animado em demasia.
Nós estamos vendo muita liquidação de fundos e realocação de ativos", afirmou William
O'Neill, analista da americana
Logic Advisors.
A perspectiva de crescimento mais fraco nas grandes economias do mundo está levando
os mercados a prever a queda
da demanda por commodities
como o cobre, o petróleo, a soja
e o milho.
A expansão da China, onde o
crescimento de 9% alcançado
nos últimos quatro anos causou a disparada dos pedidos das
matérias-primas, pode ser
abreviada se o BC do país elevar
os juros e coibir o crédito.
Otimismo
Alguns estrategistas, no entanto, continuam otimistas. James Gutman, economista-sênior de commodities do Goldman Sachs, diz que as perdas
nas commodities não são mais
do que "flutuações cíclicas".
"Seguramente não estamos
no fim do mercado otimista de
longo prazo", diz Gutman. "Se
houver algumas correções de
curto prazo, vou encará-las como oportunidade de compra."
Frederic Lasserre, diretor de
pesquisa de commodities da
Société Générale, afirma que "é
provável" a ocorrência de uma
retração de 50% nos preços dos
metais.
O investidor Marc Faber, diretor-executivo da Marc Faber,
concordou que o desaquecimento da economia global significa preços mais baixos.
"Algumas commodities industriais podem ter atingido
seu pico de todos os tempos",
afirmou Faber.
"Os grãos e metais preciosos
podem continuar a subir, uma
vez que não estão vinculados ao
ciclo econômico", disse ele.
A queda das commodities ganhou impulso na última sexta-feira, com a retração do petróleo, do ouro e do cobre. O ritmo
das depreciações pode desacelerar nos próximos 12 meses.
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