São Paulo, terça-feira, 12 de setembro de 2006

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Temor de freada derruba commodities

Desde o pico atingido em maio, índice de produtos do setor apresenta queda de 14%, sob expectativa de desaquecimento econômico

Ontem, 18 das 19 commodities do indicador, entre agrícolas e metais, recuaram; alguns analistas vêem só "flutuações cíclicas"


DA REDAÇÃO
DA BLOOMBERG

As commodities caíram ontem em meio a uma reacomodação do mercado, depois de meses de altas seguidas do preço desses produtos, principalmente metais e petróleo.
O índice CRB Reuters-Jefferies de commodities (agrícolas e não-agrícolas) caiu 2,1% ontem e fechou a 313,73 pontos.
Dezoito das dezenove commodities que compõem o índice caíram ontem. Desde maio, quando atingiu recorde, o índice já recuou cerca de 14%.
A queda generalizada das commodities, que atingiu tanto os produtos agrícolas quanto os não-agrícolas, como metais, mexeu com os mercados acionários pelo mundo e afetou negativamente a Bolsa brasileira, devido à dependência do país da exportação de produtos básicos.
A queda dos preços das commodities derrubou as ações das brasileiras Petrobras (petróleo) e Vale (minério de ferro).
O açúcar já caiu 40% na Bolsa de Nova York em relação a seu pico de fevereiro.
O ouro recuou para níveis inferiores a US$ 600 a onça ontem, seu patamar mais baixo em dez semanas. A soja está 15% abaixo de seu pico atingido em julho.
"Estamos passando por uma catarse. É uma correção de um mercado animado em demasia. Nós estamos vendo muita liquidação de fundos e realocação de ativos", afirmou William O'Neill, analista da americana Logic Advisors.
A perspectiva de crescimento mais fraco nas grandes economias do mundo está levando os mercados a prever a queda da demanda por commodities como o cobre, o petróleo, a soja e o milho.
A expansão da China, onde o crescimento de 9% alcançado nos últimos quatro anos causou a disparada dos pedidos das matérias-primas, pode ser abreviada se o BC do país elevar os juros e coibir o crédito.

Otimismo
Alguns estrategistas, no entanto, continuam otimistas. James Gutman, economista-sênior de commodities do Goldman Sachs, diz que as perdas nas commodities não são mais do que "flutuações cíclicas".
"Seguramente não estamos no fim do mercado otimista de longo prazo", diz Gutman. "Se houver algumas correções de curto prazo, vou encará-las como oportunidade de compra."
Frederic Lasserre, diretor de pesquisa de commodities da Société Générale, afirma que "é provável" a ocorrência de uma retração de 50% nos preços dos metais.
O investidor Marc Faber, diretor-executivo da Marc Faber, concordou que o desaquecimento da economia global significa preços mais baixos.
"Algumas commodities industriais podem ter atingido seu pico de todos os tempos", afirmou Faber.
"Os grãos e metais preciosos podem continuar a subir, uma vez que não estão vinculados ao ciclo econômico", disse ele.
A queda das commodities ganhou impulso na última sexta-feira, com a retração do petróleo, do ouro e do cobre. O ritmo das depreciações pode desacelerar nos próximos 12 meses.


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