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Economia mantém ritmo de expansão no 3º trimestre
Produção e consumo crescem sustentados por expansão do crédito, da renda e de investimentos em equipamentos
Alta da inflação e crise nos mercados devem ter pouco impacto agora; veículos e setor de açúcar e álcool puxam os investimentos
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A expansão do crédito, da
massa salarial e dos investimentos em bens de capital
mantém a economia aquecida
neste terceiro trimestre, após o
forte segundo trimestre.
Empresários e economistas
informam que em julho, agosto
e neste mês a produção industrial e o consumo continuam
crescendo em relação a igual
período de 2006 e sobre o segundo trimestre deste ano.
Mais: a alta da inflação e a crise
imobiliária nos EUA podem ter
impacto na economia, mas não
será de forma acentuada e deve
ocorrer mais em 2008.
O consumo de energia elétrica, o fluxo de veículos nas estradas, a produção de veículos e as
vendas no comércio -alguns
dos indicadores do ritmo de atividade do país- continuam
crescendo em julho e agosto.
A produção industrial caiu
0,4% em julho em relação a junho, após nove meses de alta
consecutiva, segundo o IBGE.
Empresários e economistas
consideram, porém, que essa
foi "uma parada para ajustes"
de estoques, não sinal de retração da atividade do setor.
"A indústria continua dinâmica, puxada pela demanda do
mercado interno", diz Edgard
Pereira, economista do Iedi
(Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial),
que prevê que a indústria cresça entre 5% e 5,5% neste ano.
A indústria paulista opera
neste trimestre num ritmo semelhante ao de abril, maio e junho, puxada principalmente
pelo setor automobilístico. Levantamento da Fiesp (federação das indústrias) mostra que,
de janeiro a julho, o setor de
máquinas e equipamentos e de
transporte cresceu 11,7% em
relação a igual período de 2006.
O de minerais não-metálicos
cresceu 8,3%; o de produtos
químicos, petroquímicos e farmacêuticos, 6,4%; o de celulose
e papel, 4,2%; o de têxteis, 4,3%
e o de alimentos e bebidas, 3%.
"A sensação dos empresários
é que a indústria continua crescendo nesse mesmo ritmo", diz
Paulo Francini, diretor do Departamento de Economia da
Fiesp, que prevê para este semestre que a indústria paulista
cresça 5% sobre igual período
de 2006 em razão dos investimentos em máquinas. "Os investimentos em máquinas continuam aquecidos neste trimestre, principalmente nos setores de açúcar e álcool, petróleo e gás, mineração, siderúrgico e de papel e celulose", diz
Luiz Aubert Neto, presidente
da Abimaq (associação da indústria de máquinas).
Levantamento da Abinee (indústrias eletroeletrônicas)
mostra que 52% das empresas
do setor esperam faturar mais
neste trimestre do que no mesmo do ano anterior. Automação industrial e equipamento
industrial são as áreas que esperam maior aumento. Para
2007, o setor prevê alta nominal de 12% no faturamento.
Em expansão desde 2004, a
indústria da construção civil
deve manter o desempenho positivo em agosto e setembro. A
previsão é encerrar o ano com
crescimento de 7,9%. "A construção vive um bom momento,
reflexo de investimentos feitos
há um ano. As expectativas são
positivas porque as decisões de
investimento têm se mantido, o
financiamento está facilitado e
houve aumento da renda", diz
Eduardo Zaidan, diretor do
Sinduscon-SP.
Impulsionada pelo aumento
do consumo, principalmente
nas faixas de menor renda, a indústria de alimentos estima
crescer mais neste trimestre.
"Julho é um mês mais devagar por causa das férias. A produção caiu 0,6% em relação a
junho. Mas, em agosto e setembro, a economia volta a todo o
vapor", diz Denis Ribeiro, da
Abia (indústrias de alimentos).
Nelson Pereira dos Reis, vice-presidente da Abiquim, diz
que o ritmo dos investimentos
no ramo químico se desacelerou porque a importação do setor cresceu muito e há indefinição em relação ao setor do gás.
"O setor poderia crescer mais.
A previsão é de aumento de
1,5% da produção neste trimestre [em relação ao anterior]."
Massa salarial
Fábio Silveira, sócio-diretor
da RC Consultores, diz que não
há interrupção na trajetória de
crescimento do país. "A expansão do crédito e da massa salarial continua movendo o país."
A massa salarial cresceu 5,7%
nos últimos 12 meses terminados em julho. O estoque de crédito para pessoa física atingiu
R$ 279 bilhões em julho, valor
28% maior do que o de junho.
Para Silveira, a alta de inflação e a crise imobiliária nos
EUA podem ter pequeno impacto na economia em 2008:
"O PIB brasileiro, que poderia
crescer 5% em 2008, pode crescer 4,5%, principalmente porque os preços das commodities
podem cair com o comércio internacional crescendo menos."
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