São Paulo, quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo proíbe Mattel de importar brinquedos

Medida foi adotada em 17 de agosto por causa dos recalls, mas só foi anunciada ontem

Para a empresa, foi uma reação "desproporcional" com efeito "devastador"; os estoques da unidade brasileira estão acabando

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério do Desenvolvimento proibiu a multinacional Mattel de importar brinquedos para vender no Brasil. A medida -adotada pelo governo em 17 de agosto como resposta aos recentes recalls realizados pela companhia- foi classificada pela empresa como uma reação "desproporcional" com efeitos "devastadores".
Segundo o presidente da Mattel no Brasil, Alejandro Rivas, a decisão paralisou totalmente as atividades da empresa no país e pode comprometer as vendas do Dia da Criança porque a companhia não fabrica brinquedos no Brasil e o estoque já estaria acabando.
Rivas acrescentou que, se o governo não revir a decisão, as vendas para o Natal também serão afetadas. "Foi uma ação sem precedentes. Já tivemos uma reunião com o [Ministério do] Desenvolvimento e esperamos voltar a trabalhar normalmente o mais rápido possível."
A maioria dos brinquedos importados pela Mattel vem da China. A empresa é dona de marcas como Barbie, Polly, Batman e Superman. De acordo com a multinacional, o veto a novas importações provocará um aumento de preços nas prateleiras, já que a oferta não será suficiente para atender o mercado consumidor.
A notícia sobre a suspensão só foi anunciada ontem pela Mattel durante audiência na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara, mas a decisão foi tomada em 17 de agosto. Depois da divulgação da informação, o ministério informou que o veto inclui todos os produtos da empresa. "O objetivo é impedir que brinquedos com defeito -presentes na lista do recall mundial da empresa- entrem no Brasil", diz em nota.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, a suspensão só será revogada quando a fabricante atender a todas as normas técnicas estabelecidas pelos órgãos do governo e fiscalizadas pelo Inmetro, que é ligado ao ministério. E não teria sido divulgada antes porque se refere somente a uma empresa.
Ontem, o diretor de qualidade do Inmetro, Alfredo Lobo, declarou aos deputados que o processo de "gestão da qualidade da Mattel é falho". Na nota, o ministério ainda argumenta que "foi importante suspender preventivamente as importações da marca para evitar que produtos que possam causar mal à saúde cheguem até crianças brasileiras".
Em novembro, a Mattel comunicou aos órgãos de defesa do consumidor a realização de um recall por causa de problemas no imã das bonecas Polly. Em agosto, houve um novo comunicado devido ao mesmo problema em 850 mil brinquedos. Além da Polly, havia defeito em peças da Barbie e do Batman. Na semana passada, a empresa notificou um novo recall referente a excesso de chumbo na tinta de outros brinquedos.
O DPDC (Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor), do Ministério da Justiça, abriu processo contra a empresa. Em fevereiro, em audiência com a Mattel, o departamento prenotificou a multinacional a informar se havia risco de haver outros produtos com problema no mercado. Na ocasião, a Mattel assumiu que não havia risco. Meses mais tarde, porém, anunciou um novo recall.

Varejo
Na rede Armarinhos Fernando, a proibição não deve afetar as vendas para o Dia da Criança porque os pedidos já foram entregues. Segundo o gerente Marcio Gavranic, é esperado um aumento de 7% nas vendas com relação ao ano passado.
Na PBKids Brinquedos, o diretor Celso Pilnik também afirma que todos os brinquedos já foram importados "por ser um processo um pouco demorado e para garantir que não ocorram problemas inesperados que possam comprometer o abastecimento das lojas".


Colaborou a Redação


Texto Anterior: Montadoras mostram "frotas verdes" em feira
Próximo Texto: China veta tinta com chumbo em produtos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.