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Governo proíbe Mattel de importar brinquedos
Medida foi adotada em 17 de agosto por causa dos recalls, mas só foi anunciada ontem
Para a empresa, foi uma reação "desproporcional" com efeito "devastador";
os estoques da unidade brasileira estão acabando
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério do Desenvolvimento proibiu a multinacional
Mattel de importar brinquedos
para vender no Brasil. A medida -adotada pelo governo em
17 de agosto como resposta aos
recentes recalls realizados pela
companhia- foi classificada
pela empresa como uma reação
"desproporcional" com efeitos
"devastadores".
Segundo o presidente da
Mattel no Brasil, Alejandro Rivas, a decisão paralisou totalmente as atividades da empresa no país e pode comprometer
as vendas do Dia da Criança
porque a companhia não fabrica brinquedos no Brasil e o estoque já estaria acabando.
Rivas acrescentou que, se o
governo não revir a decisão, as
vendas para o Natal também
serão afetadas. "Foi uma ação
sem precedentes. Já tivemos
uma reunião com o [Ministério
do] Desenvolvimento e esperamos voltar a trabalhar normalmente o mais rápido possível."
A maioria dos brinquedos
importados pela Mattel vem da
China. A empresa é dona de
marcas como Barbie, Polly,
Batman e Superman. De acordo com a multinacional, o veto
a novas importações provocará
um aumento de preços nas prateleiras, já que a oferta não será
suficiente para atender o mercado consumidor.
A notícia sobre a suspensão
só foi anunciada ontem pela
Mattel durante audiência na
Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara, mas a decisão foi tomada em 17 de agosto.
Depois da divulgação da informação, o ministério informou
que o veto inclui todos os produtos da empresa. "O objetivo é
impedir que brinquedos com
defeito -presentes na lista do
recall mundial da empresa-
entrem no Brasil", diz em nota.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, a suspensão só
será revogada quando a fabricante atender a todas as normas técnicas estabelecidas pelos órgãos do governo e fiscalizadas pelo Inmetro, que é ligado ao ministério. E não teria sido divulgada antes porque se refere somente a uma empresa.
Ontem, o diretor de qualidade do Inmetro, Alfredo Lobo,
declarou aos deputados que o
processo de "gestão da qualidade da Mattel é falho". Na nota, o
ministério ainda argumenta
que "foi importante suspender
preventivamente as importações da marca para evitar que
produtos que possam causar
mal à saúde cheguem até crianças brasileiras".
Em novembro, a Mattel comunicou aos órgãos de defesa
do consumidor a realização de
um recall por causa de problemas no imã das bonecas Polly.
Em agosto, houve um novo comunicado devido ao mesmo
problema em 850 mil brinquedos. Além da Polly, havia defeito em peças da Barbie e do Batman. Na semana passada, a empresa notificou um novo recall
referente a excesso de chumbo
na tinta de outros brinquedos.
O DPDC (Departamento de
Proteção e Defesa do Consumidor), do Ministério da Justiça,
abriu processo contra a empresa. Em fevereiro, em audiência
com a Mattel, o departamento
prenotificou a multinacional a
informar se havia risco de haver outros produtos com problema no mercado. Na ocasião,
a Mattel assumiu que não havia
risco. Meses mais tarde, porém,
anunciou um novo recall.
Varejo
Na rede Armarinhos Fernando, a proibição não deve afetar
as vendas para o Dia da Criança
porque os pedidos já foram entregues. Segundo o gerente
Marcio Gavranic, é esperado
um aumento de 7% nas vendas
com relação ao ano passado.
Na PBKids Brinquedos, o diretor Celso Pilnik também afirma que todos os brinquedos já
foram importados "por ser um
processo um pouco demorado
e para garantir que não ocorram problemas inesperados
que possam comprometer o
abastecimento das lojas".
Colaborou a Redação
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