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Bradesco negocia compra da SulAmérica
Após perder a Porto Seguro para o Itaú Unibanco, banco quer adquirir controle da segunda maior seguradora do país
Banco do Brasil, também interessado na SulAmérica, pode colocar obstáculos ao Bradesco; empresas negam que haja negociação
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após perder a seguradora
Porto Seguro para o Itaú Unibanco, o Bradesco negocia agora a compra da SulAmérica, a
segunda maior empresa do setor no país, apurou a Folha.
Sócio estrangeiro da SulAmérica, o grupo holandês ING
tem interesse em vender a participação direta de 21% na seguradora desde o início do ano
para se capitalizar e enfrentar
dificuldades na Europa. O valor
está em negociação.
O Bradesco nega a existência
da negociação. A SulAmérica
afirmou que desconhece qualquer negociação nesse sentido.
A SulAmérica é controlada
pela família Larragoiti, que tinha direito de preferência na
compra da participação do grupo holandês. Além dos 21% na
seguradora, o ING tem também 45% da Sulasapar, holding
com maioria de participação da
família e que está no bloco de
controle da seguradora.
Além do Bradesco, a participação do ING também interessa ao Banco do Brasil, que tem
uma série de parcerias com a
SulAmérica. O BB planeja um
completo rearranjo do setor de
seguros. Ele é minoritário em
parcerias com a SulAmérica na
Brasilcap (capitalização) e na
Brasil Saúde (saúde), com participações de 49,9% cada. Já na
Brasil Veículos, o BB tem 70%
e a SulAmérica, 30%.
O Bradesco procura uma
compensação pela perda da
parceria com a Porto Seguro. O
banco avalia que foi traído pela
Porto Seguro, que perdeu mercados importantes desde 2008
e que precisa reagir.
Desde o ano passado, o Bradesco vive um mau momento
político. Perdeu o posto de
maior banco privado do país
com a fusão Itaú Unibanco em
novembro. No agravamento da
crise, ao longo do último ano,
não fez aquisições relevantes
como os concorrentes.
Enquanto isso, o Banco do
Brasil recuperou no mês passado a liderança do mercado nacional, ocupada pelo Itaú Unibanco após a fusão. O BB comprou a Nossa Caixa do governo
paulista e fez parceria com o
Votorantim, adquirindo metade da instituição financeira da
família Ermírio de Moraes.
O Bradesco fez ensaios para
tentar comprar o banco Safra,
mas o dono, Joseph Safra, diz
que não vende a instituição.
Nesse contexto, não há no
mercado atual um banco grande que possa ser comprado pelo Bradesco a fim de que ele
volte a brigar pela primeira posição pelo menos entre os privados.
A recente oferta do empresário Eike Batista pela Bradespar,
braço do Bradesco que reúne
suas participações acionárias
em empresas privadas ou de
capital misto, é mais um exemplo do cerco sofrido pelo banco
com sede em Osasco.
Eike buscava sobretudo a
participação do Bradesco na
Vale, a segunda maior empresa
do país -atrás apenas da Petrobras, companhia de capital
misto controlada pela União.
Além de seguros, a SulAmérica atua também na gestão de
recursos. Diferentemente da
Porto Seguro, que é focada no
varejo e no segmento automobilístico, a SulAmérica tem
participação importante em
seguro saúde e um foco mais
elitista na clientela.
Para Luis Miguel Santacreu,
analista do setor financeiro da
Austin Ratings, o sucesso da
operação entre Bradesco e SulAmérica depende da modelagem de negócio.
O analista lembra que o Banco do Brasil poderá colocar
obstáculos à operação. "Tem de
ver se o Banco do Brasil não vai
se opor em ter o Bradesco como parceiro em várias empresas", disse.
Colaborou TONI SCIARRETTA, da Reportagem Local
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