São Paulo, sábado, 12 de setembro de 2009

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Bradesco negocia compra da SulAmérica

Após perder a Porto Seguro para o Itaú Unibanco, banco quer adquirir controle da segunda maior seguradora do país

Banco do Brasil, também interessado na SulAmérica, pode colocar obstáculos ao Bradesco; empresas negam que haja negociação


KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após perder a seguradora Porto Seguro para o Itaú Unibanco, o Bradesco negocia agora a compra da SulAmérica, a segunda maior empresa do setor no país, apurou a Folha. Sócio estrangeiro da SulAmérica, o grupo holandês ING tem interesse em vender a participação direta de 21% na seguradora desde o início do ano para se capitalizar e enfrentar dificuldades na Europa. O valor está em negociação.
O Bradesco nega a existência da negociação. A SulAmérica afirmou que desconhece qualquer negociação nesse sentido. A SulAmérica é controlada pela família Larragoiti, que tinha direito de preferência na compra da participação do grupo holandês. Além dos 21% na seguradora, o ING tem também 45% da Sulasapar, holding com maioria de participação da família e que está no bloco de controle da seguradora.
Além do Bradesco, a participação do ING também interessa ao Banco do Brasil, que tem uma série de parcerias com a SulAmérica. O BB planeja um completo rearranjo do setor de seguros. Ele é minoritário em parcerias com a SulAmérica na Brasilcap (capitalização) e na Brasil Saúde (saúde), com participações de 49,9% cada. Já na Brasil Veículos, o BB tem 70% e a SulAmérica, 30%.
O Bradesco procura uma compensação pela perda da parceria com a Porto Seguro. O banco avalia que foi traído pela Porto Seguro, que perdeu mercados importantes desde 2008 e que precisa reagir. Desde o ano passado, o Bradesco vive um mau momento político. Perdeu o posto de maior banco privado do país com a fusão Itaú Unibanco em novembro. No agravamento da crise, ao longo do último ano, não fez aquisições relevantes como os concorrentes.
Enquanto isso, o Banco do Brasil recuperou no mês passado a liderança do mercado nacional, ocupada pelo Itaú Unibanco após a fusão. O BB comprou a Nossa Caixa do governo paulista e fez parceria com o Votorantim, adquirindo metade da instituição financeira da família Ermírio de Moraes. O Bradesco fez ensaios para tentar comprar o banco Safra, mas o dono, Joseph Safra, diz que não vende a instituição.
Nesse contexto, não há no mercado atual um banco grande que possa ser comprado pelo Bradesco a fim de que ele volte a brigar pela primeira posição pelo menos entre os privados. A recente oferta do empresário Eike Batista pela Bradespar, braço do Bradesco que reúne suas participações acionárias em empresas privadas ou de capital misto, é mais um exemplo do cerco sofrido pelo banco com sede em Osasco.
Eike buscava sobretudo a participação do Bradesco na Vale, a segunda maior empresa do país -atrás apenas da Petrobras, companhia de capital misto controlada pela União. Além de seguros, a SulAmérica atua também na gestão de recursos. Diferentemente da Porto Seguro, que é focada no varejo e no segmento automobilístico, a SulAmérica tem participação importante em seguro saúde e um foco mais elitista na clientela.
Para Luis Miguel Santacreu, analista do setor financeiro da Austin Ratings, o sucesso da operação entre Bradesco e SulAmérica depende da modelagem de negócio. O analista lembra que o Banco do Brasil poderá colocar obstáculos à operação. "Tem de ver se o Banco do Brasil não vai se opor em ter o Bradesco como parceiro em várias empresas", disse.

Colaborou TONI SCIARRETTA, da Reportagem Local



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