|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Compulsório poderá aumentar
o custo das operações de crédito
ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A elevação do compulsório,
anunciada ontem, poderá puxar
as taxas de juros das operações de
crédito e, dependendo do tempo
de duração, debilitar ainda mais a
atividade econômica. Isso porque, além de diminuir o dinheiro
disponível para a compra de dólares, a medida também reduz o volume de recursos para operações
de crédito.
"A elevação do compulsório é
um redutor dramático da liquidez
do mercado. Aumenta as taxas de
juros e as restrições ao tomador
do crédito", diz Alencar Burti,
presidente da Associação Comercial de São Paulo.
Segundo Fábio Pina, economista da Federação do Comércio do
Estado de São Paulo, é difícil estimar quanto os juros vão subir,
mas isso poderá ser sentido pelos
consumidores e pelas empresas já
na próxima semana.
Ricardo Malcon, presidente da
Acrefi (Associação Nacional das
Instituições de Crédito, Financiamento e Investimentos), acha que
as taxas não sobem tão cedo.
Se a demanda por crédito estivesse estável ou crescendo, explica Malcon, o impacto nos juros
seria imediato. No entanto, como
a procura por empréstimos tem
caído, a tendência dos bancos seria manter as taxas para não afugentar mais o tomador de crédito.
Segundo dados da Acrefi, desde
julho vem caindo a demanda por
operações de crédito nas financeiras e bancos, devido ao medo do
desemprego e da piora no quadro
econômico. O saldo consolidado
de todas as operações de crédito
dessas instituições fechou setembro em R$ 58,60 bilhões, 2,09%
abaixo do de agosto.
Malcon acha que o mais provável é que um eventual aumento
nas taxas de juros venha a partir
de novembro, quando o consumidor começa as compras de Natal. "Se as novas alíquotas do
compulsório continuarem em vigor até lá, não haverá como escapar do aumento", prevê.
Para Miguel Ribeiro de Oliveira,
vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos
de Finanças, Administração e
Contabilidade), os bancos vão aumentar as restrições aos tomadores de crédito e ficar mais seletivos, mas não deverão aumentar
as taxas de juros, pelo menos significativamente. Isso porque o
que mais impacta os juros é o aumento do compulsório sobre os
depósitos à vista, e esse já era alto
(48%), tendo subido apenas cinco
pontos percentuais. O impacto,
no entanto, vai variar conforme a
instituição. As maiores, afirma,
tendem a ser mais punidas.
Texto Anterior: Para analistas, calmaria dura uma semana Próximo Texto: Frases Índice
|