São Paulo, sábado, 12 de outubro de 2002

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Compulsório poderá aumentar o custo das operações de crédito

ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A elevação do compulsório, anunciada ontem, poderá puxar as taxas de juros das operações de crédito e, dependendo do tempo de duração, debilitar ainda mais a atividade econômica. Isso porque, além de diminuir o dinheiro disponível para a compra de dólares, a medida também reduz o volume de recursos para operações de crédito.
"A elevação do compulsório é um redutor dramático da liquidez do mercado. Aumenta as taxas de juros e as restrições ao tomador do crédito", diz Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo.
Segundo Fábio Pina, economista da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, é difícil estimar quanto os juros vão subir, mas isso poderá ser sentido pelos consumidores e pelas empresas já na próxima semana.
Ricardo Malcon, presidente da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimentos), acha que as taxas não sobem tão cedo.
Se a demanda por crédito estivesse estável ou crescendo, explica Malcon, o impacto nos juros seria imediato. No entanto, como a procura por empréstimos tem caído, a tendência dos bancos seria manter as taxas para não afugentar mais o tomador de crédito.
Segundo dados da Acrefi, desde julho vem caindo a demanda por operações de crédito nas financeiras e bancos, devido ao medo do desemprego e da piora no quadro econômico. O saldo consolidado de todas as operações de crédito dessas instituições fechou setembro em R$ 58,60 bilhões, 2,09% abaixo do de agosto.
Malcon acha que o mais provável é que um eventual aumento nas taxas de juros venha a partir de novembro, quando o consumidor começa as compras de Natal. "Se as novas alíquotas do compulsório continuarem em vigor até lá, não haverá como escapar do aumento", prevê.
Para Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), os bancos vão aumentar as restrições aos tomadores de crédito e ficar mais seletivos, mas não deverão aumentar as taxas de juros, pelo menos significativamente. Isso porque o que mais impacta os juros é o aumento do compulsório sobre os depósitos à vista, e esse já era alto (48%), tendo subido apenas cinco pontos percentuais. O impacto, no entanto, vai variar conforme a instituição. As maiores, afirma, tendem a ser mais punidas.


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