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TRANSE NA AL
Câmara barra projeto contra juízes, mas FMI quer negociação com credor
Argentina obtém avanço para acordo
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
O governo argentino obteve ontem dois avanços importantes e
ficou mais perto de chegar a um
acordo com o FMI, mas ainda terá
cumprir ao menos uma exigência
antes de obter uma nova ajuda.
O principal avanço foi conquistado na Câmara, que decidiu rejeitar o projeto que poderia levar
ao impeachment dos nove juízes
da Corte Suprema, o mais importante tribunal argentino.
A decisão dos deputados deverá
reduzir os conflitos entre os poderes Executivo e Judiciário e atende
ao FMI, que, nas últimas semanas, reclamou diversas vezes da
falta de consenso político entre as
instituições do país.
O outro avanço partiu do Ministério da Economia, que determinou o início das negociações
entre empresas e agências reguladoras para liberar em até 45 dias o
reajuste das tarifas públicas congeladas desde janeiro.
Com essas duas medidas, o governo espera finalmente destravar as negociações com o FMI
-que já duram nove meses- e
acertar os últimos "detalhes técnicos" para fechar um acordo nos
próximos dias.
No entanto a vice-diretora-gerente do Fundo, Anne Krueger,
reduziu o otimismo do governo
ontem. Ela afirmou que, antes do
acordo, o país ainda deverá procurar os credores para iniciar a renegociação da dívida externa, cujos pagamentos permanecem
suspensos desde dezembro.
Impeachment
O debate que levou ao engavetamento do processo contra os juízes da Corte Suprema durou mais
de dois dias e foi encerrado no início da manhã de ontem.
Os partidos de oposição não
conseguiram convencer dois terços dos deputados a votar favoravelmente à continuidade do processo contra os juízes aberto em
fevereiro por suposto mal desempenho em suas funções.
Dessa forma, o governo conseguiu esfriar os desentendimentos
com a Corte, que analisará nas
próximas semanas processos que
poderiam levar ao fim do "corralito" (nome dado às restrições para saques bancários vigentes desde dezembro) e da "pesificação"
(conversão dos depósitos bancários em dólares para pesos, determinada no início do ano).
Em contrapartida ao esforço do
governo na Câmara, o presidente
Eduardo Duhalde espera que os
juízes ditem sentenças favoráveis
ao governo e não atrapalhem as
negociações com o FMI.
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