São Paulo, sábado, 12 de outubro de 2002

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TRANSE NA AL

Câmara barra projeto contra juízes, mas FMI quer negociação com credor

Argentina obtém avanço para acordo

JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES

O governo argentino obteve ontem dois avanços importantes e ficou mais perto de chegar a um acordo com o FMI, mas ainda terá cumprir ao menos uma exigência antes de obter uma nova ajuda.
O principal avanço foi conquistado na Câmara, que decidiu rejeitar o projeto que poderia levar ao impeachment dos nove juízes da Corte Suprema, o mais importante tribunal argentino.
A decisão dos deputados deverá reduzir os conflitos entre os poderes Executivo e Judiciário e atende ao FMI, que, nas últimas semanas, reclamou diversas vezes da falta de consenso político entre as instituições do país.
O outro avanço partiu do Ministério da Economia, que determinou o início das negociações entre empresas e agências reguladoras para liberar em até 45 dias o reajuste das tarifas públicas congeladas desde janeiro.
Com essas duas medidas, o governo espera finalmente destravar as negociações com o FMI -que já duram nove meses- e acertar os últimos "detalhes técnicos" para fechar um acordo nos próximos dias.
No entanto a vice-diretora-gerente do Fundo, Anne Krueger, reduziu o otimismo do governo ontem. Ela afirmou que, antes do acordo, o país ainda deverá procurar os credores para iniciar a renegociação da dívida externa, cujos pagamentos permanecem suspensos desde dezembro.

Impeachment
O debate que levou ao engavetamento do processo contra os juízes da Corte Suprema durou mais de dois dias e foi encerrado no início da manhã de ontem.
Os partidos de oposição não conseguiram convencer dois terços dos deputados a votar favoravelmente à continuidade do processo contra os juízes aberto em fevereiro por suposto mal desempenho em suas funções.
Dessa forma, o governo conseguiu esfriar os desentendimentos com a Corte, que analisará nas próximas semanas processos que poderiam levar ao fim do "corralito" (nome dado às restrições para saques bancários vigentes desde dezembro) e da "pesificação" (conversão dos depósitos bancários em dólares para pesos, determinada no início do ano).
Em contrapartida ao esforço do governo na Câmara, o presidente Eduardo Duhalde espera que os juízes ditem sentenças favoráveis ao governo e não atrapalhem as negociações com o FMI.


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