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RECUPERAÇÃO
Nota de grau de investimento da agência Moody's aumentará interesse de empresas estrangeiras pelo país
Com status elevado, Rússia abre portas para investidores
ARKADY OSTROVSKY
DO "FINANCIAL TIMES", EM MOSCOU
A Rússia recebeu pela primeira
vez, na quarta-feira passada, o status de grau de investimento,
abrindo as portas para o investimento direto estrangeiro e novos
fluxos de capital para o país.
A promoção pela agência de
classificação Moody's, apenas
cinco anos após a crise da moratória da dívida, em 1998, vem numa época de crescente interesse
pela Rússia por parte de companhias estrangeiras e investidores
de portfólio. "A nota da Moody's
coloca a Rússia em um mapa de
países sérios onde investir", disse
Al Breach, economista-chefe da
Brunswick UBS Warburg.
A avaliação também é uma vitória pessoal para o presidente Vladimir Putin, que fez da recuperação econômica uma de suas principais prioridades nos últimos
quatro anos. "Isso é um incentivo
para Putin", disse Christof Ruehl,
economista-chefe do Banco Mundial para a Rússia. "Parece que o
país está avançando."
A avaliação positiva abre a Rússia para um público mais amplo
de investidores institucionais, que
eram impedidos de investir no
país devido a sua baixa classificação de crédito. Em particular as
instituições japonesas, que têm
estritas exigências sobre notas de
investimentos, agora poderão investir em ações russas.
A avaliação positiva poderá dar
um importante incentivo ao investimento direto estrangeiro,
que tem sido lento em comparação com outras economias em
transição. "Muitas multinacionais estão fazendo planos para a
Rússia -e outras podem estar
implementando", disse Breach.
O interesse dos investidores aumentou recentemente, notadamente do grupo internacional de
energia BP, que formou uma joint
venture de US$ 16 bilhões com o
grupo de petróleo TNK. Outros
grupos do setor, incluindo ExxonMobil e ChevronTexaco, também estão interessados.
A avaliação dois graus acima,
para Baa3 (a nota de investimento
mais baixa), reduzirá o custo do
empréstimo para o governo russo
e ajudará as companhias do país a
obter financiamentos mais baratos nos mercados internacionais.
A Moody's disse que a atualização reflete um risco relativamente
baixo de moratória e "o reforço
do compromisso do governo com
políticas fiscais e de administração da dívida prudentes".
Peter Aven, presidente do Alfa
Bank e ex-ministro do Comércio
Exterior, disse: "A medida reflete
os fundamentos da Rússia. Quando eu era ministro, em 1992, as reservas eram de US$ 60 milhões.
Hoje são de US$ 60 bilhões".
Em referência velada ao conflito
entre a Yukos, maior empresa de
petróleo da Rússia, e o Kremlin, a
Moody's disse que "as lutas políticas internas e externas pela presidência não ameaçam o amplo direcionamento da reforma para o
mercado e o desenvolvimento".
O momento da reavaliação da
Moody's, a menos de dois meses
das eleições parlamentares e a seis
da presidencial, pegou o mercado
de surpresa. "Fomos exigentes sobre a Rússia obter uma nota de investimento, mas não acreditávamos que as agências de classificação tomariam essa medida antes
das eleições presidenciais. Ao elevar a Rússia em duas notas de
classificação, a Moody's segurou
o touro pelos chifres", disse Philip
Poole, principal analista de mercados emergentes da ING.
Tradução de Luiz Roberto Gonçalves
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