São Paulo, sexta-feira, 12 de outubro de 2007

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Petrobras atrasa criação da Cia Petroquímica do Sudeste

Dois meses depois de a Petrobras ter iniciado as conversas com a Unipar para a criação da CPS (Companhia Petroquímica do Sudeste), as negociações avançaram pouco. A Petrobras já informou a pessoas que participam da negociação que a operação deve atrasar. O acerto era que o negócio fosse fechado até novembro.
Para alguns interlocutores, todas as indicações são que a estatal empurra com a barriga o máximo possível a criação da CPS. A impressão é que a Petrobras dá tempo ao tempo para que esfrie a repercussão negativa da compra dos ativos petroquímicos da Suzano.
No dia 3 de agosto, a Petrobras anunciou a compra da Suzano Petroquímica por R$ 2,7 bilhões. A operação pegou de surpresa todas as empresas do setor e foi muito mal recebida pelo mercado.
O valor pago pelos ativos da Suzano também foi considerado inflado por especialistas. A estatal pagou mais de nove vezes o Ebitda -que reflete a geração de caixa da empresa-, enquanto as transações no setor normalmente não saem por mais de sete vezes.
Além disso, o negócio foi muito criticado também por ter sido considerado uma ameaça de reestatização do setor petroquímico no Brasil. Na época, a Braskem reagiu e ameaçou apresentar uma representação ao Cade, caso a Petrobras insistisse em controlar a petroquímica no Sudeste. O Tribunal de Contas da União também iniciou estudos para investigar se o contribuinte foi lesado no negócio.
Diante da pressão, a Petrobras assinou, com a Unipar, um fato relevante no qual se comprometia a ser minoritária na CPS. O controle ficaria com a Unipar, que deteria 60% da CPS. O que se teme agora é um recuo da estatal e compre sozinha os 100% da Suzano.
Enquanto isso, a Unipar mantém estudos para tentar barrar a operação da compra da Suzano Petroquímica pela Petrobras, caso o negócio com a Petrobras emperre de vez. A Unipar é sócia da Suzano em várias empresas, entre elas a Rio Polímeros e a Petroquímica União, e pode alegar direito de preferência para tentar melar o negócio. Só na Rio Polímeros, o mero exercício de direitos de preferência pela Unipar reduzirá em R$ 200 milhões o valor dos 33% que a Suzano detém no bloco de controle.

UM LUGAR AO SOL

Surge um novo consórcio na disputa das usinas das hidrelétricas do rio Madeira. Ele é formado pela argentina Impsa, a italiana Astaldi e empresas como a Lusa, a Schain, a UTC Engenharia e o banco austríaco Meinl Bank. "Estamos apreensivos com a demora da publicação do edital do leilão", diz José Reis, presidente do conselho da Euro Ventures, que coordena o grupo do consórcio de construtores e fornecedores de equipamento que estão de olho na disputa. Reis considera seu grupo forte, apesar da disputa com os consórcios gigantes liderados por Odebrecht e Camargo Corrêa.

EXPRESSO ORIENTE

A empresária e designer de sapatos Paula Torres descobriu um mercado para seus produtos no Oriente Médio. "Por causa das burcas, as mulheres árabes são apaixonadas por acessórios e brilhos." Ela acaba de exportar seus modelos para Dubai e está em negociação com clientes no Líbano. "Nesses países não há muita concorrência porque eles querem saber de produtos de valor agregado alto. Gostam de pedrarias, couro de cobra", diz Torres, que abre sua primeira loja-showroom em São Paulo, no Itaim, no começo de novembro.

CAÇULA
As crianças têm se tornado um atraente público consumidor, com influência no orçamento familiar. No Brasil, os gastos mensais com brinquedos e jogos são de cerca de R$ 239,7 milhões, segundo a Fecomercio SP. Comparando os gastos mensais com artigos escolares, que no total nacional chegam a R$ 216 milhões, há uma diferença de 11% entre eles. A análise por faixa de renda mostra que os consumidores que ganham de dez a 30 salários mínimos correspondem a 32% desse mercado, gastando mais de R$ 77 milhões por mês em brinquedos e jogos.

JET LEG
Natal (RN) saiu na frente na disputa com Fortaleza (CE) e Salvador (BA) por vôos diretos dos EUA operados por companhias americanas. Em Nova York, a governadora do Estado, Wilma de Faria, reúne-se hoje com representantes da Delta e da American Airlines.

MEIO-DE-CAMPO
A Companhia Müller de Bebidas fará, pela primeira vez, o marketing da Cachaça 51 em jogos da seleção brasileira nas eliminatórias da Copa. Seus painéis estarão nas 18 partidas, a partir do jogo contra a Colômbia, domingo, em Bogotá.

LÍBANO
Carlos Ghosn, 53 anos, o brasileiro que se tornou ícone do mundo empresarial ao salvar a Nissan japonesa de uma virtual quebra, foi apontado ontem como o homem ideal para salvar também o Líbano. Em artigo para o jornal suíço "Le Temps", escreve Antoine Basbous, sociólogo e chefe do Observatório dos Países Árabes (Paris): "Que outro libanês, fora Carlos Ghosn, que deu provas de competência em três continentes, poderia contribuir mais para superar os desafios da reconstrução da identidade de seu país natal?". Na verdade, país natal de seus pais, porque ele nasceu em Porto Velho.


com ISABELLE MOREIRA LIMA e JOANA CUNHA


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