São Paulo, sexta-feira, 12 de outubro de 2007

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Rodovias abrem nova frente de disputa entre PT e PSDB

Baixos pedágios em leilão de estradas federais puseram modelo tucano em xeque

Comparação de novas e antigas concessões já está na página eletrônica do PT; secretário paulista defende o modelo adotado em SP

DA REPORTAGEM LOCAL

O critério de concessão de rodovias se transformou no mais novo ingrediente da corrida entre tucanos e petistas. A opção do governo federal pelo modelo de menor preço de pedágio e a decisão do TCU (Tribunal de Contas da União) de analisar as concessões passadas ganharam destaque do site do PT.
"Pedágio mais barato faz TCU investigar contratos de concessão da era FHC", dizia o título de destaque do site.
Em resposta, o governo Serra se mobilizou para mostrar as vantagens do modelo adotado pelo Estado desde 98. Listando investimentos garantidos com o programa de concessões, o secretário dos Transportes, Mauro Arce, repetiu que o modelo aplicado pelo governo federal não exige dos consórcios investimento em infra-estrutura.
"Se a estrada ao longo de 25 anos exigir ampliação, uma nova faixa, como fizemos com a Bandeirantes, não cabe no processo. Vai acontecer um desequilíbrio econômico-financeiro. Ou não se faz ou se desequilibra o contrato. Quem vai pagar? A "viúva" paga ou o Zé Mané paga, elevando o pedágio."
A liderança do PT na Assembléia Legislativa rebate, afirmando que o modelo federal prevê investimentos de R$ 19,5 bilhões em estradas.
Já o chefe da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira, rechaçou comparações e fez questão de lembrar que o atual modelo foi desenhado na década de 90, quando as "condições econômicas eram diferentes".
Os novos contratos, diz, já estão sendo idealizados à luz de um novo cenário, inclusive com a redução da taxa de retorno para as concessionárias.
Enquanto os petistas criticam o valor do pedágio aplicado em São Paulo, Nunes Ferreira diz que o PT derrubou "um dos últimos tijolos do muro de ignorância que o separa do mundo" ao se render às privatizações. "São modelos diferentes. O de São Paulo é um sucesso. E torço para que o do governo federal também dê certo. Quem deve ter ficado chateada é a militância do PT. Não foram eles que aprovaram uma resolução para a revisão da privatização da Vale [do Rio Doce]?"
Tanto Nunes Ferreira como Arce falam da boa qualidade das estradas de São Paulo. A Secretaria dos Transportes enumerou investimentos na malha, incluídos 645 quilômetros de duplicação de estradas e 123 quilômetros de novas rodovias.
No contra-ataque, a liderança do PT apresenta uma análise da execução orçamentária do Estado segundo a qual, de 2003 para cá, o DER (Departamento de Estradas de Rodagem) só teria gastado 22% do previsto em obras com recursos próprios.
Até a paternidade do modelo adotado pelo governo federal entrou em disputa.
"Quem fez a concessão da Dutra foi o [Alberto Goldman], ministro dos Transportes no governo Itamar", afirmou Arce.


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