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Pedágio em SP sobe 204% mais que a inflação, diz Ipea
DA SUCURSAL DO RIO
Estudo do Ipea (Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada) mostra que o pedágio
das rodovias Anhangüera e
Bandeirantes teve um aumento real de 204% no período de 1994 a 2006 em relação ao IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe.
Segundo Carlos Campos,
um dos autores do estudo,
um dos fatores que explicam
a alta de preços é o fato de os
contratos serem indexados
ao IGP-M (Índice Geral de
Preços ao Mercado), usado
no reajuste de aluguéis. "É
um indicador mais sensível
ao câmbio e, como tem em
sua composição 60% de preços no atacado, é mais sensível a choques de oferta."
Outro ponto que contribui
para encarecer ainda mais a
tarifa repassada ao consumidor nas rodovias estaduais
de São Paulo é o uso da outorga na licitação. "A melhor
forma de licitar é pelo menor
preço. O governo concede
porque não tem dinheiro para recuperar e manter estradas. Quando o Estado cobra
pelo valor de outorga da concessão, ocorre uma bitributação, o usuário acaba tendo
de dar dinheiro pelo que o
governo não fez", disse.
Campos elogiou o fato de o
último leilão de rodovias federais ter usado o IPCA como forma de cálculo do reajuste. A fórmula ideal, no entanto, na avaliação do especialista, seria rediscutir o
contrato cada vez que houvesse um fator como obras
imprevistas, por exemplo.
Para Campos, a redução de
tarifas oferecida pela OHL,
principal vencedora do leilão
de sete trechos de rodovias
federais, não impede um
bom nível de retorno. "Não
posso esperar que tenham sido irresponsáveis a ponto de
ganhar cinco blocos desses
sabendo que não terão uma
taxa de retorno razoável."
O Ipea constatou que, nas
cinco concessões realizadas
pelo governo federal, houve
um crescimento das tarifas
de 45%, em média, em relação ao IPCA. A exceção foi a
Dutra, com alta de 36%. As
demais foram: ponte Rio-Niterói, Rio - Juiz de Fora, Rio
-Teresópolis - Além Paraíba
e Osório - Porto Alegre.
Apesar do cenário de tarifas mais em conta mostrado
no leilão, Campos afirmou
que não há como rediscutir
os contratos fechados pelo
governo de São Paulo. "Só
resta ao cidadão torcer para
que o prazo do contrato termine logo e o governo faça
contratos menos onerosos."
Para o especialista, o modelo adotado pelo governo
prioriza os custos das empresas, mas não leva em conta o
aumento do fluxo de veículos, por exemplo. Segundo
Campos, o governo se baseia
apenas nas informações das
empresas e falta uma regulação mais eficiente da ANTT
(Agência Nacional de Transportes Terrestres).
"Falta adotar um compartilhamento de ganhos de
produtividade e de alterações do fluxo de veículos. A
teoria econômica diz que o
setor privado é mais eficiente para gerir negócios, o que
faz com que os preços caiam
e beneficiem o usuário. Se o
contrato é de monopólio, os
ganhos de eficiência só são
incorporados pela empresa."
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