São Paulo, domingo, 12 de outubro de 2008

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entrevista

HSBC vê consolidação entre bancos

DA REPORTAGEM LOCAL

Responsável pelas operações do HSBC em 14 países latino-americanos, o brasileiro Emilson Alonso afirma que a bancarização veio para ficar na região. Alonso não acredita que o problema dos bancos pequenos seja tamanho, mas a dificuldade de captação. Ele vê a desaceleração do crédito como resultado do crescimento menor.

 

FOLHA - A expansão do crédito está ameaçadas na região?
EMILSON ALONSO -
Não acredito que os níveis de crescimento da oferta de crédito vistos nos últimos cinco anos no Brasil se sustentarão, pelo menos em 2009. Deverá haver uma acomodação em linha com a redução do crescimento da economia e da renda. A bancarização e o acesso da baixa renda aos produtos e serviços financeiros são processos irreversíveis, que vão continuar talvez com uma velocidade reduzida.

FOLHA - Esse mercado será para poucos e grandes?
ALONSO -
O problema não está no tamanho, mas no fato de esses bancos pequenos se financiarem no mercado e não por meio de depósitos. Os bancos médios e pequenos bem estabelecidos na relação empréstimo/depósito deverão continuar ativos.

FOLHA - Aumentará o conservadorismo no setor?
ALONSO -
As instituições brasileiras são conservadoras na concessão de crédito, fruto da experiência nas crises passadas. Em um cenário de redução de crescimento, afetando a renda das famílias e das empresas, é natural que as instituições sejam mais cautelosas no crédito.

FOLHA - Aumentará a consolidação bancária na região?
ALONSO -
A reprecificação de ativos dará ensejo a processos de consolidação, como já vem ocorrendo nos EUA e na Europa. Na América Latina, algumas oportunidades poderão surgir em países em que a indústria ainda não está completamente consolidada, como na América Central e Andina, mas em menor escala em países como Brasil, México e Argentina. No caso do Brasil, em um primeiro momento, talvez haja alguma venda dos pequenos e dos médios bancos para instituições tradicionais.

FOLHA - Quais as lições aprendidas com essa crise?
ALONSO -
O Brasil e a América Latina aprenderam lições nas suas próprias crises no passado e construíram sistemas sólidos e bem capitalizados. Por terem diante de si um mercado bastante atrativo, não participaram como investidores nos instrumentos dessa crise. Uma lição que devemos aprender, como diz Warren Buffett, é que não devemos nos associar a negócios sobre os quais não temos profundo conhecimento.


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