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EUA começam a comprar papéis "tóxicos"
Governo inicia aquisição de papéis de carteiras hipotecárias de bancos para tentar injetar dinheiro novo no mercado
Administração Bush vai usar estruturas da Fannie Mae e da Freddie Mac na operação; plano prevê gasto de até US$ 40 bilhões mensais
Charles Dharapak/Associated Press
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O ministro japonês das Finanças, Shoichi Nakagawa, fala com Condoleezza Rice na Casa Branca
DO ENVIADO A WASHINGTON
Em uma corrida contra o relógio para injetar liquidez em
seu mercado financeiro, o governo dos EUA começará já
nesta semana a comprar no
mercado os títulos "tóxicos" da
carteira hipotecária de bancos.
Será o primeiro passo concreto para tentar salvar o mundo financeiro do risco de "derretimento sistêmico" apontado
ontem pelo FMI.
Para isso, os EUA usarão as
gigantescas estruturas das recém-estatizadas empresas de
crédito imobiliário Fannie Mae
e Freddie Mac. O plano prevê a
compra mensal de até US$ 40
bilhões desses títulos.
Os recursos usados nas operações sairão das duas próprias
financeiras, e não de parte do
pacote de US$ 700 bilhões
aprovado pelo Congresso dos
EUA para socorrer o mercado.
A medida é a primeira para a
implementação do plano acordado pelos membros do G7 na
sexta, em Washington. A compra de papéis "podres" dos bancos e de participações nas instituições são as duas medidas
mais importantes do plano.
A Fannie Mae e a Freddie
Mac foram colocadas sob comando estatal no último dia 7
de setembro, quando ameaçavam quebrar por conta de uma
carteira de US$ 210 bilhões de
títulos "tóxicos", a maior parte
em papéis subprime (segunda
linha) de crédito imobiliário.
No total, a carteira de empréstimos imobiliários das
duas empresas juntas somam
US$ 1,5 trilhão (mais que o PIB
anual do Brasil). Como a Fannie Mae e Freddie Mac estão
agora sob comando do governo
dos EUA, será o Tesouro, na
prática, quem vai assumir o risco de receber ou não tanto os
US$ 210 bilhões em créditos
podres que elas já tinham
quanto os novos US$ 40 bilhões mensais a mais em papéis
"tóxicos" que elas vão retirar do
mercado.
Na sexta, o secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson,
afirmou que os EUA agiriam
"imediatamente" para injetar
liquidez no mercado financeiro
norte-americano. Essas operações colocarão dinheiro novo
diretamente no mercado imobiliário, base de toda a atual crise nos mercados.
Nos próximos dias, o Tesouro também deve começar a
comprar participações diretas
nos bancos do país.
Ontem, durante a reunião do
FMI, os ministros das Finanças
dos principais países afetados
prometeram medidas urgentes
para sustentar seus sistemas financeiros.
De concreto, no entanto, até
agora só houve injeções de crédito diárias pelos principais
bancos centrais e um corte
coordenado nas taxas de juro
na semana passada.
Enquanto o presidente dos
EUA, George W. Bush, afirmou
ontem que seu país tem um
"papel-chave" na atual crise,
seu secretário do Tesouro,
Henry Paulson, disse que "há
uma necessidade, uma clara e
presente necessidade, de reforçar o capital [dos bancos]".
Como segunda-feira é feriado nos EUA (em homenagem a
Cristóvão Colombo), os principais agentes financeiros esperam que a partir de terça os
EUA já comecem a anunciar a
compra direta de ações (e participações) em bancos no país.
Bush voltou a dizer ontem
que seu governo está tomando
"todas as medidas necessárias,
o tão rápido quanto possível".
"Mas os resultados das ações
não vão aparecer da noite para
o dia", disse.
(FERNANDO CANZIAN)
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