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REVISÃO DO ACORDO
Missão preparará documento para direção do FMI decidir sobre liberação de US$ 3 bi, em dezembro
Fundo investiga a situação das empresas
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A missão do FMI (Fundo Monetário Internacional) responsável
pela primeira revisão do acordo
com o Brasil anunciado em agosto se reuniu ontem em São Paulo
com representantes do sistema financeiro. Mas, em vez priorizar o
quadro macroeconômico, o grupo centrou atenções em aspectos
da chamada microeconomia,
principalmente na situação de
crédito para as empresas brasileiras.
O chefe da equipe do FMI, Jorge
Marquez-Ruarte, e Lorenzo Perez, antigo negociador para o Brasil, mantiveram, segundo a Folha
apurou, conversas individuais
com executivos de pelo menos
cinco instituições.
No grupo estão o Credit Suisse
First Boston (CSFB), o JP Morgan,
o Bank of America e o BBV. Na
noite de ontem, estava previsto
um encontro com Edmar Bacha,
do BBA.
O documento preparado pela
missão servirá de base para a diretoria do Fundo decidir sobre a liberação para o governo brasileiro
de US$ 3 bilhões, prevista para dezembro. Essa parcela é parte do
empréstimo de US$ 30 bilhões,
cujos desembolsos deverão, de
acordo com o cronograma, ocorrer até o final de 2003.
Segundo a Folha apurou, o FMI
optou por priorizar nos contatos
aspectos específicos como a situação de tesouraria dos bancos, a
solvência das empresas e as condições de crédito para as companhias brasileiras.
Estudos próprios
O argumento é que a missão terá acesso a considerável carga de
informações do quadro macroeconômico (relação dívida/PIB,
balança comercial, contas correntes) nas reuniões com o governo,
além de dispor de estudos preparados pelos próprios técnicos do
Fundo.
As preocupações sobre as condições de solvência das empresas
e seu acesso a crédito externo têm
fundamento: entre agosto e setembro, investidores fecharam o
acesso do país ao crédito. Usaram
como justificativa as incertezas
provocadas, à época, pela proximidade das eleições presidenciais.
Nem o anúncio do megapacote
de US$ 30 bilhões, um dos maiores já concedidos pelo FMI a um
de seus países-membros, serviu
de calmante. O dólar disparou e
encostou nos R$ 4. Missões ao exterior lideradas pelo ministro da
Fazenda, Pedro Malan, e pelo presidente do BC, Armínio Fraga,
serviram para deter o fechamento
total das linhas de crédito. Por
ora, mesmo o compromisso do
presidente eleito, Luiz Inácio Lula
da Silva, de honrar os atuais compromissos não garantiu ainda o
retorno do crédito externo.
Superávit
Nos encontros oficiais com o
governo brasileiro, o grande foco
de atenção é a meta de superávit
primário. Parcela do mercado financeiro acredita que o FMI pode
exigir que o Brasil aumente sua
meta de superávit primário -ou
seja, aumente o aperto fiscal.
Pelos termos em vigência, o governo se comprometeu a obter
superávit de 3,88% do PIB (Produto Interno Bruto) no resto deste ano. Ao longo de 2003, a meta
em vigor seria de 3,75%.
Tanto o presidente Fernando
Henrique Cardoso como seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva,
afirmam não haver necessidade
de revisão na meta atual de superávit primário.
Colaboraram Guilherme Barros,
editor do Painel S.A., e Sandra Balbi,
da Reportagem Local
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