São Paulo, terça-feira, 12 de novembro de 2002

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Equipe do PT só verá missão na semana que vem

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O coordenador da equipe de transição, Antônio Palocci Filho, disse ontem que vai se encontrar com a missão do FMI somente na semana que vem.
Palocci afirmou que não haverá uma negociação conjunta da equipe de Lula e do atual governo com o FMI. "Não estamos fazendo um processo de negociação conjunta", disse o coordenador. Questionado se seria favorável a um aumento da meta de superávit primário, respondeu que "a opinião sobre essa questão só será dada no ano que vem, quando novo governo assume a responsabilidade". Ele disse que a reunião com o FMI não será uma negociação, mas sim "uma avaliação do atual acordo em andamento".
Na semana passada, a expectativa era que o encontro de representantes do FMI com Palocci acontecesse já nesta semana. Ontem, Palocci teve reunião com o ministro Pedro Malan (Fazenda) para conversar sobre as negociações com o Fundo.
O chefe da missão, Jorge Marquez-Ruarte, chegou ontem a Brasília, mas não quis dar declarações. O restante da equipe, integrada também por Lorenzo Perez, chefe-adjunto do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI chega hoje a Brasília.
Estão previstas para hoje as primeiras reuniões com técnicos do Ministério da Fazenda. Está prevista para a próxima quinta-feira uma reunião com o presidente do Banco Central, Armínio Fraga. Os técnicos do FMI devem ficar no país até 22 de novembro.
A missão tem o objetivo de verificar o cumprimento das metas fiscais acertadas com o Fundo e propor mudanças de metas futuras a partir de alterações no cenário econômico. Como houve alta dos juros e do dólar após o fechamento do acordo, a expectativa do mercado é que o FMI peça aumento do superávit primário.
A liberação das próximas parcelas do empréstimo, do qual já foi sacado US$ 3 bilhões, depende do cumprimento das metas.
Pelo acordo, o superávit primário (economia para o pagamento de juros da dívida pública) do próximo ano é de 3,75% do PIB (Produto Interno Bruto), o que equivale a R$ 53 bilhões. Neste ano, a meta foi fixada em 3,88%.
Os negociadores brasileiros, assim com a equipe de transição do governo eleito, são a favor de deixar para fevereiro de 2003, quando ocorre a próxima revisão do acordo, eventuais mudanças na meta de superávit primário.
Segundo Palocci, em princípio, a reunião da próxima semana será exclusiva com os técnicos do Fundo, mas que não "tem inconveniente" se o encontro contar também representantes do governo FHC. No entanto, esse formato "não é o previsto". "O mais adequado é que tenhamos um contato [particular] com eles [FMI]."
As declarações e a decisão de insistir em um encontro só com o FMI -somente para ouvir e nada negociar- fazem parte de uma estratégia do PT de se desvincular das ações do atual governo.


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