São Paulo, terça-feira, 12 de novembro de 2002

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AGROFOLHA

SOJA

Desatenção às instruções e crença de que quanto mais fertilizante melhor causam perdas em Mato Grosso, diz Embrapa

Adubar em excesso desperdiça R$ 280 mi

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O excesso de fertilizantes na hora de adubar o solo para o plantio de soja causa desperdícios de aproximadamente R$ 280 milhões por safra em Mato Grosso.
Para chegar à cifra, a Embrapa (Empresa Brasileira de Agropecuária) levou em consideração os valores dos insumos da última safra. Foram desperdiçados, em média, R$ 80 por hectare.
Os principais motivos para o desperdício de insumos são desatenção às instruções dos fabricantes e, principalmente, a crença equivocada de que, quanto mais adubo, mais fertilidade.
Essa constatação está presente no levantamento anual que a Embrapa realiza para avaliar a adoção de novas tecnologias e estimar custos da produção de soja.
Segundo relatório da empresa, em parceria com o Sistema Cooperativo de Pesquisa Agropecuária, a recomendação ideal de aplicação de fertilizantes obedece à fórmula 0-20-20. Ou seja, para cada 1.000 kg/ha de soja produzidos, deveriam ser aplicados 0 kg de nitrogênio, 20 kg de fósforo e 20 kg de potássio.
"É difícil convencer os produtores a mudar seus hábitos. Em alguns casos, usar dosagem mais alta de adubos pode elevar um pouco a produção, mas não o suficiente para compensar pelos gastos com a aplicação excessiva de fertilizantes", afirma Gedi Sfredo, pesquisador da Embrapa.
De acordo com estimativas de Embrapa, 60% dos sojicultores brasileiros usam adubos inadequadamente.
Na região Sul, porém, a situação é inversa. Lá, os sojicultores aplicam menos insumos do que o recomendado.
Os pesquisadores estimam que, com a adoção da dosagem correta, o nível de produtividade média da região cresceria 30%. Com isso, a região passaria dos atuais 2.000 kg/ha para 2.300 kg/ha.

Riscos para a lavoura
É consenso entre especialistas que a adubação mal dosada prejudica a colheita.
Tanto o excesso quanto a carência de fertilizantes levam a um desequilíbrio nutricional que gradualmente abaixa a produtividade das plantações de soja.
"Nessa safra, os produtores do Sul ainda não tiveram queda na safra, mas, se não houver reposição de nutrientes no solo, a produtividade da região pode encolher", afirmou Sfredo.
No caso da aplicação acima do recomendado, as chuvas e a erosão do solo podem levar resíduos químicos para o leito de rios próximo às plantações.

Prevenção
Um procedimento simples e barato pode orientar os sojicultores antes mesmo da compra dos insumos. A análise do solo, que indica a disponibilidade de nutrientes e a situação de pH dp solo, custa entre R$ 12 e R$ 15 no IAC (Instituto Agronômico de Campinas).
Segundo Heitor Cantarella, pesquisador do IAC, a análise deve ser feita anualmente.
O produtor escolhe uma parte de solo homogênea -de até 20 hectares-, seleciona de 15 a 20 pontos aleatórios, mistura num pote e envia para o laboratório.
O pesquisador recomenda que a análise seja efetuada aproximadamente quatro meses antes do plantio.


ONDE ENCONTRAR - IAC. Telefone 0/XX/19 3236-9119



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