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AGROFOLHA
SOJA
Desatenção às instruções e crença de que quanto mais fertilizante melhor causam perdas em Mato Grosso, diz Embrapa
Adubar em excesso desperdiça R$ 280 mi
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
O excesso de fertilizantes na hora de adubar o solo para o plantio
de soja causa desperdícios de
aproximadamente R$ 280 milhões por safra em Mato Grosso.
Para chegar à cifra, a Embrapa
(Empresa Brasileira de Agropecuária) levou em consideração os
valores dos insumos da última safra. Foram desperdiçados, em
média, R$ 80 por hectare.
Os principais motivos para o
desperdício de insumos são desatenção às instruções dos fabricantes e, principalmente, a crença
equivocada de que, quanto mais
adubo, mais fertilidade.
Essa constatação está presente
no levantamento anual que a Embrapa realiza para avaliar a adoção de novas tecnologias e estimar custos da produção de soja.
Segundo relatório da empresa,
em parceria com o Sistema Cooperativo de Pesquisa Agropecuária, a recomendação ideal de aplicação de fertilizantes obedece à
fórmula 0-20-20. Ou seja, para cada 1.000 kg/ha de soja produzidos,
deveriam ser aplicados 0 kg de nitrogênio, 20 kg de fósforo e 20 kg
de potássio.
"É difícil convencer os produtores a mudar seus hábitos. Em alguns casos, usar dosagem mais alta de adubos pode elevar um pouco a produção, mas não o suficiente para compensar pelos gastos com a aplicação excessiva de
fertilizantes", afirma Gedi Sfredo,
pesquisador da Embrapa.
De acordo com estimativas de
Embrapa, 60% dos sojicultores
brasileiros usam adubos inadequadamente.
Na região Sul, porém, a situação
é inversa. Lá, os sojicultores aplicam menos insumos do que o recomendado.
Os pesquisadores estimam que,
com a adoção da dosagem correta, o nível de produtividade média
da região cresceria 30%. Com isso, a região passaria dos atuais
2.000 kg/ha para 2.300 kg/ha.
Riscos para a lavoura
É consenso entre especialistas
que a adubação mal dosada prejudica a colheita.
Tanto o excesso quanto a carência de fertilizantes levam a um desequilíbrio nutricional que gradualmente abaixa a produtividade das plantações de soja.
"Nessa safra, os produtores do
Sul ainda não tiveram queda na
safra, mas, se não houver reposição de nutrientes no solo, a produtividade da região pode encolher", afirmou Sfredo.
No caso da aplicação acima do
recomendado, as chuvas e a erosão do solo podem levar resíduos
químicos para o leito de rios próximo às plantações.
Prevenção
Um procedimento simples e barato pode orientar os sojicultores
antes mesmo da compra dos insumos. A análise do solo, que indica a disponibilidade de nutrientes e a situação de pH dp solo, custa entre R$ 12 e R$ 15 no IAC (Instituto Agronômico de Campinas).
Segundo Heitor Cantarella, pesquisador do IAC, a análise deve
ser feita anualmente.
O produtor escolhe uma parte
de solo homogênea -de até 20
hectares-, seleciona de 15 a 20
pontos aleatórios, mistura num
pote e envia para o laboratório.
O pesquisador recomenda que a
análise seja efetuada aproximadamente quatro meses antes do
plantio.
ONDE ENCONTRAR - IAC. Telefone 0/XX/19 3236-9119
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