O Sebrae-SP recomenda aos empresários gerenciarem os prazos de pagamento de fornecedores e o de recebimento dos clientes para preservar o fluxo de caixa das empresas na atual conjuntura de restrição ao crédito. A entidade lança amanhã em seu site uma cartilha com dicas aos micro e pequenos empresários para enfrentar a crise econômica, elaborada por um comitê especial criado para monitorar os efeitos da turbulência nos pequenos negócios.
Antonio Carlos de Matos, um dos elaboradores da cartilha e gerente da consultoria empresarial do Sebrae-SP, sugere aos empresários negociarem prazos de pagamento mais longos com fornecedores e venderem os produtos à vista aos clientes. "Com uma política de compra e venda bem ajustada, é possível controlar o caixa da empresa sem precisar buscar capital de giro nos bancos", afirma.
Matos também recomenda aos empresários que evitem manter um volume alto de estoque. "O estoque é formado por mercadorias que devem ser pagas ao fornecedor mas não foram vendidas ao cliente. E para isso, o empresário tem que usar dinheiro do próprio bolso ou recorrer aos bancos", diz.
Todas essas sugestões visam evitar que o empresário precise de crédito bancário. Apesar da manutenção das linhas de capital de giro nos bancos estatais, o Sebrae teme que o efeito da crise possa tornar o crédito ainda mais escasso no começo de 2009 e dificultar os financiamentos a pequenos negócios.
Além de estratégias para preservar o caixa das empresas, a cartilha do Sebrae também frisa a importância da redução de custos e da manutenção das vendas para sobreviver à crise. "Vender é sempre um grande desafio. Mas neste contexto em que a confiança do consumidor está menor, é proibido perder clientes", diz Matos.
Segundo ele, práticas como mau atendimento, atrasos de entrega e venda de produtos de qualidade ruim são ainda mais inaceitáveis agora. "Não é hora de correr riscos. Os empresários devem apostar em produtos campeões de venda."
O Sebrae sugere aos empresários a substituição de produtos importados por nacionais para não perder mercado com a alta do dólar e não ter custos maiores. No entanto, a ânsia por cortar gastos deve se reverter em demissões apenas em último caso. Segundo Matos, o custo de treinamento de pessoal é caro e os encargos trabalhistas podem trazer um aumento de custo no curto prazo.

Desaceleração em 2009 é inevitável, diz seguradora

Ainda que os bancos brasileiros retomem o crédito com firmeza, a economia do país terá desaceleração no primeiro semestre de 2009, segundo Fernando Blanco, presidente brasileiro da Coface, seguradora de crédito.
O motivo é a baixa entrada de capital externo. As fontes que entraram com força em 2007 e 2006 devem secar em 2009, como os investimentos diretos de multinacionais, os fundos de private equity, os IPO's, que deixarão de ter "apetite para este risco por algum tempo", e os empréstimos internacionais, pois os bancos estão sem liquidez em seus próprios mercados, segundo Blanco.
Isso causa uma reação em cadeia: redução da atividade gera desemprego e inadimplência, que recaem em varejo e indústria. "E como bancos e financeiras se retraem em períodos de recessão, o processo se retroalimenta."

TESOURA

A crise chegou a Harvard, a universidade americana mais rica, onde Barack Obama se formou em direito. A reitora Drew Faust disse que a instituição está fazendo cortes de gastos e revisando o plano de expansão do campus. "Devemos reconhecer que Harvard não é invulnerável aos choques sísmicos financeiros no mundo. Nosso próprio cenário econômico foi alterado significativamente", escreveu Faust em comunicado no site da universidade. Até o fim de junho, o fundo de Harvard tinha US$ 36,9 bilhões, com um retorno de 8,6%. A universidade não revelou quanto já perdeu nos últimos meses.

NOVOS TEMPOS
O Brasil está recebendo nesta semana uma missão oficial do FMI para coleta de dados. A missão é chefiada por Gilbert Terrier e conta também com os economistas Martin Kaufman, Ben Clements, Alvaro Piris Chavarri e Paulo Medas. Eles já estiveram com vários economistas de bancos e amanhã estarão em Brasília para reuniões no Ministério da Fazenda e no Banco Central. Em outros tempos, numa crise como essa...

CRÉDITO NO ATO
A Caixa lança hoje o Crediário Caixa Fácil, produto que concede crédito a pessoas físicas no momento da compra de bens de consumo dentro das próprias lojas de varejo. O valor máximo do financiamento é de R$ 10 mil, com prazo de 24 meses. As primeiras redes a assinarem contrato com a Caixa são Certel (RS), Baú Crediário (SP), América Móveis (SC) e Tradição Móveis (PE). O banco negocia com redes do PA, RJ, SP e DF.

TARIMBADOS
Os vencedores do prêmio Nobel de Economia Michael Spence (2001), Roger Myerson (2007), Eric Maskin (2007) e Daniel McFadden (2000) participarão do Congresso Latino-Americano de Economia e Econometria. O evento será realizado em parceria pela FGV (Fundação Getulio Vargas) e pelo Impa (Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada), entre os dias 20 e 24, no Rio de Janeiro.

PRIVADO
Sanford Robertson, fundador da empresa de "private equity" Francisco Partners, vem ao Brasil para apresentar amanhã o painel "Promovendo e gerenciando "private equity" em tempos turbulentos - Impactos atuais e a prospecção de investimentos no Brasil". O evento, promovido pelo Energy Finance Group, contará com a participação de altos executivos de bancos e de escritórios de advocacia brasileiros.

LÂMPADA
Carlos Minc (Meio Ambiente) se reúne com ambientalistas como Lester Brown, presidente do WWI (Worldwatch Institute) e Patrick Moore, fundador do Greenpeace, para discutir como a crise impacta nos investimentos em energias renováveis. Eles participarão do Fórum Internacional de Energia Renovável e Sustentabilidade - Eco Power Conference 2008, entre os dias 19 e 21, em Florianópolis.

NA ESCOLA
A Universidade Anhembi Morumbi vai inaugurar, no dia 18, um campus na avenida Paulista, em São Paulo.

CADEIRA
Eduardo Grebler assume na sexta, em Londres, a presidência da ILA (International Law Association). Ele é o primeiro brasileiro a presidir a organização de direito internacional, criada em 1873, em Bruxelas.

DINHEIRO DEMAIS
Com a crise, o clássico desenho do Tio Patinhas ganhou uma versão atualizada, segundo o jornal britânico "Guardian", que mostra vídeo do YouTube em que os sobrinhos do Pato Donald aprendem com Tio Patinhas que a máquina de duplicar dinheiro pode causar inflação; o jornal sugere que Obama nomeie Patinhas para o Fed

NA TAÇA
Marcelo Papa, enólogo da vinícola chilena Maycas del Limarí, desembarcou no Brasil nesta semana, para apresentar as novas linhas Reserva e Quebrada Seca; a linha Maycas del Limarí é produzida no Valle del Limarí, Chile, antigo domínio do Império Inca

com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI

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