São Paulo, quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BB paga R$ 81 mi por Banco do Piauí e defende expansão

Banco federal afirma que aquisição busca "defender sua posição competitiva'

BB perdeu liderança no ranking após fusão entre o Itaú e o Unibanco na semana passada e negocia outras aquisições

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco do Brasil vai pagar R$ 81,7 milhões para ficar com o controle do Banco do Estado do Piauí. Depois de dois anos de negociações, o negócio foi aprovado anteontem pelo conselho de administração do BB.
Ontem, um comunicado foi enviado para a Bovespa e para a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) com os detalhes do negócio.
Segundo esse comunicado, a operação "possibilita um novo caminho de crescimento para o BB, como alternativa ao modelo de expansão orgânica, visando defender sua posição competitiva". Expansão orgânica é o nome dado ao crescimento que o banco consegue ter apenas com a expansão natural de suas operações, sem adotar uma estratégia de aquisições de seus concorrentes.
No mês passado, o governo editou uma medida provisória que autoriza bancos públicos a adquirir concorrentes do setor privado. A MP está em vigor, mas ainda não foi votada pelo Congresso. Antes disso, o BB já negociava a compra do BRB (Banco de Brasília) e da Nossa Caixa. Nenhum desses negócios foi fechado ainda.
A aquisição do BEP foi a primeira efetuada pelo BB após o anúncio da fusão entre Itaú e Unibanco, que tirou do banco federal o posto de maior instituição financeira do país. Ainda assim, a compra do BEP não vai afetar a briga pela liderança desse ranking, já que o banco piauiense é de pequeno porte e tem atuação restrita ao seu Estado de origem.
De acordo com o levantamento feito pelo Banco Central a partir de demonstrações financeiras fechadas em junho, o BEP era o 75º maior banco do país, com ativos totais de R$ 330 milhões, valor que equivale a 0,08% dos ativos do BB, que somavam R$ 403,5 bilhões há pouco mais de quatro meses. O grupo que surge com a união de Itaú e Unibanco possuía ativos de R$ 575 bilhões se considerada a posição do final de setembro.
O valor da compra do BEP foi fixado a partir de avaliação feita pelas empresas de auditoria Deloitte Touche Tohmatsu e da Global Auditores Independentes.
A transação vai ser concretizada por meio de uma troca de ações entre os dois bancos. Para ser formalizado, o negócio precisa também do aval dos acionistas de ambas as instituições, que devem se reunir em assembléia para debater o assunto. Como os dois bancos são controlados pelo governo federal, não deve haver obstáculos para que a operação ocorra.
Em 1999, o BEP passou para o controle da União como parte da renegociação da dívida do Piauí com o governo federal. O acordo previa que, para que parte da dívida do Estado fosse abatida, o banco deveria ser privatizado. Foi o que aconteceu com outros Estados que renegociaram suas dívidas durante o governo FHC (1995-2002), como São Paulo, que vendeu o Banespa, e o Rio de Janeiro com o Banerj.
Nos últimos anos, porém, o governo tem optado por transferir o controle de antigos bancos estaduais para o BB. Foi assim, por exemplo, com o Banco do Estado de Santa Catarina, que passou para as mãos do banco federal em setembro por R$ 685 milhões.


Texto Anterior: Vinicius Torres Freire: Carros: Lula lá, Serra aqui
Próximo Texto: Ajuda: Para grupo de bancos, participação acionária de governos deve ser temporária
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.