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Pochmann quer jornada de três dias de trabalho
DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
O presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada), Marcio Pochmann,
defendeu a adoção de jornada
semanal de trabalho de três
dias com expediente de quatro
horas. Disse ainda que o Brasil
deveria preparar seus cidadãos
para começar a trabalhar depois dos 25 anos de idade.
Para Pochmann, o aumento
da expectativa de vida no Brasil
-que hoje é de 72,3 anos- justifica a entrada tardia no mercado de trabalho. "Não há razão
técnica para alguém começar a
trabalhar no país antes dos 25
anos de idade. Especialmente
porque estamos para entrar na
fase em que a expectativa de vida ultrapassará os cem anos."
Seu argumento para reduzir
a jornada é o acúmulo de capital pelo sistema financeiro internacional, que ele chamou de
"produtividade imaterial". "Essa produtividade justifica a razão pela qual não há, do ponto
de vista técnico, [motivo para]
alguém trabalhar mais do que
quatro horas por dia durante
três dias por semana."
A Constituição permite a livre negociação da jornada de
trabalho, com limite máximo
semanal de 44 horas. Na semana passada, centrais sindicais
se reuniram com o presidente
Lula para reivindicar redução
da jornada para 40 horas semanais, sem redução do salário.
"Pode ser estranho ouvir isso
neste momento, ou talvez devessem ter sido mal compreendidos aqueles que, em 1850,
justificavam o trabalho de oito
horas por dia, começando a
partir dos 15 anos, embora [naquela época] a indústria no
mundo todo empregasse crianças de cinco, seis anos fazendo
jornada de 16 horas diárias."
Pochmann, criticado recentemente por ter afastado quatro pesquisadores críticos em
relação a políticas da gestão Lula, sugeriu a criação de um fundo "que permita aos pobres optar entre o trabalho e a escola".
Para ele, a mudança no processo de formação colocaria o país
em posição de vanguarda na
preparação de pessoas capazes
de pensar um projeto de desenvolvimento de longo prazo.
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