São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

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Reunião gera otimismo e irritação em empresários

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Além do corte de impostos, o esforço do governo para evitar uma desaceleração da economia em 2009 incluiu uma sessão de convencimento do empresariado. O presidente Lula se reuniu com 31 empresários ontem para dar o recado de que fará "todo o possível" para evitar recessão no ano que vem.
Enquanto os empresários em geral gostaram do que ouviram, os banqueiros, segundo relato de um participante, tiveram alguma irritação com a cobrança de Lula por redução nos juros.
No encontro, Lula e os ministros Guido Mantega (Fazenda), Miguel Jorge (Desenvolvimento), Paulo Bernardo (Planejamento) e Henrique Meirelles (Banco Central) apresentaram uma análise conjuntural, com foco no crédito ao consumidor e para a produção, e no combate ao desemprego.
Lula reconheceu a situação difícil dos empresários, pediu confiança e informou que uma série de medidas serão anunciadas até o fim do mês, além do pacote divulgado ontem. Os empresários demonstraram preocupação com a retração do consumo pelas classes B e C, as que mais cresceram nos últimos anos, o que poderá gerar forte desaquecimento.
"O governo fará a parte dele, e nós, a nossa. O presidente disse que vai trabalhar duro até o Natal para até o Ano Novo anunciar todas as medidas necessárias", disse o presidente da CSN, Benjamin Steinbruch.
Jorge Gerdau Johannpeter, do Grupo Gerdau, afirmou que o governo irá criar uma comissão para elaborar medidas anticrise. "As fontes internacionais de financiamento estão fechadas, então é preciso achar compensações para isso."
Segundo relato dos participantes, no encontro o presidente não fez nenhum pedido explícito para que não haja demissões. "Existe uma obsessão pela não-demissão. Mas vamos esperar as medidas. O primeiro trimestre vai ser muito duro. Se conseguirmos minimizar os efeitos nesse período, ficará mais fácil", disse Steinbruch.
Na opinião do presidente da Anfavea (associação dos fabricantes de veículos), Jackson Schneider, o discurso de Lula inspirou "otimismo" nos empresários, mas "o emprego só pode ser garantido pela atividade econômica".
O presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), disse que as ações anunciadas não esgotam o conjunto de medidas necessárias para livrar o Brasil da crise. "É preciso promover a desoneração dos investimentos e agilizar a compensação dos créditos tributários."
O presidente da Gol, Constantino Júnior, saiu do encontro com o discurso de que, apenas ao ouvir os empresários, o governo deu um passo importante de confiança. "Ouvir a sociedade, os empresários, já é um ponto positivo. De concreto, o governo mostrou boa vontade, disposição. Demonstra que o governo não está alheio ao problema", afirmou.
Para o presidente da Gol, a redução do IPI, do IOF e a criação de novas alíquotas do IR não serão suficientes, mas são importantes. "É preciso irrigar a economia com crédito. Existe uma preocupação grande com relação ao consumo, principalmente pelas classes B e C."

Comércio e construção
Embora não tenha participado do encontro, o presidente do SindusCon-SP (construção civil), Sergio Watanabe, viu como "positiva" a ação do governo. Para ele, porém, as medidas "não resolvem o problema" do país. "Pelo menos, sobrará mais dinheiro no bolso."
Para o presidente da Fecomercio SP, Abram Szajman, a redução do IR podia ser maior. "Acho que teve uma certa pão-durice. O fato é que a classe média continua sufocada com impostos", afirmou.

Colaborou a Redação



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