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Reunião gera otimismo e irritação em empresários
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Além do corte de impostos, o
esforço do governo para evitar
uma desaceleração da economia em 2009 incluiu uma sessão de convencimento do empresariado. O presidente Lula
se reuniu com 31 empresários
ontem para dar o recado de que
fará "todo o possível" para evitar recessão no ano que vem.
Enquanto os empresários em
geral gostaram do que ouviram,
os banqueiros, segundo relato
de um participante, tiveram alguma irritação com a cobrança
de Lula por redução nos juros.
No encontro, Lula e os ministros Guido Mantega (Fazenda),
Miguel Jorge (Desenvolvimento), Paulo Bernardo (Planejamento) e Henrique Meirelles
(Banco Central) apresentaram
uma análise conjuntural, com
foco no crédito ao consumidor
e para a produção, e no combate ao desemprego.
Lula reconheceu a situação
difícil dos empresários, pediu
confiança e informou que uma
série de medidas serão anunciadas até o fim do mês, além do
pacote divulgado ontem. Os
empresários demonstraram
preocupação com a retração do
consumo pelas classes B e C, as
que mais cresceram nos últimos anos, o que poderá gerar
forte desaquecimento.
"O governo fará a parte dele,
e nós, a nossa. O presidente disse que vai trabalhar duro até o
Natal para até o Ano Novo
anunciar todas as medidas necessárias", disse o presidente
da CSN, Benjamin Steinbruch.
Jorge Gerdau Johannpeter,
do Grupo Gerdau, afirmou que
o governo irá criar uma comissão para elaborar medidas anticrise. "As fontes internacionais
de financiamento estão fechadas, então é preciso achar compensações para isso."
Segundo relato dos participantes, no encontro o presidente não fez nenhum pedido
explícito para que não haja demissões. "Existe uma obsessão
pela não-demissão. Mas vamos
esperar as medidas. O primeiro
trimestre vai ser muito duro. Se
conseguirmos minimizar os
efeitos nesse período, ficará
mais fácil", disse Steinbruch.
Na opinião do presidente da
Anfavea (associação dos fabricantes de veículos), Jackson
Schneider, o discurso de Lula
inspirou "otimismo" nos empresários, mas "o emprego só
pode ser garantido pela atividade econômica".
O presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), disse que
as ações anunciadas não esgotam o conjunto de medidas necessárias para livrar o Brasil da
crise. "É preciso promover a
desoneração dos investimentos e agilizar a compensação
dos créditos tributários."
O presidente da Gol, Constantino Júnior, saiu do encontro com o discurso de que, apenas ao ouvir os empresários, o
governo deu um passo importante de confiança. "Ouvir a sociedade, os empresários, já é
um ponto positivo. De concreto, o governo mostrou boa vontade, disposição. Demonstra
que o governo não está alheio
ao problema", afirmou.
Para o presidente da Gol, a
redução do IPI, do IOF e a criação de novas alíquotas do IR
não serão suficientes, mas são
importantes. "É preciso irrigar
a economia com crédito. Existe
uma preocupação grande com
relação ao consumo, principalmente pelas classes B e C."
Comércio e construção
Embora não tenha participado do encontro, o presidente do
SindusCon-SP (construção civil), Sergio Watanabe, viu como
"positiva" a ação do governo.
Para ele, porém, as medidas
"não resolvem o problema" do
país. "Pelo menos, sobrará mais
dinheiro no bolso."
Para o presidente da Fecomercio SP, Abram Szajman, a
redução do IR podia ser maior.
"Acho que teve uma certa pão-durice. O fato é que a classe média continua sufocada com impostos", afirmou.
Colaborou a Redação
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