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Cai tributo sobre carros e crédito a pessoa física
Governo diz esperar que alívio fiscal a bancos e montadoras chegue aos clientes
IPI de carros de até 1.000 cilindradas é zerado; nos de até 2.000 cilindradas, imposto recua de 11% para 5,5%,
nos carros flex e a álcool
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo decidiu reduzir os
impostos cobrados nos financiamentos pessoais e nas vendas de carros na esperança de
que bancos e montadoras baixem os juros e o preço final dos
automóveis, estimulando o
consumo interno -um dos
itens que vêm puxando o crescimento econômico.
Não há nenhuma garantia
real de que o alívio fiscal chegará ao bolso do consumidor. De
acordo com o ministro Guido
Mantega (Fazenda), a redução
do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 3% para
1,5% em operações como cheque especial, empréstimos para
compra de eletrodomésticos e
aquisição de veículos pode baixar em até quatro pontos percentuais a taxa cobrada pelos
bancos de seus clientes.
"No caso dos bancos públicos, posso garantir que [o repasse da queda no imposto para
os juros] será imediato. Continuaremos a tomar medidas no
sentido de baratear o "spread" e
o custo financeiro", disse o ministro. A redução do IOF foi antecipada pela Folha em 22 de
novembro.
Se a queda prevista pelo ministro ocorrer, o custo médio
dos financiamentos a pessoas
físicas pode cair de 39,7% ao
ano, segundo dados do BC em
outubro, para 35,7% ao ano.
O preço dos carros novos
também deve ser afetado pela
queda nas alíquotas do IPI
(Imposto sobre Produtos Industrializados). O ministro do
Desenvolvimento, Indústria e
Comércio, Miguel Jorge, explicou que, numa reunião com as
montadoras, o governo obteve
um "compromisso firme" de
que as empresas vão repassar o
alívio tributário concedido.
"Em outros momentos
[quando o IPI foi reduzido],
houve transferência do ganho
para o consumidor. Isso é fácil
de verificar, e, se não ocorrer, o
governo chamará as montadoras para renegociar a medida",
afirmou Miguel Jorge.
Os veículos populares, de mil
cilindradas, foram os mais beneficiados. O IPI, que era de
7%, foi zerado. No caso das picapes de até mil cilindradas, o
IPI caiu de 8% para 1%. Para
veículos entre mil e 2.000 cilindradas, o imposto caiu pela
metade: de 13% para 6,5% no
caso de carros a gasolina e de
11% para 5,5%, nos carros flex e
a álcool. Para as picapes dessa
faixa, recuou de 8% para 4%.
A medida vale a partir de hoje e termina em 31 de março de
2009. A tributação sobre veículos varia de 27,1% a 33,4% do
preço final dos carros, de acordo com o tipo de motor do automóvel. A conta considera IPI,
PIS/Cofins e ICMS.
Empregos
Os benefícios à indústria automobilística não foram atrelados a nenhum compromisso
das empresas em manter empregos no setor. "Não é contrapartida, não é um compromisso. [As montadoras] farão todo
o esforço [para não demitir]",
disse o ministro Miguel Jorge.
O governo não fez nenhuma
alteração no adicional do IOF
que foi criado no início do ano.
Em janeiro, além de elevar a
alíquota para 3%, a Receita passou a tributar os empréstimos
em 0,38% sobre o valor da operação. "[O adicional] fica porque está substituindo a
CPMF", explicou Mantega.
Também foi mantida a cobrança do imposto sobre operações de câmbio, exportação e
crédito rural, entre outras, que
havia sido instituída no início
do ano. No caso das empresas, a
alíquota de 1,5% não foi alterada.
(LEANDRA PERES, VALDO CRUZ, SHEILA D'AMORIM E JULIANA ROCHA)
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